Logo Exame.com
Empresas

Depois do primeiro ano com Extrafarma, Pague Menos acelera conversão de lojas e ganhos de sinergia

Em 2024, foco da varejista farmacêutica é reduzir endividamento; por isso, colocou pé no freio nas aberturas e quer aumentar receita por unidade

Pague Menos: mais lojas da Extrafarma vão ser convertidas à bandeira (Divulgação/Pague Menos)
Pague Menos: mais lojas da Extrafarma vão ser convertidas à bandeira (Divulgação/Pague Menos)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 4 de março de 2024 às 20:42.

Depois do primeiro ano completo de administração da Extrafarma, a Pague Menos quer acelerar a captura de sinergias e focar na redução de seu endividamento. Para isso, vai seguir o plano que colocou em prática em 2023, quando fincou o pé no freio da abertura de lojas e passou a converter unidades da bandeira Extrafarma na sua marca — em 2024, 47 lojas Extrafarma vão virar Pague Menos. 

Com um lucro líquido ajustado de R$ 62,8 milhões, um avanço de 17%, a empresa viu os números melhorarem no quarto trimestre. Sem ajustes, o lucro foi de R$ 126 milhões, contra R$ 102 milhões do mesmo período do ano anterior. No ano, o lucro excluindo intens não recorrentes foi 91% menor, a R$ 14,5 milhões. 

Além da última linha, a receita do grupo passou dos R$ 3 bilhões, crescendo 7,7%. Parte relevante disso veio das lojas Extrafarma convertidas em Pague Menos, conta o CFO Luiz Novaes. Essas unidades cresceram três vezes em relação ao mesmo período anterior, razão para a empresa seguir com as conversões. Ao longo de 2023, foram 54 lojas convertidas, sendo 43 delas de outubro a dezembro.  

Quando comprou a Extrafarma, em agosto de 2022, a Pague Menos recebeu 382 lojas: volume correspondente a 2,5 anos de aberturas antes da aquisição. Dessas, apenas 32 foram fechadas, mas 10 a 15 unidades ainda estão em avaliação. Das lojas da Extrafarma, o crescimento de unidades com 12 meses ou mais de operação foi de 6,8%, sinalizando o avanço operacional depois da aquisição. 

O objetivo é manter a bandeira em apenas quatro Estados em que a bandeira Extrafarma é bastante forte: Amapá, Pará, Maranhão e Ceará -- estado de origem da Pague Menos e onde a marca já tem grande parque de lojas.  

Enquanto isso, a abertura de lojas ficou reduzida a 20 unidades em 2023 e não passará de 30 em 2024. Essa redução da expansão física foi um dos pontos que gerou desconfiança da tese pelo mercado. No acumulado do ano, a ação cai cerca de 19% contra desvalorização na casa de 11% para os papéis de concorrentes como RaiaDrogasil e Panvel. Parte mais relevante dessa queda veio após o downgrade da equipe de varejo do Itaú BBA, que passou a recomendação da ação de compra para venda.  

O ano de 2023 foi crítico para a integração dos negócios. De janeiro a setembro, a empresa viu o endividamento alto elevar as despesas financeiras e deteriorar seus números. O jogo começou a virar a partir de setembro, quando as melhorias da Extrafarma já estavam mais evidentes e ao ganho de sinergias começou a ganhar tração. No anualizado, a operação trouxe Ebitda incremental de R$ 130 milhões, se aproximando da parte de baixo da faixa de R$ 180 milhões a R$ 270 milhões de sinergias previstas até o fim de 2024. No consolidado o Ebitda ajustado cresceu 7% no ano, para R$ 476 milhões.  

“Esse primeiro ano de administração da Extrafarma concentrou muito trabalho na questão comercial, pela escala que a Pague Menos tinha. Especialmente a partir do quarto trimestre passamos a focar em ações que alavancavam venda”, conta Novaes. Isso sem deixar de lado a melhora de margem bruta e despesas. A margem bruta ainda foi 0,9 ponto percentual menor do que um ano antes, mas evolui e chegou a 29,3% no ano ou 28,8% quando isolado o resultado do quarto trimestre.  

Com novo CEO -- Jonas Marques, com 30 anos de carreira na indústria farmacêutica é o primeiro fora da família Queirós a comandar o negócio  -- e ritmo de expansão menos intenso, a Pague Menos vê em 2024 espaço para reduzir o endividamento e capturar mais sinergias da aquisição da Extrafarma. No segundo semestre de 2023, com o início do corte da taxa básica de juros e movimentos próprios, a empresa conseguiu melhorar seu patamar de dívida. No fim de setembro, levantou R$ 332 milhões em um aumento de capital garantindo pelos acionistas majoritários.  

Assim, ao fim do quarto trimestre, a dívida líquida somava R$ 1,19 bilhão, com a alavancagem recuando de 3,1x no primeiro semestre para 2,4x no fim de 2023. A meta para 2024, afirma Novaes, é chegar a 1,7x em dezembro de 2024.  

Novaes destaca a geração de caixa de R$ 264 milhões em 2023 e diz que há espaço para avanços em 2024, bem como a diminuição de investimentos em estoques e a monetização de créditos fiscais. “Agora estamos focando muito mais em crescimento de receita média por loja e diluição de despesas. Também há ainda ajuste finos de sortimento e equipe de loja que podem ser feitos”, diz, acrescentando que Marques está ajudando “a alavancar” os negócios com a indústria farmacêutica.  

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

Allos foca em disciplina de capital e reverte prejuízo no 3º tri; lucro é de R$ 113 milhões

Allos foca em disciplina de capital e reverte prejuízo no 3º tri; lucro é de R$ 113 milhões