Logo Exame.com
Empresas

Braskem: Adnoc vai oferecer tag-along aos minoritários, segundo fontes

Proposta feita na última semana deixou investidores temerosos

Braskem: proposta da Adnoc deixou investidores com a pulga atrás da orelha na semana passada (Luke Sharrett/Bloomberg)
Braskem: proposta da Adnoc deixou investidores com a pulga atrás da orelha na semana passada (Luke Sharrett/Bloomberg)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 13 de novembro de 2023 às 19:26.

Última atualização em 27 de dezembro de 2023 às 17:23.

A nova proposta da Adnoc pela Braskem, levada a público no dia 8 de novembro, deixou investidores num otimismo cauteloso. Os novos termos para o acordo levaram à valorização de 10,4% nos papéis da empresa brasileira desde então, cotados hoje a R$ 19,43. Entretanto, o preço ainda está muito abaixo dos R$ 37,29 ofertados pela estatal de Abu Dhabi — em grande parte por preocupações com o tag along de minoritários.

São temores que podem se dissipar em breve: por enquanto, a oferta da ADNOC prevê a oferta de tag along aos minoritários, segundo fontes que conhecem bem a proposta.

A Adnoc ofereceu R$ 10,5 bilhões por 38,3% do capital social da Braskem. Nessa fatia, estão compreendidas 50,1% das ações votantes (ON) e 22,9% das ações sem direito a voto (PNA).

Desse total, 35,3% do capital vai ficar com a Adnoc e os 3% restantes com a Novonor. Na prática, a Adnoc montou uma estrutura em que ela libera todas as ações da Braskem que estão com os bancos, mas vai deixar 3% com a Novonor ao fim do processo.

Como a proposta não delimitou se as ações que ficarão com a ex-Odebrecht serão ordinárias ou preferenciais, investidores ficaram temerosos de que, no acordo, a Novonor ficasse com papéis ordinários — o que poderia abrir espaço para que a Adnoc não fizesse o tag along aos minoritários. Ou seja, não estendesse a eles as mesmas condições ofertadas ao controlador no caso de venda de controle.

A Lei das Sociedades por Ações determina a realização de uma oferta aos minoritários de ações votantes em caso de venda de controle. Pela legislação, o comprador do controle pode oferecer apenas 80% do prêmio pago ao vendedor.

É da redação da lei, combinada com um parecer da Comissão de Valores Mobilários (CVM) de 2006 que vem a cautela dos investidores. Na época, a autarquia determinou que venda de controle equivale a 50% do capital votante mais uma ação ordinária. A partir desse percentual, entende-se controle, ou seja, maioria absoluta do capital votante. O parecer em questão tratava do acordo selado pela rede francesa Casino e o Grupo Pão de Açúcar.

No caso da Braskem, empresa do Nível 1 da B3, o tag along não seria devido às ações PNA (preferenciais classe A). Contudo, o estatuto social da petroquímica prevê, sim, esse direito para os detentores de ações PNA. A ADNOC, conforme fontes ouvidas, não pretende discutir a aplicação do estatuto com os minoritários e sua intenção é lançar oferta a todos os investidores de mercado.

A redação do estatuto da empresa, em seu artigo 10, diz: oferta para todas as ações de emissão da companhia, independentemente de tipo ou classe, e pelo mesmo preço pago ao vendedor do controle.

Vale lembrar, porém, que tudo ainda segue sob negociação. A proposta feita pela Adnoc não é vinculante e depende de aceitação, inclusive da Petrobras. Isso porque a intenção da empresa de Abu Dhabi é negociar um novo acordo de acionistas e ser sócia da Petrobras na petroquímica.

A proposta pela Braskem prevê, como pagamento aos bancos, metade em dinheiro no ato e metade com títulos de dívida com prazo de 7 anos, rendimento de 7,25% ao ano.

Nos três primeiros anos, o rendimento é aplicado, mas não há pagamento aos detentores do papel, os valores são acruados ao principal. A partir do quarto ano, o rendimento será pago anualmente. Ao fim do sétimo ano, a dívida é amortizada integralmente.

Na proposta anterior, feita por Adnoc em conjunto com a gestora Apollo, o valor ofertado era de R$ 47 por ação, mas apenas R$ 20 eram em dinheiro; R$ 20 em um título de dívida perpétuo, que rendiam 4% ao ano, e outros R$ 7 por ação eram uma warrant, que dependia de uma série de condições atreladas ao retorno que Apollo teria com o investimento em Braskem. Agora, tudo ficou muito mais simplificado, com rendimento mais atrativo e prazo muito mais curto.

A Adnoc já apresentou à Petrobras a oferta que levou aos bancos e à Novonor. Agora sozinha, sem a sociedade com o fundo de investimento americano Apollo — que estava com a Adnoc na proposta anterior — a firma de Abu Dhabi gostaria de se tornar sócia da estatal.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

Continua após a publicidade
Líder em whey protein no Brasil, Supley vai às compras para ganhar mais musculatura

Líder em whey protein no Brasil, Supley vai às compras para ganhar mais musculatura

Log, de galpões, turbina dividendos: “Estamos no nosso melhor momento”, diz CEO

Log, de galpões, turbina dividendos: “Estamos no nosso melhor momento”, diz CEO