Com R$ 14,2 bi em dívidas, Intercement e Mover entram com pedido de recuperação judicial
Antigogrupo Camargo Corrêa recorre a RJ para equacionar passivos da cimenteira; processo de venda dos ativos fica em suspenso
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 3 de dezembro de 2024 às 22:23.
Última atualização em 3 de dezembro de 2024 às 22:36.
Após meses negociando a venda para a CSN, a Intercement, segunda maior produtora do de cimento do país entrou em recuperação judicial, arrastando junto consigo a controladora, Mover Participações (antiga Camargo Corrêa).
O pedido de recuperação judicial aponta dívidas somadas de R$ 14,2 bilhões, das quais R$ 6,3 bilhões em debêntures, R$ 3,5 bilhões em bonds emitidos fora do país e R$ 3,1 bilhões diretamente com o Bradesco.
Há ainda dívidas sob a rubrica de "outros" de R$ 1,4 bilhão, de acordo com o processo. O número total exclui contas de empréstimos intercompany.
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Um dos principais ativos dentro do grupo Mover, a Intercement está negociando há mais de um ano com credores financeiros para renegociar suas dívidas – com foco no processo de venda de ativos.
Havia um contrato de exclusividade de venda da companhia para a CSN, que com a RJ fica em suspenso. A grande questão era equacionar as dívidas – parte delas com vencimentos curtos e algumas delas já proteladas por medidas protetivas.
“Com o passar do tempo, a conclusão do processo de venda se tornou inviável”, ressaltou a Intercement em comunicado ao mercado.
“As companhias entendem que a medida proporcionará o tempo necessário para a construção de uma solução definitiva pra o equacionamento da sua estrutura de capital, independentemente de eventual processo de venda de ativos, dada a robusta capacidade de geração de caixa das companhias.”
O pedido de recuperação judicial não inclui a Loma Negra, cimenteira do grupo na Argentina – que, ao menos em tese, pode ser colocado à venda separadamente.
A Intercement foi um dos últimos grandes negócios que ficaram nas mãos da terceira geração do grupo fundado por Sebastião Camargo, combalido em grande parte por conta da Lava-Jato. Outros negócios, como a Alpargatas e a CPFL foram vendidos.
O Grupo Mover detém ainda 14,86% da concessionária de transportes CCR, uma grande geradora de caixa e avaliada em pouco menos de R$ 23 bilhões na Bolsa.
Mover e Intercement estão assessoradas no processo pelo E. Munhoz Advogados e pelo banco Houlihan Lokey.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.