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Na GetNinjas, fundador segura lugar no conselho

Eduardo L'Hotellier vai dividir colegiado com membros da REAG e da ARC, com os quais travou disputa nos últimos meses

L'Hotellier: Ampla participação de investidores de varejo na assembleia (Edmar Sodré/Get Ninjas/Divulgação)
L'Hotellier: Ampla participação de investidores de varejo na assembleia (Edmar Sodré/Get Ninjas/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 21 de novembro de 2023 às 18:11.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:19.

Numa assembleia de acionistas disputada, o fundador e atual CEO da GetNinjas Eduardo L’Hotellier conseguiu segurar seu lugar no conselho de administração da companhia – que vai dividir com membros indicados pela REAG e pela Arc Capital, dois investidores com os quais vem travando uma disputa pública há meses pela companhia.

Com uma participação elevada de pessoas físicas, L’Hotellier, que tem 24,5% da companhia, conseguiu assegurar dois lugares no board: o seu e o do conselheiro independente Claudio Hermolim, que já estava no board.

A REAG, hoje a maior acionista da GetNinjas, com 30% do capital, tinha pedido a destituição de todo o board e indicado cinco membros para o conselho. Conseguiu eleger dois membros: o seu CEO João Mansur, que será o presidente do board, além de Luis Camisasca, diretor de inovação da firma de consultoria Alvarez & Marsal, especializada em reestruturações corporativas.

A Arc Capital, gestora do ex-Credit Suisse Sérgio Machado, e que tem 23% das ações, elegeu o gestor Demian Pons.

Além dos três acionistas, a GetNinjas tem 20% das ações que estão pulverizadas principalmente nas mãos de acionistas pessoas físicas. Com uma ampla campanha para atrair o voto do varejo na assembleia – que aconteceu de forma virtual, via plataforma da startup Atlas --, o fundador conseguiu atrair acionistas representantes de 9% do capital, quase todos votando pela manutenção do seu assento e o de Hermolim.

“Isso quebra aquele mito de que pessoa física não participa de assembleia e não quer votar”, disse L’Hotellier ao Exame IN.

O novo conselho deve marcar visões radicalmente distintas a respeito do futuro da startup de prestação de serviços domésticos. A REAG montou posição na GetNinjas ao longo dos últimos três meses e conseguiu barrar em assembleia a proposta de L’Hotellier de devolver aos acionistas R$ 233 milhões que estavam parados no caixa da companhia.

A proposta chamou atenção porque o valor é equivalente a 70% dos recursos captados pela companhia num IPO realizado em 2021, a R$ 20 por ação. A distribuição aconteceria a menos de um quarto do valor, a R$ 4,40, depois que a ação implodiu na Bolsa.

Para fazer frente à gestora, o fundador também foi às compras e aumentou sua participação, saindo de 18% para 24,5% do capital

A REAG argumenta que é possível fazer melhorias operacionais na companhia e utilizar os recursos em caixa para construir um ‘ecossistema’ em torno da GetNinjas – adquirindo, por exemplo, empresas de gestão de condomínios e de pagamentos. L’Hotellier chegou a questionar sobre conflito de interesses da gestora, que tem investimentos em startups desses segmentos.

Ainda que não tenha maioria no conselho, L’Hotellier acredita que sua participação no board possa assegurar que as “decisões sejam mais bem examinadas”. As deliberações normalmente acontecem por maioria simples nos colegiados.

A REAG deve seguir aumentando sua participação na GetNinjas. A gestora rompeu a claúsula de poison pill prevista no estatuto da companhia, pela qual quem atinge 25% do capital precisa fazer uma oferta para todos os acionistas da companhia. O edital da OPA – que vai acontecer a R$ 4,52 por ação, equivalente à média ponderada dos 30 pregões anteriores ao atingimento da fatia de um quarto da empresa – deve ser lançado nas próximas semanas.

A ação da GetNinjas vem negociando próximo desse valor na última semana, a R$ 4,51.

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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