Logo Exame.com
Empresas

A aposta da Ambev para ir muito além da cerveja

Ainda pequena – e sem números abertos – a divisão criada pela dona da Brahma está de olho no copo da geração Z, que gosta das bebidas docinhas

Beyond Beer: Mais de 20% da receita da Ambev vem de produtos que não existiam há dois anos no portfólio (Ambev/Divulgação)
Beyond Beer: Mais de 20% da receita da Ambev vem de produtos que não existiam há dois anos no portfólio (Ambev/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 26 de dezembro de 2023 às 09:01.

Dona da Brahma, da Skol, da Corona e da Stella Artois, a Ambev percebeu que precisava ser mais que cervejaria. O consumo de cerveja avança no Brasil, mas são os drinks prontos – e mais doces – que têm crescimento em ritmo mais intenso. Tudo isso é puxado pelas mudanças de hábitos da geração Z, cada vez mais representativa no grupo de compradores.

“A Ambev não é mais apenas uma cervejaria”, diz Daniella Cachich, que chegou na Ambev em 2021, vinda da Pepsico, para capitanear a iniciativa da companhia de ter uma divisão que fosse para tudo que ia “além da cerveja”.

Agora, a empresa se vê como uma plataforma, em que bebidas, de todos os tipos, se unem a inovação e serviços. Exemplo disso está no Zé Delivery, seu app de entrega direta ao consumidor, ou no BEES, um marketplace que vende até mesmo alimentos de marcas parceiras aos donos de bares e restaurantes.

Batizada de Beyond Beer, a unidade comandada por Cachich é dona de marcas como Mike’s, bebida feita com vodka e diferentes sabores, e do já bastante conhecido Beats (ex-Skol Beats), cuja criação há dez anos foi a primeira aposta da Ambev fora do copo de cerveja. Até mesmo vinhos fazem parte dessa frente, representados pela bodega argentina Dante Robino. Mais recentemente a executiva colocou sob essa guarda-chuva também os não alcoólicos (NAB), cujo portfólio inclui Guaraná Antarctica, Pepsi e Gatorade, por exemplo.  

A ideia de ter tudo junto é uma forma de acelerar o calendário de inovações e permitir a empresa ter “bebidas para todas as ocasiões de consumo”, diz Cachich. Essa tem sido a tese para toda a companhia. Foi assim que o portfólio de cervejas ganhou rótulos como Michelob Ultra, Spaten, Becks e Budweiser Zero desde 2020, mas grande parte dos lançamentos está mesmo na Beyond Beer.  

“Há uma maior demanda por mais sabores. Então é preciso estar dentro das tendências e ouvir o consumidor. Um exemplo disso foi a criação do Mike’s Pitaya, uma fruta que vinha ganhando alguma popularidade e que logo vimos o potencial como um sabor para a bebida”. Hoje mais de 20% da receita da Ambev vem de produtos que não existiam há dois anos no portfólio, sejam eles cervejas ou não.

Todo fim de ano a companhia lança um novo sabor de Beats a fim de capturar a demanda de uma das principais datas de vendas do mercado de bebidas alcoólicas no Brasil: o carnaval. Neste ano, a aposta é o Beats Tropical, uma mistura de gim com frutas tropicais, que superou outros 15 sabores testados.  Nos últimos dois carnavais, a companhia lançou o Beats GT e o Caipi Beats, sabores de gim tônica e caipirinha, respectivamente. O sabor com o drink típico do Brasil, a caipirinha, superou em 90% o volume produzido estimado inicialmente.

Esse recorte é importante, argumenta a executiva, porque 63% dos novos consumidores da marca também são novos nos ready to drink – categoria que dobrou de tamanho de vendas no mundo entre 2020 e 2022 de acordo com a NielsenIQ.

De olho nesse mercado, no fim de outubro, a concorrente Heineken também foi além da cerveja e lançou o Amstel Vibes de limão e de morango com melancia. Foi a estreia na categoria de bebidas ready to drink no Brasil.

No Brasil, a Ambev ainda não abre o tamanho da divisão toda — apenas os números de bebidas não alcoólicas são publicados nos relatórios trimestrais. Também não publica qual o montante de investimento para o desenvolvimento desses produtos.

As novidades têm sido especialmente testadas e desenvolvidas no núcleo de inovação e tecnologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), mantido numa parceria com a Ambev. “Nosso ritmo de lançamento está ganhando cada vez mais velocidade e precisa ser mais rápido que em cerveja, por exemplo. Se antes levava um ano, hoje colocamos um novo produto na gôndola em quatro meses.”

Ainda é preciso ganhar mais tempo de estrada e musculatura para os números da categoria total de Beyond Beer aparecerem nos relatórios da Ambev (os não alcoólicos no terceiro trimestre reportaram crescimento de 2,8% de volume e de mais de 5% de receita).

Mas na controladora AB InBev, a divisão Beyond Beer está lá, embora ainda seja pequena. No terceiro trimestre, cresceu um dígito médio e representou cerca de 3% da receita total de produtos e serviços, de US$ 15,6 bilhões.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

CeA: Leilão para venda da Cofra movimenta R$ 460 milhões; ação sai com desconto de 12%

Allos foca em disciplina de capital e reverte prejuízo no 3º tri; lucro é de R$ 113 milhões

Allos foca em disciplina de capital e reverte prejuízo no 3º tri; lucro é de R$ 113 milhões