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Oncoclínicas vê crescimento de dois dígitos – sem M&As

Rede de tratamento oncológico vai colocar pé no freio em aquisições e vê espaço para crescer receita e fluxo de caixa com sua rede atual 

Oncoclínicas: reduzir endividamento é prioridade para a companhia (Oncoclínicas/Divulgação)
Oncoclínicas: reduzir endividamento é prioridade para a companhia (Oncoclínicas/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 29 de novembro de 2023 às 16:23.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:09.

Após realizar mais de 40 aquisições nos últimos cinco anos, a rede de tratamento oncológico Oncoclínicas vai diminuir o ritmo de compras no próximo ano para focar no crescimento orgânico e na geração de caixa operacional.  

“Temos o benefício de não precisar de crescimento inorgânico para que possamos sustentar o ritmo de crescimento de dois dígitos na receita nos próximos dois anos, pelo menos”, disse ontem o CFO Cristiano Camargo, no primeiro Investor Day realizado pela companhia.  

Com o custo de dívida ainda considerado caro apesar das quedas mais recentes da Selic, o grupo – que nasceu de uma clínica em Belo Horizonte com 6 médicos para uma operação com 144 unidades e quase 3 mil médicos credenciados – acredita que tem mais valor a extrair neste momento na sua rede existente. A relação entre dívida líquida e EBITDA estava em 3,1 vezes ao fim do terceiro trimestre.   

A favor da Oncoclínicas, está a tese secular de envelhecimento da população, o que deve resultar num crescimento estimado de 9% a 13% ao ano para o mercado de oncologia até 2030. Além disso, o avanço cada vez maior nas terapias vem permitindo uma sobrevida cada vez maior aos pacientes, o que faz com que eles sigam mais tempo em tratamento e acompanhamento. 

A empresa sinalizou ainda que pretende capturar mais receita na jornada do paciente, retendo-o ao longo de toda jornada, do diagnóstico à cirurgia e aos tratamentos.  

A Oncoclínicas trabalha principalmente no modelo ambulatorial – ou de outpatient no jargão do setor, que envolvem clínicas para consultas e tratamento quimio e radioterápico. Mas desde o IPO aumentou os investimentos nos cancer centers, instalações hospitalares mais complexas para internação, exames mais sofisticados e cirurgias.   

“Temos potencial de capturar muita receita com os investimentos que já foram feitos na parte inpatient [de pacientes internados]: diagnóstico por imagem, cirurgia e outros procedimentos que são mais recentes para o grupo”, disse o vice-presidente executivo Rodrigo Silva.  

Outro vetor de crescimento de margem são as sinergias ainda a serem extraídas das aquisições realizadas nos últimos anos. “O grosso já foi feito, mas ainda há integração remanescente”, ressaltou o CFO.  

Criatividade nas parcerias  

Maior empresa do Brasil num setor ainda bastante pulverizado, a Oncoclínicas tem uma participação de apenas 5% a 6% em tratamento oncológico no Brasil. Nesse sentido, ainda vê um pipeline robusto de aquisições em diversas regiões do Brasil, mas acredita que pode esperar para voltar às compras.  

“Esse modelo ambulatorial é um modelo que só a gente olha. Não existe um custo de oportunidade. Podemos esperar para reativá-lo num momento em que, do ponto de vista do mercado de capitais, seja mais favorável”, disse Camargo.  

A Oncoclínicas também pretende continuar apostando em modelos de expansão que não envolvam investimentos significativos – como foi o caso da parceria com o Grupo Santa Lúcia, que fez a companhia ampliar sua rede em Brasília.  

Na parceria, o grupo entrou com a parte oncológica de seus quatro hospitais na região, enquanto a Oncoclínicas contribuiu com sua rede de clínicas ambulatoriais, formando uma joint venture que sobre toda a jornada do paciente.  

“Vamos usar cada vez mais nossa criatividade para fazer parcerias que envolvam o menor capex”, disse o CEO Bruno Ferrari.  

Nesse sentido, a companhia sinalizou que nos próximos trimestres pretende fazer apenas o capex de manutenção dos ativos – que no terceiro trimestre foi de R$ 30 milhões. O número é bem abaixo do investimento total no período, de cerca de R$ 90 milhões (excluindo pagamentos por aquisições), que incluíram investimentos em expansão em dois projetos.  

Um deles é a construção de duas clínicas dentro da joint venture com Porto Saúde, no ABC Paulista e da Zona Leste de São Paulo. Outro é a construção de um novo prédio do cancer center no Rio, anexo à Casa de Saúde São José, que já está com a capacidade tomada.  

Segundo a companhia, trata-se de investimentos já previstos e que estão sendo financiados com a fatia primária de R$ 200 milhões do aumento de capital concluído em junho 

“São projetos com payback muito acelerado, porque estamos falando de expansões de unidades que já estão credenciadas e tem uma demanda reprimida de pacientes que estão esperando para serem atendidos”, disse Camargo. A tendência é que os gastos com capex diminuam conforme esses projetos entrem em operação. 

Clientes satisfeitos

No evento, a Oncoclínicas trouxe também o CEO da Porto Saúde, Sami Fogel, e da Unimed Nacional, Luiz Coimbra duas operadoras de planos de saúde com quem tem joint ventures para o tratamento oncológico. 

Os executivos reforçaram que o modelo de ‘verticalização virtual’, em que a Oncoclínicas fica responsável pelo tratamento dos pacientes com câncer mediante um modelo de divisão de receita, é mais efetivo do ponto de vida de custo – num ganha-ganha para ambas as partes.  

“O NPS [medida de satisfação do cliente] ficou em 90 para os pacientes atendidos na parceria com a Oncoclínicas”, ressaltou Fogel.  

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Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

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