UBS prevê Selic de 8% — com uma forcinha do El Niño
Banco prevê IPCA a 3% até o fim do ano
Karina Souza
Repórter Exame IN
Publicado em 11 de fevereiro de 2024 às 08:58.
O UBS BB acredita que a Selic pode chegar a 8% ainda em 2024, abaixo do consenso de mercado que aponta para 9% ao fim do ano. A expectativa é que uma inflação zero na indústria, somada a uma dinâmica de queda de preços em alimentos, vão mais do que compensar uma resistência no setor de serviços. Na visão do banco, o IPCA deve alcançar 3% até o fim do ano (o consenso é de 3,8%).
O UBS destaca que a categoria de alimentos pode pressionar o primeiro trimestre, mas será algo pontual, aliviado ao longo dos meses seguintes. Entre os motivos, estão o clima favorável em dezembro e janeiro, somado aos efeitos do El Niño — mais fracos do que o previsto em termos de impactos na produção.
No último mês, o IPCA registrou um avanço de 0,42% em relação a dezembro, principalmente por algumas categorias de maior volatilidade, como vestuário e alimentos. O percentual é bastante parecido com o que o banco havia projetado (+0,40%), Em fevereiro, a pressão para cima na inflação deve vir de reajustes de mensalidades de escolas, além do efeito de impostos estaduais sobre combustíveis.
“Apesar dessas pressões, o trimestre deve ser marcado por uma continuação da inflação baixa de produtos industriais e uma desaceleração da inflação de alimentos, que vai reverberar por todo o ano”, dizem os analistas.
No acumulado de doze meses, a inflação medida a partir de itens menos voláteis (na linguagem técnica, a metodologia 5-core do Banco Central) chegou a 4%, e pode chegar a um intervalo de 3% a 3,5% já no segundo trimestre de 2024, segundo o UBS BB.
Os caminhos que levaram o índice a chegar até aqui, entretanto, são diferentes dos que vêm pela frente. Até agora, houve uma desaceleração tanta na indústria quanto em serviços – mas a dinâmica dos dois segmentos deve mudar daqui pra frente.
O banco projeta que a inflação industrial fique em zero em 2024, ainda refletindo os desarranjos de preços causados pela Covid-19.
“Na pandemia, a inflação de bens subiu muito mais que a média, uma vez que não era possível aproveitar serviços em meio às restrições de circulação de pessoas”, dizem os analistas. “Com o fim desse período, começou a normalização de preços. A inflação de bens caiu e a de serviços subiu. Na nossa visão esse ajuste não terminou e é um fenômeno global”.
A inflação de serviços deve seguir mais resistente: hoje está em torno de 5%, enquanto no período pré-2020 estava em 3,5%.
Apesar de ainda estar acima da média pré-Covid, o UBS aponta que isso será compensado pela dinâmica de preços da indústria e de alimentos.
O UBS estima que o IPCA chegue a 3,5% em junho deste ano, meio ponto percentual abaixo do consenso de mercado. “Com uma projeção de inflação abaixo da meta nesse período, e com o Fed em meio ao ciclo de afrouxamento (esperamos o primeiro corte em maio), acho que o Copom vai acelerar o ritmo de cortes para 0,75 p.p.”, prevê a equipe do banco.
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Karina Souza
Repórter Exame INFormada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.