Com ajuda de lojas convertidas, Assaí recobra margens no 3º tri
Ex-Extras já vendem 2,7 vezes mais do que quando eram hipermercados e operam com margem Ebitdaigual à média das outras unidades do atacarejo
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 30 de outubro de 2023 às 21:40.
Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17:47.
Com as despesas financeiras ainda pressionadas por conta da aquisição de hipermercados Extra, o lucro do Assaí caiu 34% no terceiro trimestre em relação a um ano, para R$ 185 milhões – um pouco acima do consenso de mercado, que previa ganhos de R$ 160 milhões.
O Ebitda, no entanto, subiu 19%, somando R$ 1,21 bilhão, num movimento que sugere que o ritmo de digestão dos Extra está acontecendo de forma mais rápida que o previsto.
As lojas convertidas para os atacarejos Assaí já vendem 2,7 vezes mais do que quando eram hipermercados e operam com margem Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) igual à média de todo o grupo, antes da projeção de três anos da companhia à época da aquisição, em 2021.
A margem Ebitda ficou praticamente estável no terceiro trimestre, com leve queda de 0,2 ponto percentual, para 7,1%. É uma recuperação em relação aos 6,6% do primeiro semestre este ano.
“Diante do contexto econômico, podemos dizer que a maturação das lojas convertidas está mais rápida do que se poderia prever. Uma loja orgânica nunca atinge o Ebitda da companhia em menos de um ano”, argumenta Daniela Sabbag, CFO do Assaí.
Nesse contexto, os números conseguiram superar o ambiente macroeconômico desfavorável e as expectativas mais pessimistas. O consenso do mercado era de que as vendas em mesmas lojas cairiam entre 1,5% e 2%, mas ficaram apenas 0,9% menores.
Mesmo sendo atacarejo, o Assaí foi aumentando a relevância do cliente pessoa física no seu negócio, que já responde pela maior fatia de vendas da rede. A aquisição dos hipermercados Extras veio dentro dessa estratégia. Localizadas em pontos mais centrais, essas novas lojas oferecem mais serviços, como área maior de perecíveis, padaria e açougue.
Hoje, segundo dados da Nielsen IQ, o Assaí é o varejo alimentar de maior penetração nos lares brasileiros: um em cada quatro domicílios faz compras no grupo. Isso, explica Sabbag, ajuda a explicar o avanço de 23% na receita líquida para R$ 17 bilhões no terceiro trimestre, mesmo quando a deflação de alimentos tende a impactar o volume de compras do cliente comercial. Quando o dono de um bar ou um restaurante percebe que a tendência é de queda de preços, ele tende a fazer menos estoques.
O novo perfil das lojas também tem melhores indicadores de rentabilidade. “Esse perfil melhora margem, por causa do mix de produtos [vendidos]”, diz.
Os ganhos na ponta das vendas se somaram a melhorias de capital de giro, feitas especialmente no segundo trimestre, mas ainda representativas no terceiro trimestre com gestão de estoques. Assim, a geração de caixa chegou a R$ 4,9 bilhões, 54% a mais do que um ano antes e iniciou o processo de desalavancagem da companhia, cuja relação de dívida líquida/Ebitda passou de 4,67x para 4,4x.
Sabbag está confiante de que a alavancagem deva cair em ritmo mais intenso ao longo de 2024, depois da concluir, em janeiro, o último pagamento da aquisição das lojas Extra. “Temos todos os elementos para continuar entregando importante crescimento de geração de caixa. E, depois, os investimentos da companhia vão se equilibrando com a taxa de juros em queda”, diz a CFO.
Nos últimos três anos, o Assaí investiu aproximadamente R$ 10 bilhões e abriu 120 lojas. Em um ano, 59 lojas do Extra já foram convertidas.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado