Na explosão das bets, um potencial risco para o Nubank
Em relatório, Santander alerta para qualidade de crédito da carteira da modalidade de PIX parcelado, que vem crescendo consistentemente nos últimos trimestres
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 27 de setembro de 2024 às 11:39.
Última atualização em 27 de setembro de 2024 às 12:16.
A explosão das apostas online no Brasil acende uma luz amarela para o perfil de crédito do Nubank, disse o Santander em nota divulgada ontem à noite aos clientes.
A principal preocupação é com o PIX financiado, que respondeu por 30% das originações de cartão de crédito no segundo trimestre. (Nessa modalidade, a transferência é cobrada no cartão de crédito e pode ser feita à vista, ou parcelada em até 12 vezes com a incidência de juros.)
“O risco é que uma parte material do volume de financiamento de PIX do Nubank possa estar relacionado a apostas online, o que resultaria num risco de crédito extremamente alto”, escreveu o analista Henrique Navarro.
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Neste ano até 2024, o gasto com apostas online está estimado em 20% da renda do gasto discricionário das casas de baixa renda e 36% do orçamento de lazer das classes mais baixas, de acordo com uma análise do IBGE.
Ainda mais preocupante: as despesas com bets representaram 20% do programa Bolsa Família no mês de agosto, de acordo com o Banco Central (BC).
O tema das bets e seu potencial impacto na inadimplência, que já vem sendo levantado pela Federação Brasileira de Bancos (Febraban), entrou no radar também da autoridade monetária, que vem sendo mais vocal sobre o assunto.
De acordo com uma pesquisa da CNDL, o método de pagamento mais usado por pessoas físicas para mandar dinheiro para as plataformas online de aposta é o PIX, com 72% de participação, seguido por cartões de crédito (18%).
O Nubank é a instituição financeira com o maior número de contas de PIX, representando 23% de todas as transferências em valor no Brasil no primeiro semestre.
No relatório, a equipe do Santander discutia possíveis razões para a queda das ações do Nubank nesta semana. Ontem, os papéis recuaram 6,5%, num dia em que as demais empresas financeiras brasileiras listadas nos Estados Unidos operaram em leve alta.
O Santander é uma das casas mais pessimistas com o case de Nubank, com recomendação de venda e preço-alvo de US$ 8, bastante abaixo dos US$ 13,82 a que o papel é cotado na Bolsa.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.