‘Never Bet Against WEG’: BTG faz mea culpa e eleva recomendação para compra
Banco vê mudança estrutural com exposição cada vez maior à tendência de reforço no grid elétrico para suportar avanço de renováveis
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 1 de novembro de 2024 às 12:08.
Última atualização em 1 de novembro de 2024 às 13:42.
No pós-coronavírus, Warren Buffett cunhou a frase “Never Bet Against America”, ressaltando a consistência e o poder de recuperação da economia americana.
“Never Bet Against WEG”, parafraseou um grande gestor de ações brasileiro, em uma das várias vezes que questionei se os múltiplos da gigante de Jaraguá do Sul não estavam muito esticados.
Um relatório publicado hoje pelo BTG (do mesmo grupo de controle da Exame) comprova a teoria.
Após ter rebaixado o papel para neutro em março deste ano, o analista Lucas Marquiori fez um longo mea culpa e voltou a recomendar compra, elevando o preço-alvo de R$ 60 para R$ 68 para o fim do próximo ano, um potencial de alta de quase 25% em relação à cotação atual.
“Estávamos errados”, escreveu, num tom de franqueza raro no sell side. Apenas em 12 meses, os papéis da WEG avançam 66%, rompendo máxima atrás de máxima.
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A recente queda das ações com os resultados do terceiro trimestre, abriu uma oportunidade relevante de compra. Na quarta-feira, os papéis tombaram 5% por conta principalmente de uma queda na margem EBITDA – puxada por maiores despesas com integração com a Regal e maiores custos logísticos.
“A WEG é vítima do seu próprio sucesso e as expectativas são sempre muito altas”, ressaltou o analista, para quem esse é um foi um efeito extraordinário, que não deve se repetir nos próximos trimestres.
Mas, muito mais que uma recomendação tática após o sell-off, o que o BTG está vendo na WEG é uma mudança mais estrutural, que deve justificar múltiplos ainda mais elevados.
O triunfo da energia verde: protagonista global, WEG começa sua fase mais ambiciosaHoje, a WEG negocia a cerca de 30 vezes preço/lucro – o que não é uma barganha, especialmente com diversas empresas descontadas na bolsa.
Mais do que uma empresa de motores de baixa voltagem, a crescente participação da companhia no mercado de transformadores, cruciais para a mudança do grid para energias renováveis, está a colocando em uma nova liga.
“Ao mesmo tempo em que reconhecemos que esse não é o ponto de entrada ideal, acreditamos que a WEG está aumentando o envolvimento no mercado de energia nos Estados Unidos dando suporte a um valuation acima da média histórica por um período mais longo”, escreveu Marquiori.
Enquanto no mercado de motores de baixa voltagem, a WEG concorre com empresas como ABB, Siemens e Schneider Eletric, em transformadores compete com Mitsubishi Electric, Hitachi e Eaton, que vem sofrendo uma forte elevação de múltiplos na Bolsa neste ano.
O BTG destaca ainda que a WEG é uma das empresas mais beneficiadas à desvalorização do real frente ao dólar, por sua exposição em moeda forte, e que temores que causaram o downgrade no começo do ano não se materializaram.
Entre eles, estava a expectativa de que concorrentes como ABB e Siemens pudessem ser mais agressivas para reconquistar o mercado que a WEG ganhou durante à pandemia – o que não aconteceu, pelo contrário. A Siemens acabou saindo do mercado, reforçando o poder de mercado da multinacional brasileira.
Outro risco era que a integração da Regal, que tem margens menores que a da WEG agregada, acabasse puxando a rentabilidade para baixo. De novo, o risco não se materializou: a WEG teve margem EBITDA recorde no primeiro trimestre da integração, puxada pela melhora em outros segmentos, especialmente de transmissão e distribuição de energia.
“O valuation premium da WEG é justificado pelo seu valor de escassez, puxado por sua natureza pura de ‘compounder’, com crescimento junto com retornos muito altos, exposição positiva ao câmbio e temáticas sólidas (investimento na rede elétrica, eletrificação e renováveis).”
Na manhã de hoje, os papéis avançam pouco mais de 2%, a R$ 55,34.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.