Radar de dívida: 3R e Ambipar querem estrear no mercado de bonds
Se bem sucedidas, operações quebrariam jejum de dois anos em emissões inaugurais de empresas brasileiras no mercado externo
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 22 de janeiro de 2024 às 11:51.
Última atualização em 22 de janeiro de 2024 às 11:51.
Em meio a um janela que promete ser agitada para captações de dívida no mercado externo, a petroleira 3R e a Ambipar, de serviços ambientais, estão sondado o mercado para em emitir bonds.
As operações devem estar o apetite de investidores internacionais por novos emissores brasileiros. Desde fevereiro de 2022, quando a Usina Coruripe captou US$ 300 milhões com vencimento em cinco anos, as emissões de bonds tem ficado restritas em emissores mais tradicionais.
O Tesouro nacional lançou hoje uma emissão de bonds no mercado internacional com vencimento em 2034 e 2054, que deve ser precificada até o fim do dia. A última emissão soberana aconteceu em setembro do ano passado, com a captação de US$ 2 bilhões em títulos ESG. Conforme apurou o INSIGHT, a Petrobras estuda fazer uma emissão de US$ 1 bilhão a US$ 1,5 bilhão, aproveitando-se do bond soberano como benchmark.
A 3R anunciou hoje que contratou bancos para uma emissão de US$ 500 milhões para refinanciar dívidas, especialmente as relativas à aquisição do Polo Potiguar, comprado da Petrobras no ano passado.
A petroleira – que está estudando uma proposta de fusão com a PetroRecôncavo, após solicitação da Maha Energy, que é sua acionista – já tem uma linha de crédito de US$ 500 milhões contratada com o Morgan Stanley, mas nunca acessou o mercado aberto de dívida internacional.
Já a Ambipar está fazendo um roadshow ao longo desta semana para tentar emplacar um green bond – em que os recursos são usados para atividades com externalidades ambientais positivas – ainda sem tamanho definido. BofA, BTG, Itaú BBA e Morgan Stanley são os coordenadores globais, num sindicato que conta ainda com Bradesco BBI, UBS e Santander.
A fila de emissões externas foi aberta na semana passada pela Cosan, com uma emissão de US$ 750 milhões que deve ser precificada entre hoje e amanhã. A petroleira Seacreast também quer uma estreia numa emissão pequena para padrões internacionais, de US$ 80 milhões a US$ 120 milhões, focada no mercado norueguês. JBS e FS Bio também avaliam emissões externas, segundo fontes ouvidas pela reportagem.
“O spread soberano brasileiro, medido pelo CDS, hoje negocia em torno de 130 pontos-base, um patamar muito baixo que possibilita às empresas emitirem lá fora de maneira atrativa mesmo com o patamar dos juros americanos elevados”, aponta um gestor. A tradicional janela de emissão de bonds de começo de ano, baseada nos balanços do terceiro trimestre, deve fechar antes do carnaval.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.