Na Movida (MOVI3), o ‘exposed’ que azedou o mercado
Foto postada por funcionário nas redes sociais expôs uma projeção de lucro para 2024 – e derrubou os papéis
Publicado em 12 de dezembro de 2023 às 17:53.
Última atualização em 13 de dezembro de 2023 às 13:39.
Na temporada de “festas da firma”, uma em específico trouxe uma dor de cabeça maior que a tradicional ressaca do day after. Uma foto postada em redes sociais por uma funcionária da Movida, de aluguel de carros, trouxe uma espécie de troféu com imagem do “compromisso” da empresa para o próximo ano: receita de R$ 12,4 bilhões, EBITDA de R$ 4,3 bilhões e lucro líquido de R$ 210 milhões.
O problema: a Movida não divulga guidances ao mercado e a meta de lucro, apresentada durante uma convenção de vendas realizada na semana passada, ficou bem abaixo do consenso de mercado para o indicador no próximo ano, que estava em R$ 400 milhões, segundo números compilados pela Bloomberg.
Um print do post viralizou e caiu como fogo em palha para uma das ações da Bolsa que mais tem posições vendidas – ou seja, apostando na queda do papel. A ação chegou a cair mais de 11% ao longo do pregão, com forte volume, obrigando a empresa a lançar um comunicado ao mercado.
Segundo a Movida, os números apresentados na imagem são “gerenciais e possuem simplificações” e por isso não podem ser considerados como um guidance formal para o mercado.
Os números apresentados na convenção de vendas não incluem operações ligadas a instrumentos derivativos financeiros e a curva de depreciação de ativos – variável-chave na indústria que precisa girar os veículos que tem no estoque via operação de seminovos e “que é impactada por condições comerciais”.
Ainda de acordo com a empresa, ficaram de fora ainda, tendências da curva Selic e movimentação de alguns créditos e provisões fiscais.
O estrago, de toda forma estava feito, e mesmo após a divulgação do comunicado os papéis ainda caem 4% perto do fechamento do pregão.
Ainda que a empresa não divulgue metas formalmente, o episódio trouxe ceticismo sobre os resultados do próximo ano e deve deixar o mercado de olho nas curvas de juros e depreciação que estão sendo consideradas pela companhia.
“Essas são as variáveis mais sensíveis que afetam os resultados da Movida”, aponta a equipe do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a Exame) em nota.
As metas de receita e EBITDA vazadas na imagem estão em linha com a consenso do mercado.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado
Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.