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Mais fermento, menos desodorante: como as compras mudaram na quarentena

Dados mostram os itens cujas vendas mais cresceram no supermercado e indica que brasileiro está cozinhando mais, mas pode estar tomando menos banho; veja:

Comportamento mudou: consumidor passou a comprar mais itens para cozinhar e menos produtos de higiene (Minerva Studio/Thinkstock)

Comportamento mudou: consumidor passou a comprar mais itens para cozinhar e menos produtos de higiene (Minerva Studio/Thinkstock)

Mariana Desidério

Mariana Desidério

Publicado em 5 de agosto de 2020 às 10h13.

O brasileiro está cozinhando mais e provavelmente tomando menos banho. Após meses em isolamento social, é possível perceber mudanças no comportamento do consumidor que indicam mais tempo na cozinha. Se no início da pandemia a maior preocupação foi em estocar papel higiênico, agora o brasileiro está comprando mais ingredientes para fazer bolos e massas.

Um estudo da empresa de programas de fidelidade Dotz com 2,3 milhões de consumidores indica quais foram os produtos mais comprados nos supermercados nos meses de abril e maio de 2020. O primeiro item da lista ainda está ligado à higiene: é o álcool. Mas depois dele vem uma lista de ingredientes para quem decidiu colocar a mão na massa, como creme de leite, fermento, massa fresca e azeite. (Veja abaixo a lista dos dez produtos que tiveram maior aumento nas vendas).

Os 10 produtos que tiveram o maior aumento nas vendas:

Álcool: 122%

Creme de leite: 27%

Fermento: 20%

Massa fresca: 17%

Azeite: 13%

Grãos/cereais: 13%

Condimento natural: 10%

Farináceo: 8%

Vinho: 7%

Leite condensado: 5%

“Esses são produtos de quem está colocando mão na massa, seja para o dia-a-dia, seja para uma indulgência. Os dados mostram que estamos nos tornando seres humanos mais autônomos e menos dependentes de congelados ou empregados”, afirma Fábio Santoro, vice-presidente da Dotz.

O executivo destaca ainda o crescimento na venda de vinhos, categoria que cresceu 7% entre o público em geral e 38% entre jovens até 30 anos. “Não faz sentido para o jovem tomar um energético para ficar em casa. Então eles estão começando a descobrir o vinho”, diz.

Os dados também mostram os itens que tiveram queda nas vendas. Itens de bomboniere, como chicletes, balas e chocolates tiveram queda de 35%. Segundo a Dotz, a redução provavelmente tem relação com a redução do número de clientes em lojas e com compras mais rápidas neste momento de pandemia.

Produtos mais caros também apresentaram queda elevada, como iogurte, com queda de 35%, amaciante, com redução de 34%, e sucos prontos, com queda de 31%.

Outras categorias que tiveram queda nas vendas estão ligadas a higiene pessoal. No mês de março, a Dotz verificou aumento de 21% nas vendas de papel higiênico. Porém, em abril e maio a queda nas vendas do item foi de 29%. Houve queda também em produtos como shampoo (12%), condicionador (15%), escova de dente (19%) e desodorante (28%).

“Em produtos como o papel higiênico, as pessoas acumularam e depois a venda caiu. Em outros produtos, é possível que haja uma mudança de comportamento. Aquelas pessoas que tomavam dois banhos no dia podem estar tomando só um, por exemplo”, diz Santoro.

Além da mudança nos tipos de produtos, o levantamento mostra mudanças no momento da compra. As pessoas estão saindo menos para comprar, e quando o fazem, as compras são maiores. Isso vale especialmente para os idosos que ainda saem para fazer suas próprias compras.

Para marcas e varejistas, uma estratégia para conquistar o consumidor nesse momento é ter cuidado extra com o posicionamento de marca, diz o executivo. “O consumidor está ainda mais atento a isso. Ele olha para a indústria e para o varejo e pensa: ‘Qual dessas marcas está apoiando mais a sociedade?’”, afirma.

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