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Os algoritmos podem melhorar seu emprego e até salvar a sua vida

“Mas políticas quanto ao uso e capacitação de times são fundamentais para evitar 'derrapadas’ na adoção crescente de IA”, diz CTO da Falconi, Breno Barros

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Há já alguns anos, os algoritmos têm se integrado à vida pessoal e profissional de boa parte da população mundial. Essa adoção ganhou novo ímpeto com o advento da inteligência artificial (IA) generativa, capaz de gerar textos, imagens e diversos outros tipos de conteúdo.

Ela deverá se tornar ainda mais popular com a atualização promissora anunciada nesta semana pela OpenAI, desenvolvedora da linguagem utilizada pelo ChatGPT. Tal lançamento deverá tornar ainda mais natural a interação humano-computador.

No Brasil, o uso dessa tecnologia, há já algum tempo, começa a trazer impactos significativos na produtividade diária. Oito em cada dez usuários brasileiros de IA generativa (81%) afirmam que ela aumentou com a adoção de seus recursos. A média global,  de acordo com estudo da empresa Salesforce, ficou um pouco abaixo: 71%.

A mesma pesquisa revelou que o domínio do uso dos algoritmos poderá, além de uma melhoria na produtividade, impactar positivamente remuneração e satisfação profissional. Mais: a “AI Snapshot 2023”, deixou evidente que estamos em um caminho sem volta.

Entre as empresas, ter a tecnologia como aliada se tornou estratégia crucial para a rotina dos negócios. Afinal, ela é capaz de acelerar os ganhos (não só monetários, mas também aqueles relacionados à eficiência) e tornar as empresas muito mais competitivas.

Porém, existem entraves para a disseminação do uso de algoritmos nas empresas. Se de um lado há ausência de políticas claras e robustas, do outro ainda é preciso capacitar os times para usá-los no pleno potencial que oferecem hoje.

O fato é que a tecnologia há muito é massivamente empregada em tarefas simples, como a criação de e-mails e documentos. Mas seu potencial estratégico para análises avançadas e decisões baseadas em dados ainda é pouco explorado.

Para o quadro mudar,  a criação de políticas robustas de uso e a capacitação contínua são cruciais - inclusive porque a IA evolui rapidamente, também alimentada pelo próprio feedback dos usuários.

Talvez a grande questão sobre o porquê do seu uso ainda ser limitado resida no fato de a IA generativa ser muito usada para “gerar coisas” e não discriminar, identificar e sugerir mudanças. Não à toa, no exterior, vem-se discutindo as expectativas criadas por ações promocionais com a IA generativa.

Assim como algumas outras ferramentas já oferecidas por gigantes da tecnologia, a IA ainda não entrega ao público todas as funcionalidades prometidas. Na produção de vídeos mais elaborados, por exemplo, é preciso a intervenção humana.

Com isto em mente, é preciso que os líderes e seus times dosem as expectativas e usem suas soluções com bom senso. Mas não resta dúvidas de que seu futuro será promissor e que, desde já exige a definição de políticas que sigam princípios básicos.

Eu gosto bastante da abordagem “SAFE”, proposta pelo senador norte-americano Chuck Schumer naquele país. Ela enfatiza segurança, responsabilidade, proteção de fundamentos e aplicabilidade.

Juntos, esses quatro fatores garantem que a IA seja usada de maneira segura e responsável. Tanto mantêm a integridade de valores e instituições fundamentais como proporcionam transparência nas suas operações.

Além desses pontos de atenção, também é importante destacar a relevância social da inclusão dessas soluções na rotina do trabalho. Por exemplo, algoritmos de conversão de fala para texto, ou vice-versa, fornecem informações adicionais para usuários com deficiência visual e auditiva, respectivamente.

Vale ressaltar e repetir: essas tecnologias têm o poder de quebrar barreiras e capacitar essas pessoas, promovendo um sentimento de independência e inclusão. Isso transforma vidas.

Sanados os entraves, nas empresas os líderes precisarão rever seus conceitos sobre produtividade. A avaliação da produtividade é hoje centrada na quantidade de tarefas realizadas em determinado tempo. Mas, ao incorporar a IA, a ênfase na “produção escalável” permite a evolução para uma perspectiva mais qualitativa.

Ou seja: as organizações vão poder medir a eficiência de seus colaboradores por qualidade de entregas, inovação gerada e impacto estratégico nas metas organizacionais. Os algoritmos têm o potencial real de transformar carreiras e criar novas oportunidades profissionais.

Mais que isso: o domínio dos algoritmos pode efetivamente salvar vidas, seja melhorando a eficiência em operações de saúde, aumentando a segurança em diversas indústrias, ou salvaguardando empregos ao aumentar a produtividade e abrir novos campos de trabalho.

Estamos diante de um futuro que promete muito mais que uma automação mais abrangente. Usados com sabedoria e responsabilidade, os algoritmos podem se tornar, de fato, os grandes aliados da humanidade.