Exame.com
Continua após a publicidade

Confiança em alta

Visão mais otimista sobre a economia representa uma oportunidade para profissionais buscarem recolocação, aumentos e promoções

Mulher confiante: profissionais buscam recolocação, aumentos e promoções  (Oscar Wong/Getty Images)
Mulher confiante: profissionais buscam recolocação, aumentos e promoções (Oscar Wong/Getty Images)

A 27ª edição do Índice de Confiança Robert Half (ICRH) traz boas notícias. A sondagem foi conduzida ao longo de janeiro e fevereiro e identificou pela quarta vez consecutiva uma diminuição do sentimento de pessimismo sobre a situação atual entre os entrevistados. O resultado apoia-se na percepção de 1.161 profissionais qualificados, distribuídos igualmente entre recrutadores, empregados e desempregados.

O nível de confiança no mercado subiu de 38,2 pontos em dezembro para 39,4 pontos em março – ainda que no patamar pessimista (abaixo dos 50 pontos), esse é o segundo melhor resultado da série histórica. Em uma projeção para os próximos seis meses, o índice também apresentou um ligeiro crescimento de 0,4 ponto porcentual.

Além do resultado consolidado, o ICRH também reúne indicadores por categoria. A situação atual melhorou na perspectiva de todas: desempregados (+1,6 pp), recrutadores (+1,1 pp) e empregados (+0,9 pp). Na visão para o futuro, desempregados (+2,4 pp) e recrutadores (+0,2 pp) influenciaram a melhora no índice, enquanto os empregados apresentaram queda (-1,6 pp).

Na contramão desses números está a crescente dificuldade para a contratação de profissionais qualificados. De acordo com o estudo, 84% das empresas enfrentam hoje esse problema, o que representa um aumento de 6 pp no comparativo com a edição do ICRH de dezembro. Entre os entrevistados, 70% acreditam que o cenário não deve mudar nos próximos seis meses, enquanto 24% dizem que ficará ainda mais desafiador.

Em parte, esse ponto crítico é um efeito colateral da confiança em alta no ambiente de negócios. As boas perspectivas econômicas estimulam as contratações e, consequentemente, o confronto com seus obstáculos.

Segundo 22% dos recrutadores entrevistados, a intenção de contratar será mais alta nos próximos meses do que é atualmente. Hoje, 20% dizem que a intenção é alta ou muito alta.

A expectativa de demissões segue na mesma linha. Conforme 65% das companhias entrevistadas, a intenção de demitir é baixa, valor 7 pontos percentuais maior do que o registrado na edição passada. Ao avaliar os próximos seis meses, 91% (+3 pp) acreditam que as intenções se manterão iguais ou ainda menores.

Os dados da PNAD mostram que o nível de desocupação dos profissionais qualificados (a partir dos 25 anos e com graduação completa) foi de apenas 3,6% no quatro trimestre de 2023. Na comparação com o mesmo período do ano passado, a taxa está 0,2 pp mais baixa.

O desemprego da população em geral também está em baixa. A taxa foi de 7,4% no trimestre encerrado em dezembro, 5 pp menor do que a registrada no mesmo período do ano em 2023.

Esse cenário impacta especialmente a percepção dos profissionais desempregados. Quando questionados sobre os próximos seis meses, 39% acreditam que a probabilidade de recolocação será mais alta, um acréscimo positivo de 8 pp frente ao último levantamento.

Movimentações na carreira exigem planejamento

O panorama de retomada da economia é animador e tende a movimentar o mercado de trabalho. Não é exagero dizer que está aberta oficialmente a temporada de oportunidades para se recolocar, negociar um aumento salarial ou pedir promoção.

É indispensável, entretanto, se preparar para esses três movimentos, pois eles não dependem apenas de condições econômicas favoráveis. Estar com a agenda de cursos em dia, caprichar no currículo e na comunicação com interlocutores (chefe, recrutador, etc) é básico para obter sucesso.

A seguir, destaco algumas dicas que valem para quem quer pedir promoção, mas também servem perfeitamente para os que buscam se recolocar ou aumentar o salário:

- planeje sua rota – movimentações na carreira requerem uma reflexão sobre as próprias características (qualidades e limitações), onde se quer chegar e o porquê. Com isso claro, é possível definir metas e estratégias eficientes;

- invista nas soft skills – as habilidades comportamentais, como saber falar e escutar, espírito de liderança, empatia e pensamento crítico, são muito valorizadas pelas empresas;

- faça diferente – destacar-se pela criatividade nas soluções ou pela iniciativa frente a desafios são excelentes modos de tornar-se ainda mais necessário e interessante no mercado.

As empresas também devem planejar estratégias de atração e retenção de talentos. Conhecer a fundo os pontos fortes e fracos da organização e mapear os anseios do quadro funcional é a base para elaborar uma boa estratégia de atração e retenção. Quem estiver preparado, certamente colherá os bons frutos da retomada.

Aqui, neste Blog, você encontra outros artigos sobre carreira, gestão e mercado de trabalho. Também é possível ter mais informações sobre os temas na Central do Conhecimento do site da Robert Half. Se você gosta de podcasts, não deixe de acompanhar o Robert Half Talks.

*por Fernando Mantovani, diretor-geral da Robert Half para a América do Sul e autor do livro Para quem está na chuva… e não quer se molhar