Na Sabesp, gap em conversão tarifária diminui e ação ganha força
Aditivo aprovado pela Arsesp reduz o atraso para remuneração após investimentos e ganho pode ser de até R$ 23 por ação
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 23 de dezembro de 2024 às 16:39.
Última atualização em 23 de dezembro de 2024 às 17:05.
Na privatização da Sabesp, a defasagem entre investimentos e correção tarifária era um ponto de atenção. Mas esse gap foi, finalmente, endereçado.
Nesta segunda-feira, 23, a Arsesp, agência reguladora do Estado, aprovou um aditivo do contrato de concessão da empresa com a URAE 1 – Sudeste. A URAE 1 é uma das unidades regionais de água e esgoto que agrega 371 municípios operados pela Sabesp.
O aditivo corrige aquilo que o mercado classificou como “uma das falhas regulatórias mais relevantes” do processo de privatização: a velocidade de reconhecimento do capex na RAB, termo em inglês para base de ativos regulatória. É sobre essa base que se define os reajustes tarifários que remuneram esses investimentos.
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Sem o aditivo, havia um atraso de 18 meses entre o investimento e seu reconhecimento nas tarifas. Por exemplo, a Sabesp investiria um valor X ao fim 2024, mas esse valor só seria incluído na base de cálculo da tarifa dali um ano e meio.
Esse atraso era relevante, principalmente dado o volume de investimentos necessários para universalização dos serviços de água e esgoto na área de concessão: cerca de R$ 68 bilhões até 2030.
A correção da defasagem animou o mercado e foi bem-recebida, com a ação chegando a subir 3%, entre as maiores altas do Ibovespa num dia em que o índice está pressionado.
Mas o cálculo de quanto deve ser o ganho com essa correção ainda pode exigir mais tempo, de acordo com o gestor ouvido pelo INSIGHT. “As estimativas dos bancos parecem estar um tanto altas”, diz.
Pelos cálculos do time do Santander, a remuneração adicional tem potencial de gerar um ganho de R$ 7 bilhões em valor presente líquido da Sabesp.
Para o time do BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da EXAME), o impacto pode variar bastante, dependendo de quanto do atraso será resolvido. A melhoria no valor justo da empresa pode variar entre R$ 6/ação e R$ 23/ação, avalia a equipe do banco.
“Se o atraso implícito cair de 18 meses para 12 meses (como no exemplo acima, com o EBIT de 2027 usando o RAB do final de 2025 sem ajustes adicionais), o impacto seria de R$ 6/ação, ou R$ 4,1 bilhões em valor presente líquido”, diz o relatório do BTG.
Se o atraso for completamente solucionado, o valor presente líquido da decisão alcançaria R$ 15,7 bilhões, ou R$ 23 por ação.
No ano, as ações da Sabesp acumulam alta de 20%.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado