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Entendendo a diferença entre diversificação e alocação de investimentos

Entenda aqui o que é "alocação de investimentos" e porque a diversificação (apesar de muito importante) não é o suficiente

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Você e o Dinheiro

Publicado em 10 de julho de 2018 às, 09h53.

Última atualização em 20 de maio de 2020 às, 19h59.

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Um dos conceitos mais básicos de gerenciamento de riscos nos investimentos é a diversificação. Diversificação é o proverbial “não colocar todos os ovos na mesma cesta”. Basicamente, se “espalha” o dinheiro entre diversos instrumentos de investimentos para diluir os riscos.

“Alocação” é algo que acontece num “nível acima” da diversificação. Alocação é atribuir “pesos” à carteira, conforme as características dos investimentos, definidos por classes. As duas classes básicas de investimentos são as já conhecidas “renda fixa” e “renda variável”. Alguns investidores e especialistas gostam de tratar outros investimentos como classes separadas - por exemplo, alguns tratam “imóveis” (que, a rigor, são renda variável) como se fossem uma classe independente. Nos EUA, por exemplo, é comum se tratar investimentos chamados de money market (seria a renda fixa de alta liquidez, mais adequada para reservas de liquidez - equivalentes aos nossos Tesouro Selic, CDBs de liquidez diária e fundos DI) como uma categoria independente.

É possível também estabelecer alocações em níveis inferiores, criando “subclasses” como renda fixa pública e privada, prefixada e pós-fixada... No caso da renda variável, as possibilidades também são inúmeras. Pode ser dividida entre ações e fundos imobiliários, ações por setores e por aí vai.

A diversificação é o último nível da alocação e está associada, majoritariamente, aos emissores daqueles títulos. A importância de saber a diferença entre alocação e diversificação é que apenas “diversificar” não é o suficiente.

Por exemplo, ter em sua carteira de investimentos apenas cinco CDBs pós-fixados de bancos diferentes pode ser uma boa diversificação. Seu risco fica bem diluído e as possibilidades de perda irreversível são remotas (ainda mais considerando a cobertura do Fundo Garantidor de Créditos), mas o capital não está bem alocado, pois tudo está concentrado em uma única classe de ativos com características muito similares. No caso do exemplo, um cenário de queda de juros prejudica o retorno da carteira como um todo.

Aliás, nunca é demais lembrar que o ambiente de investimentos no Brasil está ficando mais complexo (resultado, entre outras coisas, das taxas de juros mais baixas) e a velha visão de que “renda fixa é conservadora” e “renda variável é agressiva” tende a ficar obsoleta rapidamente. Cada vez mais, os perfis de investidor serão refletidos pela carteira, e não por investimentos individuais. E o que define o perfil de uma carteira é, exatamente, a alocação.

As estratégias de alocação variam conforme o perfil do investidor, os prazos e necessidades especiais. Pessoas com patrimônio muito grande, por exemplo, podem ter necessidades de alocação mais complexas, como investir em outros países (para gerenciarem os riscos jurisdicional e cambial) ou investir em classes de investimentos alternativas.

Mas todos os investidores, independente do tamanho do patrimônio, do perfil ou dos objetivos, precisarão dar mais importância à alocação.

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