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Enchentes no RS

‘Reconstrução do RS precisará de colaboração de empresas e Estado’, diz CEO da Renner

Em entrevista ao INSIGHT, Fabio Faccio conta como a varejista, nascida no estado, tem lidado com o desastre causado pelas chuvas; 80 mil peças de roupa e calçados já foram doados


 (Leandro Fonseca/Exame)
(Leandro Fonseca/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 9 de maio de 2024 às 07:01.

Última atualização em 9 de maio de 2024 às 10:24.

Num período normalmente voltado à preparação para a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, as planilhas, reuniões de conselho e apresentações dividiram lugar com resgates de barco, triagem de peças de vestuário para doação e busca de parcerias para conseguir água potável e outros mantimentos para os desabrigados das cidades afetadas pelas fortes chuvas que assolam o Rio Grande do Sul.

Nas últimas semanas, essa tem sido a rotina de Fabio Faccio, CEO da varejista de moda Renner  e de grande parte da equipe da empresa.

As vendas da Renner não devem sofrer grande impacto: as lojas 20 lojas fechadas no estado representam 3% do total do parque total no país. Não houve perdas materiais de equipamentos e mercadorias.

Mas, nascida no estado e com sede em Porto Alegre, a companhia se viu diante de uma crise sem precedentes, que passa por seus muros mas vai muito além deles.

“Essa tragédia é muito grave. É uma coisa muito impactante, porque afeta, ao mesmo tempo, vários direitos essenciais”, diz Faccio em entrevista ao INSIGHT. “A reconstrução do Rio Grande do Sul vai ser longa e precisará da colaboração de empresas, associações e Estado.”

Os temporais já deixaram, segundo o último balanço da Defesa Civil, 100 mortos. Outras 128 estão desparecidas. Ao todo, mais de 1,4 milhão de pessoas de 417 municípios foram afetadas.

“Temos que ter um planejamento de médio e longo prazo, porque as questões climáticas importam cada vez mais”, diz Faccio. “Cada vez mais temos que ter a consciência dos impactos. Agora mesmo estamos vendo chuvas na Amazônia na época de seca, uma bolha de calor no outono no Sudeste e as enchentes no Rio Grande do Sul”.

Diante da catástrofe, a primeira preocupação, conta o executivo, era garantir segurança dos funcionários que moram no Estado. “Do quadro de colaboradores, temos algumas pessoas com perdas materiais relevantes, mas, felizmente, todos estão em segurança”.

Entre as medidas adotadas, estão o suporte psicológico e financeiro, com a antecipação do 13º salário e o depósito de um auxílio emergencial para os colaboradores com perdas relevantes. A rotina dos funcionários também foi flexibilizada para apoiar familiares e suas comunidades.

No restante do país, as lojas da varejista passaram a ser ponto de coleta de doações. O Instituto Renner, seu braço social, tem centralizado as ações da companhia para que a atuação seja mais assertiva, explica Faccio. O foco inicial foram os resgates. Foram mais de 800 até agora, com suporte financeiro para aluguel de barcos, além da destinação de recursos para ações emergenciais da Defesa Civil estadual.

Ainda por meio do Instituto, a varejista doou 80 mil peças entre roupas e calçados. Na primeira leva, o foco foram roupas íntimas, roupas infantis e roupas de cama.

A companhia tem ainda outros 300 mil itens de vestuário, calçados e cama e banho já separados para doação e aguardando o aval da Defesa Civil – a manutenção da chuva e o ritmo lento de redução do nível da água tem sido um ponto crítico na capacidade das instituições de receberem doações.
A varejista também fez doação de 60 mil litros de água e está, por meio do Instituto, costurando parceria com uma grande empresa do setor para garantir nova doação, conta Faccio.

“Estamos buscando mais parcerias com outras empresas. Somos uma ponte como uma empresa relevante do estado. Há diversas associações e empresas locais apoiando muito e empresas de outros estados estão nos procurando para ajudar.”

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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