Em meio a preocupações do mercado com inadimplência, Nubank traz novo chefe de crédito
VP de crédito desde 2020, Ravi Prakash vai para o Robinhood e será substituído por Tyler Horn, com mais de uma década de experiência na Capital One
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 5 de agosto de 2024 às 11:18.
Última atualização em 5 de agosto de 2024 às 11:41.
O Nubank está promovendo mudanças na área de gestão de risco de crédito, num momento em que o mercado começa a questionar a trajetória de inadimplência da carteira do banco.
Ravi Prakash, que era chief credit officer (CCO) desde 2020, acaba de deixar o banco após receber uma oferta para liderar a mesma área no Robinhood, a fintech de investimentos com baixo custo de corretagem que revolucionou o mercado americano.
Ele foi um dos principais artífices da estratégia de ‘low and grow’ do banco, que envolve a concessão de pequenos tíquetes – que podem ser tão pequenos quanto R$ 50 – especialmente para os clientes de baixa renda e aumento gradual da concessão conforme seu histórico de pagamento.
Para o seu lugar, o roxinho está trazendo um executivo com background semelhante: Tyler Horn, que assim como Prakash fez uma carreira de mais de uma década na Capital One, o quarto maior emissor de cartões de crédito e um dos maiores bancos dos Estados Unidos.
Nos últimos 12 anos, ele trabalhou em várias funções de liderança em crédito, tanto na primeira quanto na segunda linha de defesa. Nos últimos três anos, ele liderou o gerenciamento de risco de crédito como diretor da divisão de cartão dos Estados Unidos.
Horn vai responder a Henrique Fragelli, que é o chief risk officer (CRO) do banco desde 2018. (Apesar da hierarquia, a estrutura do banco na área é bastante horizontal: num videocast da área de relações de investidores feito há três meses, Prakash foi apresentado como ‘VP de risk management’.)
O novo CCO vai assumir a área num momento de inflexão para o Nubank – com o aumento de participação de outras modalidades além do cartão de crédito à vista se traduzindo em mudanças no perfil de inadimplência.
Tradicionalmente com percentual de empréstimos em atraso abaixo dos pares no mercado brasileiro, em maio, o banco viu o índice piorar, a despeito da trajetória de estabilidade ou mesmo melhora dos concorrentes – o que levantou a luz amarela para alguns investidores e parte do sell side.
Dados do Banco Central apresentados no fim da semana passada mostraram um aumento de 49 basis points no percentual de empréstimos com atraso de mais de 90 dias, para 10,2% do total.
“Além disso, o Nubank manteve um forte crescimento de sua carteira de crédito acima de 50%, o que implica que piora nas tendências de qualidade dos ativos vista nos últimos meses ainda não impactou negativamente o apetite de risco do banco”, escreveu a equipe do Bradesco BBI.
Até 2022, o crédito no Nubank estava concentrado principalmente em cartão de crédito à vista, que não cobra juros. A modalidade respondia por 85% da carteira. Desde então, o banco vem avançando em outras modalidades, como Pix Crédito e crédito pessoal, fazendo a carteira de crédito sobre a qual incide juros passar a 32% – o que vem pressionado a inadimplência, mas se traduzindo numa receita maior de juros.
O banco tem sinalizado a investidores que o foco é no valor presente líquido (NPV) das operações de crédito, que tem crescido a despeito do aumento da inadimplência.
O Nubank apresenta seus resultados do segundo trimestre no dia 13, após o fechamento do mercado.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.