De volta ao jogo? Sanchez, da EMS, aumenta fatia na Hypera
Após retirar proposta de fusão, veículo do empresário chegou a 6% do capital e tem mais 2% em derivativos
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 21 de dezembro de 2024 às 10:55.
Última atualização em 21 de dezembro de 2024 às 10:57.
Um mês e meio depois de ter retirado uma proposta formal de fusão com a Hypera, Carlos Sanchez, controlador da farmacêutica EMS, voltou a aumentar sua participação na concorrente.
Segundo comunicado divulgado na noite de ontem, a Perenne Investimentos — veículo do empresário — chegou a uma fatia de 6,02% na Hypera.
Antes da oferta de aquisição, Sanchez já vinha construindo posição na companhia, mas não tinha rompido a barreira dos 5% que disparada a necessidade de comunicado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
A Perenne afirmou que “é parte de instrumento derivativo referenciado em 12,6 milhões da Hypera”. O valor é equivalente a mais 2% do capital.
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A retirada da proposta parece ter sido mais um recuo tático do que uma desistência. O conselho da Hypera negou a oferta de fusão com a EMS no fim de outubro, por unanimidade.
A estrutura da proposta incluía uma oferta pública de aquisição (OPA) por 20% das ações da Hypera — e com uma OPA em curso, a EMS ficava impedida por razões regulatórias, de aumentar sua posição.
No comunicado, a Perenne afirma que a aquisição da participação não objetiva “per se” alterar a composição do controle.
Ao retirar a oferta de fusão, a EMS se mostrou disposta a negociar: "Caso haja interesse do conselho de administração da Hypera em reavaliar sua posição e iniciar discussões sobre uma transação envolvendo a combinação de negócios com a EMS, estamos dispostos a discutir os termos comerciais inicialmente propostos", afirmou a EMS em carta enviada à Hypera.
Há dois meses, a empresa da família Sanchez propôs OPA a R$ 30 por ação, um prêmio de 40% em relação à cotação do dia anterior, para 20% das ações da Hypera.
A oferta veio num momento em que a companhia tinha divulgado um plano de otimização de capital de giro, para tentar conter seu endividamento, que derrubava as ações em mais de 15% num só pregão.
Pela proposta, haveria uma troca de ações de ambas as empresas pelo mesmo valor, avaliando cada uma delas ao mesmo múltiplo, de cerca 11,5 vezes EBITDA.
Hoje, os papéis da Hypera negociam a R$ 18 — queda de mais de 40% em seis meses. Só nos últimos 30 dias mês, as ações recuam 10%, pressionadas em grande parte pela disparada dos juros. A Hypera tem R$ 10 bi em dívida bruta, ou R$ 7 bi se excluídos os recursos em caixa no fim do terceiro trimestre.
A EMS opera sem endividamento.
Aguardemos as cenas dos próximos capítulos.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.