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UBS BB corta CTEEP para ‘venda’ por agressividade em leilões e risco Eletrobras

Possível venda de ações de parte da antiga estatal e incertezas sobre indenizações estão por trás da recomendação do banco

Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 29 de novembro de 2023 às 11:12.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:10.

O UBS BB cortou sua recomendação para as ações da transmissora de energia Isa CTEEP de ‘neutra’ para ‘venda’, com corte no preço-alvo de R$ 28 para R$ 23,50, num raro ‘sell’ para o segmento, normalmente valorizado pela previsibilidade e reajustes que acompanham a inflação.

Nas contas do UBS, aos preços atuais, a CTEEP já negociada abaixo dos pares de mercado, a uma taxa interna de retorno (IRR) de 6,4%, ante 10,4% na média do setor – e há três fatores grandes fatores que tendem a puxar esse retorno ainda mais para baixo.

O primeiro deles é a agressividade do leilão de transmissão feito em janeiro. Na avaliação da equipe liderada por Giuliano Ajeje, o lance vencedor foi feito com um IRR abaixo do custo de capital da companhia, numa transação que deve destruir valor ao longo do tempo.

A CTEEP levou o maior dos lotes do leilão apenas em agosto depois que o consórcio Genesis foi desqualificado por não conseguir apresentar as garantias necessárias para tocar o projeto.

Outro fator de pressão sobre os preços diz respeito às incertezas sobre reajustes da RBSE, a receita anual permitida no setor de transmissão, estabelecida pela Agência Nacional de Energia Elétrica. Hoje, a Isa CTEEP tem uma indenização a receber de R$ 2,4 bilhões por ano entre 2024 e 2028, valor que já está embutido no preço atual da ação.

No entanto, há o risco deste valor ser revisado para baixo. Uma nota técnica publicada no ano passado sugere uma alteração no cálculo de valores relacionados à remuneração de ativos de transmissão das concessões renovadas em 2013, por meio da fatídica MP 579 – que acabou por desestruturar todo o setor.

O resultado do novo cálculo, feito pela Aneel de olho em corrigir inconsistências de metodologia, mostrou que o saldo devedor total às transmissoras seria de R$ 31,5 bilhões, em vez dos R$ 33,9 bilhões calculados anteriormente.

“Se a Aneel utilizar nota técnica 85 como referência, isso implicaria um impacto negativo no valor patrimonial de R$ 792 milhões (R$ 2/ação) para a CTEEP”, escrevem os analistas.

Para completar esse cenário, restam as incertezas de quando e como será feito o desinvestimento por parte da Eletrobras na companhia — o que pode gerar volatilidade e o chamado ‘overhang’, com o aumento das ações em circulação puxando para baixo o preço da companhia.

A antiga estatal de energia tem 36% do capital da CTEEP e já disse que pretende se desfazer de parte desses papéis. Uma oferta programada para o mês passado foi interrompida, mas deve voltar a mercado em algum momento.

Com uma alta de 6% no ano, as ações preferenciais da CTEEP estão cotadas a R$ 24,24. Além do UBS, o Bank of America tem recomendação de venda, com a maior parte dos demais analistas com recomendação ‘neutra’, ou seja de manutenção das ações.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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