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Não há inovação sem cultura de dados

Em novo artigo,o CTO da Falconi, Breno Barros, reflete sobre a abordagem da inovação nos negócios

Reunião: nada adianta discutir novas tecnologias de ponta sem a sua integração na gestão do negócio (Luis Alvarez/Getty Images)
Reunião: nada adianta discutir novas tecnologias de ponta sem a sua integração na gestão do negócio (Luis Alvarez/Getty Images)

Realizado no início deste mês, o Web Summit Rio trouxe muitos temas ligados a dados, à inteligência artificial, blockchain, entre tantas outras. Pautas prioritárias para as empresas há anos, os temas ganharam força depois de serem discutidos em diversos momentos durante os quatro dias de evento, que reuniu mais de 400 palestrantes no Rio de Janeiro. Agora é boa hora para reunir todas as informações que ganharam rápidas pinceladas durante o evento e aterrissá-las em debate mais prático, realista e produtivo com as lideranças empresariais.

O primeiro ponto que é crucial considerarmos é de que nada adianta discutir novas tecnologias de ponta sem a sua integração na gestão do negócio. Caso contrário, teremos apenas mais um relatório sobre tendências. Quando se encara cenário econômico repleto de desafios como o atual, as empresas precisam de caminhos para mudanças efetivas e resultados concretos. Daí ser necessário criar um método de gestão para cada uma dessas tecnologias, para que elas se tornem rotina nas empresas.

Com a rotina, temos também o papel fundamental da cultura corporativa, onde paciência e prudência coexistam entre os valores da organização. Até porque, no que tange a dados e IA, é sempre bom ressaltar que não se deve esperar ROI imediato para os investimentos, que precisam, todavia, ser contínuos: os resultados vêm com o tempo.

Antes de tudo, é preciso investir não só em tecnologias como em processos e práticas diárias que ajudem a coletar, tratar, analisar e visualizar dados de maneira mais eficiente e rápida. É a única forma de transformá-los em informações úteis para a tomada de decisão por cada equipe, área e, assim, a empresa como um todo.

Conexão entre ser humano e máquina

Tudo começa com os dados. E sobre esse tema, tem se falado muito. São frequentes as conversas nas empresas sobre confiabilidade de dados e coleta estruturada de dados, por exemplo. É o que chamo de Trusted Data - e não são poucos os desafios impostos para usá-los de forma conectada à inteligência artificial.

Para superá-los, é essencial ter clareza quanto à meta que se quer alcançar e uma visão sistêmica quanto a como alcançá-la. Pois é extremamente factível que uma solução baseada em IA que surge para resolver um problema, possa desencadear outros dentro de companhia que não encare tais questões de maneira holística, projetando objetivos alcançáveis.

Não se trata, aqui, de integrações entre sistemas e aplicações - achar que isso irá resolver seus desafios é utopia. Não é possível automação ou inovação efetiva sem antes habilitar uma cultura de dados. E isto só é possível quando há modelos de governança, gestão, processos, papéis e responsabilidades bem desenhados. Aí sim, as ferramentas ajudarão a escalar tudo isso.

Sobretudo, é preciso unir o aprendizado humano ao aprendizado de máquina para que, juntos, extrapolem e possam ir além nas soluções ainda a ser criadas.