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Yalo: startup une forças com WhatsApp para estimular vendas por chat

A empresa mexicana recebeu um investimento de US$ 50 milhões em maio em uma rodada liderada pelo brasileiro Eduardo Saverin, cofundador do Facebook

Javier Mata, fundador da Yalo: empresa tem mais de 1.000 empresas clientes em 41 países e foca no Brasil para crescer 
 (Yalo/Divulgação)
Javier Mata, fundador da Yalo: empresa tem mais de 1.000 empresas clientes em 41 países e foca no Brasil para crescer (Yalo/Divulgação)

Publicado em 24 de junho de 2021 às 18:06.

A startup mexicana Yalo, de vendas por chat, continua a se aproximar de grandes nomes do mercado de tecnologia para crescer. Fundada em 2016 pelo empresário Javier Mata, a empresa foi a primeira companhia da América Latina a receber um investimento do B Capital Group, fundo de investimento criado pelo bilionário brasileiro Eduardo Saverin, um dos cofundadores do Facebook. Um mês depois de captar US$ 50 milhões para financiar sua expansão internacional, a startup anuncia que está unindo forças com o WhatsApp para o desenvolvimento de ferramentas que facilitem e impulsionem as vendas por aplicativos de conversação.

A Yalo é especializada nesse mercado batizado de chat commerce. Ela auxilia mais de 1.000 empresas em 41 países a fazer vendas e atendimentos por aplicativos como WhatsApp, Messenger e Telegram. No Brasil, por exemplo, a Coca-Cola utiliza a ferramenta para se comunicar com 500.000 comerciantes e processar os pedidos de encomendas de produtos – um trabalho que antes era feito manualmente por atendentes por telefone. 

A novidade é que agora a startup poderá trabalhar lado a lado com o WhatsApp para desenvolver ferramentas de comércio eletrônico próprias para o ambiente de mensagens. Em entrevista ao EXAME IN, o fundador Javier Mata afirma que a aproximação com o aplicativo abre caminhos para a empresa explorar novos produtos e perfis de clientes. "Nós agora vamos poder construir ferramentas como botões e catálogos de forma nativa na plataforma do WhatsApp, o que vai tornar a experiência do cliente final mais fluida", diz Mata. 

Essa facilidade de integração com o WhatsApp vai permitir que a startup lance um modelo de integração “self service” com as empresas clientes. Hoje, a companhia foca em grandes contas e disponibiliza um serviço de atendimento próprio para que elas comecem a usar a plataforma de automatização de vendas. No novo formato, negócios menores, com um catálogo mais enxuto de produtos, vão poder se cadastrar diretamente na Yalo para usar os serviços no WhatsApp. Para a startup, é uma chance de trazer novos perfis e aumentar sua base de clientes.

Mata está animado também com as possibilidades de marketing que se abrem com a maior integração com o WhatsApp. O modelo, que deve começar a ser usado pelas empresas clientes da startup nos próximos meses, permitirá que um consumidor se cadastre no e-commerce da loja e receba novidades sobre produtos e ofertas diretamente no aplicativo de mensagens — caso haja interesse de compra, a transação poderá ser concluída pelo próprio chat. “Com as mudanças, esperamos fazer cinco vezes a quantidade de mensagens diárias que temos hoje daqui a seis meses”, diz o fundador.

Além das novas ferramentas, a startup trabalha também na sua expansão internacional: o objetivo é aprofundar a presença do produto na América Latina e no Sudeste Asiático. “Continuamos a crescer o time no Brasil e no México, estamos buscando novos parceiros na América Central e na Índia e devemos, em breve, finalizar uma aquisição na Ásia”, diz Mata. O espaço para crescer não falta. Segundo estudo do BCG, o mercado de chat commerce já movimenta US$ 35 bilhões por ano nos mercados emergentes e pode chegar a US$ 130 bilhões até 2025.

O varejo pós-pandemia

Para o WhatsApp, aproximações com startups como a Yalo são uma forma de acelerar a adoção do comércio conversacional na sua plataforma. No mês passado, por exemplo, a empresa anunciou uma parceria com a startup curitibana Omnichat, concorrente da Yalo. As compras por mensagem e as transações financeiras podem ser um caminho para rentabilizar o aplicativo, que busca definir um modelo de negócio desde que foi adquirido pelo Facebook em 2014 por US$ 22 bilhões. 

O momento não poderia ser melhor para o mercado de chat commerce. Desde que a pandemia começou, os consumidores trocaram as compras na rua pela internet: só no Brasil, 13 milhões de pessoas fizeram a primeira compra online em 2020, de acordo com pesquisa da consultoria Nielsen.

Não demorou para que os aplicativos de mensagem, usados por 92% dos brasileiros, fossem adotados também por comerciantes e prestadores de serviço. Uma pesquisa da consultoria Accenture, de julho de 2020, apontou que 83% dos brasileiros já utilizam o WhatsApp para fazer compras — e 37% deles consomem produtos de grandes empresas. Nos negócios de pequeno porte, a prevalência é ainda maior: 64%. E se engana quem pensa que o uso é ocasional. O estudo mostra que 59% fazem compras pelo menos uma vez por semana.

Não é à toa que empresas focadas em ajudar nessa “profissionalização” do WhatsApp estejam ganhando espaço no mercado e atraindo investidores. A Yalo, por exemplo, teve alta de 120% na sua receita em 2020 na comparação com o ano anterior e captou US$ 75 milhões em duas rodadas em menos de 12 meses. A brasileira Omnichat, por sua vez, triplicou de tamanho e levou um aporte de R$ 20 milhões da Kaszek Ventures no final do ano. Na frente de atendimento, a mineira Take, que constrói chatbots, recebeu um investimento de US$ 100 milhões da gestora americana Warburg Pincus em outubro do ano passado. A aposta é na “whatsappzação” do varejo.

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