Goldman eleva Vale para compra e vê ação “muito atrativa para se ignorar”
Banco projeta aumento de 60% no preço-alvo dos ADRs para 2024
Karina Souza
Repórter Exame IN
Publicado em 21 de novembro de 2023 às 12:06.
Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:20.
O Goldman Sachs elevou a recomendação para as ADRs da mineradora de “neutra” para “compra” e aumentou o preço-alvo de US$ 12,20 para US$ 19,50 ao fim de 2024 – um potencial de valorização de 25% em relação ao fechamento de ontem. Por trás da recomendação está o avanço nas cotações do minério de ferro, diante da expectativa de estímulos do governo chinês – maior mercado da commodity – ao setor imobiliário, e também ganhos de eficiência por parte da mineradora.
Do lado da demanda, os analistas do Goldman apontam que as exportações à China em patamares elevados e o ganho limitado de participação no mercado de sucata pelo país podem levar a um equilíbrio de demanda — consequentemente, com preços mais altos para a commodity.
"Diferentemente de 2023, quando a pessimismo dos investidores em relação ao crescimento da China e à produção de aço limitou o desempenho da Vale, acreditamos que o mercado será convencido pouco a pouco de uma melhor configuração de oferta e demanda no ano que vem. Enquanto isso, os investidores colherão os benefícios da forte geração de fluxo de caixa livre da Vale", escrevem.
Os analistas projetam que o minério de ferro deve ser comercializado a US$ 110/tonelada no próximo ano, acima dos US$ 104/tonelada embutidos no valor de mercado da Vale hoje. Isso já traz, de largada, um potencial de valorização para a mineradora, cujo desempenho da ação ficou abaixo da curva da commodity em 2023.
A diferença deve diminuir também com a melhora da qualidade do minério de ferro produzido pela Vale. Neste ano, a mineradora anunciou que pretende aumentar o teor de ferro em seu portfólio de produtos para 63,5% até 2026 e cerca de 64% até 2030.
Com o aumento da demanda, os custos devem se diluir cada vez mais nos próximos anos. Em 2023, os analistas estimam que os custos por tonelada devem ficar em US$ 25/tonelada para uma produção de US$ 310 mt, enquanto, em 2026, o custo deve ficar abaixo de US$ 25/tonelada, para uma produção de US$ 340 mt.
"A Vale tem potencial para aumentar a produção de minério de ferro em 15% até 2026, com investimentos reduzidos por tonelada, já que a empresa aproveitará toda a infraestrutura existente. Uma potencial recuperação e melhoria de desempenho nos ativos de metais básicos também é um potencial fator-chave para ganhos", escrevem.
Segundo eles, a área de básicos — que inclui cobre, níquel, por exemplo — deve seguir freando uma parte dos ganhos de eficiência conquistados pela mineradora, mas sem ameaçar todos os ganhos a serem obtidos com a valorização do minério de ferro.
Em 2024 e 2025, o fluxo de caixa livre por ação da mineradora deve ficar entre 12% e 19%, sendo um dos mais altos na cobertura do Goldman Sachs. No setor, é o mais alto, à frente de Rio Tinto (8% para 2024), FMG (ligeiramente abaixo de 8%) e BHP (6%). Nas contas do Goldman, a companhia é a mais barata do setor, hoje, negociada a 4,8 vezes EV/Ebitda para 2024, o que reforça o cenário de oportunidade, principalmente para investidores locais, que estão com pouca exposição ao papel.
"Os metais básicos têm sido decepcionantes e o ritmo de recuperação dos ferrosos está abaixo das expectativas. Mas acreditamos que o pior já passou e esperamos uma recuperação gradual", apontam os analistas do Goldman Sachs.
Junto com todos esses fatores, a Vale ainda está perto de um acordo final com o Ministério Público e os governos estadual e federal, relacionado ao acidente da Samarco em 2015, o que também colabora para reduzir a incerteza sobre a companhia e pode levar a um novo re-rate.
O principal risco à tese, de modo geral, está em preços mais baixos para o minério de ferro em 2024. Na avaliação dos analistas, isso pode acontecer na esteira de um menor apoio do governo da China ao setor imobiliário do país.
Hoje, as ações da Vale sobem 2,2%, na contramão do Ibovespa, seguidos por alta de 2,4% no pregão de ontem. Em 30 dias, os papéis tem alta de 24%, mas ainda acumulam baixa de 13% no ano.
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Karina Souza
Repórter Exame INFormada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.