Nubank comprova tese, lucra US$ 1 bi em 2023 e vê ROE de mais de 40% no Brasil
No quarto trimestre, última linha do balanço chegou a US$ 361 milhões, um recorde; retorno sobre o patrimônio foi de 23% no consolidado
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 22 de fevereiro de 2024 às 19:27.
Última atualização em 22 de fevereiro de 2024 às 20:23.
O Nubank teve mais um resultado forte no último trimestre de 2023, reforçando o bom momento do ‘roxinho’. O lucro líquido do período, de US$ 360,9 milhões, foi recorde, bem como o retorno sobre o patrimônio (ROE), que chegou a 23%. Só na operação brasileira, seu maior mercado, o ROE superou o patamar de 40%.
Apesar disso, não conseguiu, depois de trimestres consecutivos, bater as estimativas de todos os analistas sell side. E mesmo depois de uma tentativa de tentar calibrar a expectativa para que a barra não ficasse tão alta.
Se considerados ajustes, o lucro líquido atingiu US$395,8 milhões com um ROE anualizado de 26%. No ano, a última linha do balanço registrou um ganho de US$1 bilhão, em comparação com o prejuízo de US$9,1 milhões em 2022.
As receitas do Nubank aumentaram para US$2,4 bilhões, outro novo recorde. Foi um avanço de 57% sobre o mesmo período anterior, puxado pelo êxito da fintech de aumentar a receita média mensal por cliente ativo (ARPAC, na sigla em inglês) de US$ 10 no terceiro trimestre para US$ 10,6 ao fim do quarto trimestre. Para os clientes maduros chegou a US$ 27, reforçando a tese de aumento da cesta de produtos e serviços oferecidos. Hoje, o banco que nasceu apenas com a conta digital e cartões de crédito, tem produtos de investimento, conta para pessoa jurídica, seguros e mais recentemente lançou empréstimos consignados.
Indicador importante para mostrar quanto precisou gastar para registrar essa receita, o índice de eficiência sofreu uma leve deterioração em relação ao terceiro trimestre, indo de 35% para 36%, mas bem abaixo dos 55% do ano anterior. Nesse critério, quanto menor esse percentual, melhor.
Isso porque o ganho de receita veio mesmo com crescimento na base de clientes, que passou de 54 milhões em 2022 para 93,9 milhões em 2023. No Brasil, a base de clientes atingiu 87,8milhões, representando 53% da população adulta do país. Uma realidade que a companhia espera reproduzir agora em mais mercados da América Latina. Suas frentes de expansão estão na Colômbia e no México -- uma das quatro prioridades do grupo para 2024.
O mercado mexicano tem brilhado os olhos do setor financeiro, com investimentos recentes do Mercado Pago, fintech do Mercado Livre, e de outras instituições tradicionais, como o Bradesco, que está chegando ao país com seu banco digital. Por lá, o número de clientes terminou 2023 em 5,5 milhões, mas já superou os 6 milhões no primeiro mês deste ano, conta o CFO do Nubank, Guilherme Lago.
“Estamos superanimados com o México”, conta Lago, destacando que “a penetração bancária no país é bastante pequena”, ficando abaixo de 50%. Apenas 12% dos mexicanos adultos têm cartão de crédito, embora essa seja a segunda maior economia da América Latina e venha passando por um momento pulsante de crescimento. No Brasil, grande parte da população passou a se bancarizar e ter acesso a cartão de crédito a partir do surgimento e avanço das fintechs.
Lago lista as quatro prioridades do grupo neste ano. Além de “ganhar o jogo no México”, o Nubank quer acelerar o empréstimo pessoal com garantia no Brasil, aumentar participação de mercado de maior renda e dar tração à, em suas palavras, “money platform” -- que junta atividades financeiras e não financeiras, como consumo de serviços e produtos de terceiros por exemplo.
O Nubank consegiu manter a inadimplência em níveis controlados, com melhorias vindas também da adesão ao programa Desenrola Brasil, lançado pelo governo federal. No Brasil, o índice de inadimplência entre 15 e 90 dias diminuiu ligeiramente para 4,1%, em linha com as expectativas. O índice de inadimplência acima de 90 permaneceu estável em 6,1%.
Depois de comprovar seu modelo e passar a jogar no azul, o último ano foi de forte escalada para a ação do Nubank, negociada na Nyse. Em 12 meses, a ação saltou 111%, para US$ 10,36.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado