Desmistificando os fundos exclusivos
Casos pontuais de uso indevido não devem comprometer a credibilidade de um veículo que, há décadas, vem sendo um aliado no planejamento financeiro de famílias e indivíduos em todo o país, escreve Zeca Doherty, da Anbima


Zeca Doherty
Diretor-executivo da Anbima
Publicado em 23 de setembro de 2025 às 10:57.
Criados para atender um único cotista, os fundos exclusivos ainda despertam muitas dúvidas. Por falta de conhecimento sobre sua estrutura e finalidade, é comum que sejam alvo de interpretações distorcidas e julgamentos precipitados, como os que temos visto recentemente sobre o uso indevido desses produtos.
Mas é necessário reforçar: os fundos exclusivos são instrumentos legais e, quando utilizados corretamente, representam uma das soluções mais eficientes para gestão personalizada de recursos no Brasil.
Esses produtos têm como atrativo a liberdade para a composição de carteiras diversificadas que podem incluir desde títulos públicos e moedas até imóveis e participações societárias. O custo de criação e manutenção dessa estrutura, no entanto, é elevado, o que faz com que sejam destinados, principalmente, a investidores profissionais, que possuem patrimônio igual ou superior a R$ 10 milhões.
SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no seu Whatsapp
Em julho de 2025, existiam no Brasil 6,5 mil fundos exclusivos com um único cotista, somando um patrimônio de R$ 1,4 trilhão, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira dos Mercados Financeiro e de Capitais). Em 2023, eram aproximadamente 5 mil, com R$ 1,1 trilhão em ativos sob gestão. Esse avanço está relacionado, também, à segurança e transparência que esses produtos oferecem.
Assim como outros tipos de fundos, os exclusivos estão sujeitos às normas e à fiscalização da CVM (Comissão de Valores Mobiliários), devendo cumprir as diretrizes da Resolução 175, regra que disciplina o setor e trouxe avanços significativos em termos de modernização, segurança e transparência.Além disso, esses produtos devem seguir as regras de autorregulação da Anbima, que buscam reforçar as boas práticas de mercado e ampliar ainda mais a proteção dos investidores.
Isso faz com que os fundos exclusivos contem com mecanismos sólidos de controle e monitoramento. Por exemplo, os profissionais que administram e fazem a gestão do dinheiro precisam estar devidamente registrados na CVM e informar regularmente detalhes sobre os investimentos e as movimentações financeiras realizadas.
Esses fundos precisam, ainda, manter registros atualizados dos investidores e seguir regras de compliance.
Mais do que nunca, o debate sobre esses produtos deve ser conduzido com base técnica, equilíbrio e responsabilidade. Casos pontuais de uso indevido não devem comprometer a credibilidade de um veículo que, há décadas, vem sendo um aliado no planejamento financeiro de famílias e indivíduos em todo o país.
Como acontece de tempos em tempos, os fundos exclusivos voltam aos holofotes — e é justamente nesses momentos que o esclarecimento e a informação qualificada fazem toda a diferença.
Saiba antes. Receba o Insight no seu email
Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade
Acompanhe:

Zeca Doherty
Diretor-executivo da AnbimaZeca Doherty é diretor-executivo da ANBIMA (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais) desde 2012, depois de seis anos como superintendente de Supervisão de Mercados da entidade.
&w=1080&q=75)
&w=1080&q=75)