Alper acelera expansão após saída da B3 — e não descarta voltar à bolsa
Corretora de seguros vem apostando em expansão física e novo ciclo de M&A


Clara Assunção
Repórter
Publicado em 3 de dezembro de 2025 às 15:09.
Última atualização em 3 de dezembro de 2025 às 16:20.
Desde que deixou de ser uma empresa listada na B3, em setembro de 2024, a Alper Seguros, uma das maiores corretoras independentes do país, entrou em uma nova fase.
A deslistagem foi condição para a entrada da Warburg Pincus, o fundo global de private equity que aportou R$ 850 milhões na companhia. O movimento desencadeou uma reorganização interna que, segundo empresa, tornou mais ágeis os processos, ampliou a capacidade de captar recursos e impulsionou o plano de expansão estruturado desde 2018.
Agora, com ritmo acelerado de aquisições e um projeto de presença nacional em todos os estados, a corretora já discute a possibilidade de voltar à bolsa em alguns anos, porém mais robusta.
André de Barros Martins, sócio e vice-presidente de Benefícios, conta à EXAME que a decisão de fechar o capital não teve relação com problemas financeiros ou operacionais, ao contrário.
"A gente ficou muito pequeno para uma companhia de capital aberto. A liquidez era baixa, os custos eram altos e estávamos num momento de arrumar a casa”, diz o executivo.
O movimento se consolidou após a Warburg fazer uma oferta hostil em 2023 e adquirir o controle que antes pertencia ao Pátria Investimentos. "Foi uma aposta acertada", afirma ele.
Hoje, a estrutura acionária é formada pela Warburg Pincus, que detém 80% da corretora, enquanto Axxon Group, o CEO, Marcos Couto, e o próprio Martins dividem os outros 20%.
Essa composição, de acordo com Martins, reforça o caráter de longo prazo do projeto. "Entre as grandes do mercado, não tem nenhuma onde os dois principais executivos sejam acionistas relevantes. Isso muda tudo", diz Couto.
Expansão por aquisições e presença nacional
Com o novo ciclo de investimentos, a Alper vem reforçando o plano de se consolidar como a maior corretora brasileira de seguros. A estratégia combina crescimento orgânico de dois dígitos — os números da empresa não são mais públicos — com um forte movimento inorgânico.
O número de aquisições cresce gradualmente ano após ano. Foram cinco no ano passado e outras sete agora em 2025. Para 2026, o objetivo é chegar a dez.
O alvo dos M&As são corretoras especializadas, com faturamento anual acima de R$ 5 milhões. "Não somos fãs de corretoras generalistas. Procuramos as especialistas porque elas trazem pessoas muito boas para dentro da companhia, que têm ambição de permanecer na operação e fortalecer o negócio", afirma o CEO.
Couto destaca que as aquisições do ano incluem desde uma corretora de cargas em Santos, no litoral sul de São Paulo, até uma operação de agro em Lucas do Rio Verde, no Mato Grosso. A sétima aquisição, que será anunciada até o final do ano, será na área de riscos corporativos.
Além do M&A, a Alper prepara uma expansão física agressiva. Quer passar de 28 para pelo menos 50 filiais e estar presente nas principais capitais brasileiras.
As prioridades em 2026 e 2027 são o Centro-Oeste e o interior de São Paulo. "O interior paulista é muito rico, industrial e diversificado. Já o Centro-Oeste é um polo de oportunidades, especialmente ligado ao agro”, diz Couto.
A corretora de seguros, embora seja uma das maiores do país, ainda enxerga lacunas relevantes em sua cobertura atual. Um exemplo é o Pará, onde a Alper ainda não possui estrutura própria apesar do potencial ligado à mineração, logística e grandes projetos de infraestrutura. Mesmo em Santa Catarina, também considerado relevante para a empresa, a Alper tem apenas uma aquisição.
Para Couto, a presença física é estratégica para sustentar o plano de crescimento. "Nosso produto é consultivo. Estar perto das empresas, em cada praça, faz diferença. Nenhum concorrente tem o número de escritórios que temos ou que teremos", afirma.
Outro pilar da estratégia é a tecnologia. A empresa criou a Alpertec, seu braço de inovação, responsável por cinco plataformas proprietárias, de healthtech ao agro. O avanço rendeu reconhecimento externo. A corretora acaba de aparecer em primeiro lugar no ranking 100 Open Startups 2025, à frente de grandes seguradoras.
"Somos uma corretora de grande porte que consolida pequenas e médias. Por isso, tecnologia proprietária é core", diz Couto.
Na área de Benefícios, a maior da empresa e responsável por mais de 40% da receita, a tecnologia também vem sendo aplicada para reduzir desperdícios e ampliar eficiência em saúde. O VP da área aponta que os investimentos em inteligência artificial (IA) e automação permitiram reduzir sinistralidades que superavam 100% para patamares próximos de 77% em alguns clientes.
Futuro retorno à B3?
A Alper cresceu sete vezes desde 2017 e administra R$ 6 bilhões em prêmios. O objetivo é que o volume de aquisições neste ano pavimente 2026 e os anos seguintes. "As aquisições preparam a companhia para começar cada ano muito forte", diz Couto.
A reabertura de capital no futuro também é vista como possibilidade, mas não como meta imediata. O tamanho da empresa, porém, deve tornar essa alternativa cada vez mais natural, garantem os executivos.
"Se houver oportunidade de reabrir o capital, seria muito bem acolhido. A companhia vai estar algumas vezes maior e isso é muito bom para a bolsa", afirma o CEO.
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Clara Assunção
RepórterÉ repórter em São Paulo e cobre mercado de capitais e finanças. Formada em Jornalismo pela PUC-SP, é pós-graduada em Política e Sociedade pelo IESP-UERJ. Teve passagem pela TV Globo, Rede Brasil Atual e UOL Economia.
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