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BofA eleva Marfrig para ‘compra’ por desconto em relação a BRF

Ações não refletem venda de ativos para Minerva, diz banco; ações lideram altas do Ibovespa  

 (Marfrig/Divulgação)
(Marfrig/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 22 de novembro de 2023 às 14:39.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:18.

O Bank of America elevou a recomendação para as ações da Marfrig de ‘neutra’ para ‘compra’ e subiu o preço-alvo de R$ 8,5 para R$ 13 ao fim de 2024, alegando que a relação entre risco e retorno da companhia está mais favorável.

 No centro da tese do banco está o fato de que a Marfrig está muito descontada em relação à soma das suas partes, especialmente depois o papel ter performado abaixo da BRF – empresa da qual detém hoje 47,5% do capital – nos últimos meses.

 “Além disso, na nossa visão, as ações não refletem a venda de cerca de 40% das operações de frigoríficos na América Latina para a Minerva, que deve destravar valor significativo”, escrevem a equipe liderada por Isabella Simonato.

 O otimismo do banco ajudou a colocar a processadora de proteína animal no topo das altas do Ibovespa nesta quarta-feira, com avanço de 6,76% por volta das 14h10, com as ações cotadas a R$ 9.

 Hoje, a fatia da Marfrig na BRF vale cerca de R$ 11,3 bilhões. Nas contas do banco, o negócio restante de carne bovina deve ter um EBITDA de R$ 4,1 bilhões a R$ 4,2 bilhões no próximo ano. Se aplicado um múltiplo de 5 vezes EV/EBITDA para a divisão – em linha com a média história – o valor de equity da divisão seria de R$ 1,5 bilhão.

 “Isso significa que as ações agora estão negociadas com um desconto de 37% em relação à soma das partes, em comparação com a média de 8% desde maio de 2022”, aponta os analistas. Com a alta de hoje, a Marfrig vale cerca de R$ 8,72 bilhões na B3.

 Para eles, esse desconto parece elevado e deve diminuir bastante por menos três razões. A primeira delas é que a Marfrig pode estar mais perto de alcançar sua participação final na BRF, dada sua posição de alavancagem,  o que reduziria assim a incerteza sobre alocação de capital.

 A venda de ativos para a Minerva e o fluxo de caixa recorrente também devem ajudar a reduzir a alavancagem.  “Estamos incluindo a venda em nosso modelo, o que adiciona R$ 3,0 por ação ao nosso preço-alvo, e destacamos que é fundamental para a redução da alavancagem da Marfrig, passando de 5,3x dívida líquida/EBITDA para 4,3x até o quarto trimestre." 

 Além disso, dizem eles, a empresa está sendo mais ativa na recompra de ações, com um novo programa anunciado agora, o que também deve trazer impulso para o papel. 

Um bom negócio para a Marfrig, por um lado, não foi tão bom assim para a Minerva, na visão do banco. No mesmo relatório, o BofA manteve a recomendação neutra essa última companhia, mas reduziu seu preço-alvo de R$ 12 para R$ 9,30, a fim de incorporar a aquisição das plantas da Marfrig e o maior custo de capital.

“Acreditamos que o acordo foi caro e não vemos sinergias comerciais claras, apesar da maior escala”, argumentam, adicionando que a transação provavelmente manterá a alavancagem da Minerva acima de 3x até 2025. O banco manteve a recomendação neutra para os papéis da JBS e preço-alvo de R$ 25, em linha com o relatório de resultados divulgado no último dia 14, quando considerou os números operacionais em linha com o esperado.  

A equipe também manteve recomendação de venda para BRF, com preço-alvo de R$ 11,6, ante os R$ 11 anteriores. A elevação do preço-alvo leva em consideração os números melhores do terceiro trimestre. Apesar disso, os analistas acreditam que não haja potencial de valorização nos níveis atuais do papel e veem riscos relacionados aos preços internacionais do frango e aos custos de ração em 2024.  

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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