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2020: o ano em que o digital se tornou fundamental na vida das pessoas

Como Ambev, GPA e Mondelēz usaram as plataformas digitais para incrementar suas vendas

“As pessoas mudaram a forma de consumir conteúdo, de comprar e até de se relacionar. A transformação digital andou a passos largos e essa pegada não tem mais volta" (japatino/Getty Images)
“As pessoas mudaram a forma de consumir conteúdo, de comprar e até de se relacionar. A transformação digital andou a passos largos e essa pegada não tem mais volta" (japatino/Getty Images)
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Descomplicando o digital

Publicado em 19 de janeiro de 2021 às, 06h30.

Em casa, isolada boa parte do tempo por causa da pandemia, a população leu mais notícias, assistiu mais TV, incorporou novos hábitos de ver vídeos e passou a usar plataformas de áudio com mais frequência. O digital cresceu exponencialmente no ano, principalmente devido à crise causada pelo coronavírus.

“As pessoas mudaram a forma de consumir conteúdo, de comprar e até de se relacionar. A transformação digital andou a passos largos e essa pegada não tem mais volta. As pessoas passaram mais tempo conectadas à internet acompanhando os mais diversos tipos de telas”, diz Adriana Favaro, diretora de negócios da Kantar IBOPE Media.

Informação e entretenimento, tudo no digital

Para a Adriana, o ambiente digital foi fundamental para aproximar os consumidores das marcas na realidade de isolamento social.

“Os consumidores esperavam das marcas que estas os ajudassem a passar por esse momento com mais tranquilidade e clareza. As marcas entenderam e atenderam esta necessidade, oferecendo conteúdos para informar e entreter em seus canais digitais”, diz a executiva da Kantar.

Hoje, cerca de 105 milhões de brasileiros acessam o YouTube todos os meses. A pesquisa ComScore VideoMetrix afirma que 91% das pessoas dizem ter aumentado seu tempo de uso na plataforma em julho deste ano, quando comparado a julho de 2019.

Segundo o Spotify, em sua nova “Retrospectiva 2020 para Anunciantes”, divulgada na semana passada, houve um aumento de 108% no número de ouvintes ativos mensais que ouviram podcasts em setembro de 2020, em comparação com o mesmo mês em 2019.

O total de ouvintes únicos de podcasts com o tema ‘notícias e política', por exemplo, aumentou em 140% entre janeiro e novembro de 2020, quando comparado ao mesmo período do ano anterior.

10 anos em 10 semanas

O e-commerce, entretanto, foi onde tudo mudou. No auge das medidas de isolamento, no segundo trimestre, o consumo em geral despencou 12,2%, uma queda recorde no país. As vendas online, entretanto, ajudaram a ‘segurar’ o varejo.

A penetração deste meio no total das vendas do varejo no país era de 2,1% em 2010. No ano passado, alcançava 5,8%. Em maio, alcançou 12,6%. Os números são do índice MCC-ENET, desenvolvido pelo Comitê de Métricas da Câmara Brasileira de Comércio Eletrônico.

Segundo dados do Google, o número de ‘e-shoppers’ cresceu 40% este ano, se comparado ao número de 2019. Hoje, já representam 18% de todos os consumidores online. Vivemos em um momento entre ‘a pausa’ e o ‘recomeço’: uma adaptação ao “novo futuro”.

86% dos brasileiros com internet compraram online durante a pandemia, segundo o relatório ‘Setores do E-commerce no Brasil’, realizado pela Conversion, uma consultoria especializada em marketing e comércio eletrônico.

Primeiro bilhão em vendas online

Empresas como Grupo Pão de Açúcar, Mondelez e Ambev investiram forte no digital – e têm colhido bons resultados.

O GPA, por exemplo, alcançou seu “primeiro bilhão” em vendas online, um número histórico para a empresa, em apenas 11 meses deste ano.

“As compras online se tornaram essenciais. Vemos um futuro com cada vez mais integração entre nossas iniciativas digitais, criando uma grande e única plataforma”, afirma Jorge Faiçal, presidente de varejo alimentar do GPA, grupo controlador do Pão de Açúcar e do Extra.

Segundo a empresa, as compras online de alimentos cresceram a taxas de 40% nos últimos 2 anos dentro da companhia. Somente no 3º trimestre deste ano, as vendas do e-commerce alimentar cresceram 240%, se comparadas com o mesmo período do ano anterior.

“Tivemos um incremento de mais de 200% de novos clientes. Recebemos 240 milhões de visitas ao ano em todas as nossas plataformas digitais. Assim, os vendedores já são impactados por um cliente qualificado, e que retorna com frequência à plataforma”, diz Faiçal.

Garantindo a Páscoa (e o Natal)

A Mondelez Brasil também “garantiu” as vendas do ano por meio das plataformas digitais.

“Um dos maiores exemplos foi como adaptamos toda a nossa estratégia de Páscoa com extrema agilidade. Montamos uma nova jornada de compra para esse consumidor e fortalecemos parcerias com o varejo – principalmente o pequeno varejista. Em 2 semanas, reestruturamos nossa operação, incluindo a iniciativa de lançar uma loja online em 2 dias”, explica Theo Vieira, gerente de e-commerce da empresa.

Segundo o executivo, a Mondelez alcançou mais de 600 varejos online para as vendas na data. “Com toda essa força tarefa, as vendas online cresceram mais de 700% em relação à Páscoa de 2019”, declara.

A Mondelez, então, decidiu ampliar sua presença no digital e expandiu o formato para o Natal, a segunda maior sazonalidade de chocolates para a companhia no ano.

Ambev lidou com a “urgência” do consumidor

Para a Ambev, a pandemia aumentou a “urgência” do consumidor a se adaptar aos novos modelos de compras. Isso fez com que as marcas buscassem novas estratégias de comunicação para apresentar diferentes ferramentas e canais.

“Adaptamos (e ampliamos) nossos canais de e-commerce (Zé Delivery, Empório da Cerveja e Sempre em Casa), que nos aproximaram ainda mais dos consumidores. Cada um foi desenvolvido para oferecer o melhor serviço de acordo com a necessidade e momento do cliente”, afirma a cervejaria.

A Ambev também acredita que o digital é um caminho sem volta. “Estamos apenas no começo dessa transformação. Esse período trouxe uma antecipação do futuro. Novos hábitos estão sendo criados. Por aqui, estamos investindo em novas tecnologias que sejam capazes de atender a necessidade do nosso público e que estejam alinhadas com o propósito da empresa”, afirma, em nota.

*Renato Pezzotti, em colaboração para o IAB Brasil