Localiza: BTG vê redução na depreciação apenas em 2025 e corta preço-alvo em mais de 20%
Queda de preços dos veículos tem pressionado a depreciação e a operação de seminovos, diz banco – que mantém a recomendação de compra após queda de 35% nos papéis neste ano
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 17 de junho de 2024 às 13:27.
Última atualização em 17 de junho de 2024 às 14:21.
O BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME) fez um corte generoso no preço-alvo das ações da Localiza. Embora tenha mantido a recomendação de compra, o banco passou o preço-alvo de R$ 90 para R$ 70, observando um momento operacional forte para o segmento de locação, mas com a divisão de seminovos ainda pressionada.
Embora espere que a tendência de depreciação diminua à medida que a Localiza renova sua frota – impulsionada pelos preços de aquisição mais baixos –, o time adotou uma abordagem conservadora e só espera uma redução na depreciação a partir de 2025.
Em meio a um mercado azedo, o relatório ajudou a puxar para baixo as ações da companhia – uma das mais sensíveis à atividade e à taxa de juros –, que recuavam cerca de 2% na ação às 13h desta segunda-feira. Ainda assim, o preço-alvo do BTG embute um prêmio de 70% em relação à cotação atual, de R$ 39,46.
“Apesar da falta de visibilidade de curto prazo em Seminovos, as divisões de aluguel têm apresentado desempenho forte. O aluguel no varejo (RAC, na sigla em inglês) mostrou tendências encorajadoras nos últimos trimestres e a gestão de frota continua robusta”, afirma os analistas.
No entanto, os números da companhia vieram mais fracos nos últimos trimestres e o cenário macroeconômico ficou mais desfavorável para a indústria automotiva, pressionando a depreciação da frota da locadora e deixando o resultado da operação de Seminovos mais apertada, segundo o relatório da equipe liderada por Lucas Maquiori.
O preço médio dos veículos novos continuou a aumentar em maio, embora a um ritmo mais lento do que em abril. Por outro lado, os preços dos carros usados continuaram a cair, contribuindo para um aumento adicional na depreciação, que está em seu maior patamar histórico.
“Observamos uma tendência especialmente volátil para modelos mais novos que atribuímos à significativa sobreposição com as vendas de veículos novos beneficiadas por descontos agressivos no varejo e à crescente presença de veículos chineses no mercado brasileiro”, escrevem os analistas do banco. O país tem liderado a importação dos carros elétricos produzidos na China – é o maior comprador em volume e, e em valor, só fica atrás da Bélgica.
A pressão sobre a operação de carros seminovos fez o banco rever a receita para 2024 e 2025 para baixo: indo de R$ 37,7 bilhões e R$ 42,3 bilhões, para R$ 37,1 bilhões e R$ 41,3 bilhões, respectivamente. Com as novas previsões da primeira linha, o banco também atualizou as estimativas para o Ebitda e o lucro da Localiza, fazendo cortes de até 22% na última linha para este ano, em R$ 3 bilhões.
Para a equipe do BTG, embora o papel ainda negocie a um preço com risco-retorno “atraente” (justificando a manutenção da recomendação de compra), é a melhoria do segmento de seminovos vai ser o catalisador para os papéis.
“No futuro, a melhoria da dinâmica das vendas de carros novos e usados será crucial para nos tornarmos mais otimistas em relação ao crescimento mais forte dos lucros, o que, em última análise, impulsiona o desempenho das ações.”
A Localiza tem valor de mercado de R$ 42,51 bilhões. No ano, o papel acumula desvalorização de mais de 35%.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado