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Na ode à excelência, mediocridade nem entra em pauta

A maneira como você se apresenta pode criar ou destruir oportunidades. Por isso, buscar a excelência não é um curso natural da vida, mas uma escolha

 (Alexander Spatari/Getty Images)
(Alexander Spatari/Getty Images)

Você já deve ter escutado alguém dizer que uma ideia ruim executada por um bom time eventualmente se transformará em uma boa ideia, já que uma equipe excelente executará os processos. Agora, uma ideia boa nas mãos de um time medíocre provavelmente não passará de uma boa ideia.

Eu mesmo já disse isso algumas vezes. Meu avô sempre me alertava que “ideias valem 10 centavos a bacia”. Para mostrar que o pensar sem executar,  procrastinando aquilo que precisa ser feito, conduz a um estado de paralisia estéril.

A excelência em qualquer coisa requer ação e repetição extrema durante um período de tempo prolongado. Repetição extrema requer rotina e, muitas vezes, tédio. Logo, se você não consegue engolir o tédio e fazer aquelas coisas chatas, você não terá a experiência necessária para a excelência. Afinal, resultados acima da média exigem uma vida acima da média. 

Para ser reconhecido no que eu faço, precisei vender meu carro, trabalhar de valet, entregar panfletos e receber dezenas de objeções sobre o mercado que eu queria atuar. Nada foi por acaso. Desde o início, coloquei a mão na massa e paguei o preço para criar uma gigante global que revolucionaria o mercado — o que fizemos depois de MUITO trabalho duro e gente boa se comprometendo no processo.

Por isso, ainda que seja fácil se acomodar e ficar satisfeito com uma vida na média, isso  não te levará a ir além do esperado e muito menos se destacar. Se te disseram o contrário, que ser bom é suficiente, acredite: essa é a maior bullshitagem que poderiam te entregar no mundo corporativo.

Aristóteles já dizia que “só fazemos melhor aquilo que repetidamente insistimos em melhorar. A busca da excelência não deve ser um objetivo, e sim um hábito”.

Se você ainda não percebeu, existe uma espécie de pacto da mediocridade que é contagioso e se espalha como um vírus. Depois de duas décadas à frente de grandes times, contribuindo para a formação de diversos profissionais triple-A, posso afirmar que o que mais corrói grandes companhias é o mindset infectado de não se buscar a excelência, só porque já se é “bastante boa”, parando de inovar e de buscar a melhoria constante de seus produtos e serviços.

No livro Good to Great, de Jim Collins, são analisadas as características das organizações que conseguem se destacar e manter um crescimento sustentável por um longo período de tempo. Aquelas que, a partir de um determinado momento, conseguiram passar de boas para excelentes.

Collins identificou que as empresas que conseguiram atingir esse patamar apresentavam pontos em comum, como a liderança baseada em humildade e disciplina, a capacidade de confrontar a realidade de forma objetiva, o foco no que é essencial e, claro, a busca constante pela excelência. Em contrapartida, o autor pontuou que:

 “Não temos ótimas escolas, principalmente porque temos boas escolas. Poucas pessoas levam vidas ótimas, em grande parte porque é fácil construir uma vida boa… E a grande maioria das empresas jamais se torna excelente só porque já é bastante boa – e é este seu principal problema”.

A excelência como um caminho para a alta performance

Um estudo realizado pela McKinsey & Company, uma das principais consultorias de negócios do mundo, revelou que o que separa as organizações de maior performance do resto é a cultura de alto desempenho. Elas não só definem claramente o que é excelência para elas como constroem uma cultura em torno dessa definição, buscando continuamente melhorar e se modernizar para manter esse padrão.

Além disso, a pesquisa aponta que empresas que alcançam a excelência apresentam, em média, um retorno 3× maior aos seus acionistas. Ou seja, ter os mais altos padrões não é apenas uma questão de satisfação pessoal ou de marca, mas também de resultados financeiros.

De fato, como o próprio termo diz, medíocres são as pessoas que estão na média. Se eu quero construir algo diferente e me destacar, por que eu vou me alimentar de informações medianas? As opiniões que importam pra mim são das pessoas que já chegaram onde eu quero chegar, seja na minha área ou na delas. Por exemplo, para mim, as opiniões de um lutador de jiu jitsu que é campeão mundial fazem diferença para o aperfeiçoamento das minhas técnicas, no meu treinamento intenso e na minha busca constante por evolução.

Quando alguém se satisfaz em entregar o “mais ou menos”, estabelece-se um mindset que conduz a um pacto de mediocridade – seja no trabalho ou na vida pessoal – que valida o veneno da cultura woke em que vivemos.

É preciso descolonizar o modelo de conhecimento ensinado em que é aceitável tirar um 6 ou 7. A verdade é que o trabalho de liderar uma organização é, em grande parte, sinônimo de ser chato, ser exigente e ser duro.

Quem quer construir um legado para as futuras gerações sabe que não é possível fazer história a nível global sem ter obsessão por conquistar o 10 nesse processo. O que você tem feito para traçar suas metas e objetivos para alcançar a excelência?

Estratégias para romper com a mediocridade

Em conversas com centenas de empreendedores que já passaram pelo G4 Educação, por diversas vezes, encontrei ótimos profissionais presos em um estado de mediocridade (lembrando do real significado do termo, não de uma palavra pejorativa), sentindo que não estavam alcançando todo o seu potencial. Felizmente, alguns guidelines podem ajudar a combater essa pandemia silenciosa que busca limitar o potencial produtivo da nossa nação.

Afinal, sem o desejo de construir algo maior, Alexandre, o Grande não teria sido responsável por um dos maiores impérios do mundo antigo e nem seria estudado até hoje. Os medianos contam com a sorte, os excelentes a perseguem.

Mas como fazer isso? Em primeiro lugar, é preciso definir seus objetivos e traçar um plano de ação para alcançá-los. Não basta querer ser o melhor se você não se esforçar e se dedicar ao máximo: curiosidade voraz, esforço inteligente e disciplina precisam estar no seu radar a todo momento.

Além disso, inspire-se em exemplos práticos de pessoas e empresas que te motivam a sair da zona de conforto e enfrentar seus medos e inseguranças.

Outro ponto interessante é definir metas claras e alcançáveis. Se você não sabe para onde está indo, nunca chegará lá. As metas devem ser específicas, mensuráveis, alcançáveis, relevantes e com prazo definido. Por exemplo, ao invés de definir uma meta vaga como "ser mais saudável", uma meta mais específica seria "correr 5 km em 30 minutos em 3 meses".

O Projeto Excelência, por exemplo, é uma ótima escolha para quem precisa se desafiar a encontrar, diária e consistentemente, a sua melhor versão. Através de 4 pilares – saúde, relacionamento, trabalho e intelecto –, é proposto um framework para viver uma vida acima da média.

De igual modo, se você quer alcançar um nível mais elevado, precisa se tornar um lifelong learner. Expandir a sua mente pode ser feito por meio de livros, cursos, mentorias ou mesmo conversando com pessoas que tenham experiências e conhecimentos diferentes dos seus.

No fim do dia, lembre-se que o mundo não recompensa os tímidos. Seja ousado, assuma riscos e faça a diferença para verdadeiramente virar a chave do status quo e encontrar a sua grandeza. Nas palavras do escritor britânico Isaac Disraeli: "É um gosto miserável estar satisfeito com a mediocridade, quando o excelente está diante de nós".

Tallis Gomes é Fundador e Chairman do G4 Educação, fundador da Singu e da Easy Taxi e autor do best-seller “Nada Easy”.