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Varejo

Marisa faz promoção... de ações. Meta é levantar R$ 500 milhões

Controladores garantem até R$ 90 milhões na primeira etapa, o que implica em diluição

Marisa: operação de varejo sofre com queda nas vendas e piora do Ebitda (Marisa/Divulgação)
Marisa: operação de varejo sofre com queda nas vendas e piora do Ebitda (Marisa/Divulgação)

Publicado em 6 de dezembro de 2021 às 17:28.

Última atualização em 7 de dezembro de 2021 às 10:03.

A Marisa, varejista de vestuário e moda íntima, colocou em promoção suas ações. Com o preço perto da mínima dos últimos cinco anos, a empresa anunciou um aumento de capital que pode variar entre R$ 90 milhões e R$ 500 milhões, entre todas as suas possibilidades. A operação é privada, ou seja, recorre aos atuais investidores. Não tem oferta pública. Para tornar a compra interessante, a empresa fixou o preço 15% abaixo do fechamento de sexta-feira, dia 3.

A diferença entre o valor mínimo e o máximo da transação é tão grande porque a capitalização começa agora e pode terminar apenas no segundo semestre de 2022. O valor final depende do interesse dos investidores de apostar no turnaround da companhia. A reação do mercado indica que a companhia pode ter uma esperança de sucesso. As ações tinham alta de quase 15% há pouco na bolsa, cotadas acima de R$ 4,15. Com isso, o desconto para quem comprar fica ainda maior. Na B3, o valor da empresa hoje está em R$ 1,1 bilhão.

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Apesar da retomada da mobilidade e da melhora nas vendas, a operação segue no vermelho. O problema não é de hoje. O desafio da varejista de se reinventar vem de antes da pandemia. Mas, como não poderia deixar de ser, a vida ficou mais difícil com a crise sanitária.

No terceiro trimestre de 2021, a receita líquida teve alta de 21,5%, para R$ 656 milhões, na comparação anual — mas o consolidado ainda é inferior ao mesmo intervalo de 2019. O Ebitda do varejo segue negativo, com saldo no vermelho em mais de R$ 29 milhões, e também levemente pior do que 2019.

Há alguns meses, o mercado soube que havia uma potencial negociação de aquisição pela Americanas, mas que não avançou. Na época, falou-se na existência de outros interessados, mas até o momento nada andou a contento. A estratégia de recriar o negócio passa, claro, pela digitalização e ‘fintechzação’. Ambos os movimentos exigem investimento em tecnologia, o que não é barato, nem fácil.

A família controladora, os Goldfarb, quer acelerar a parte financeira.  E não é sem motivo. O trimestre só não foi pior porque a operação do Mbank trouxe algum alívio.  Com isso, o Ebitda ficou positivo no consolidado em R$ 72 milhões. Só que a venda de roupa, que é o core business do negócio, ainda segue em busca de uma estratégia e um posicionamento que a faça deslanchar.

A empresa já estava se preparando para os investimentos antes da pandemia. Em dezembro de 2019, captou pouco menos de R$ 600 milhões em uma oferta de ações na bolsa, a primeira desde a abertura de capital em 2007. Mas esse saldo acabou funcionando de colchão para a queima de caixa durante a pandemia.

O aumento de capital

A capitalização proposta pela empresa lembra a realizada pela empresa de turismo CVC. A empresa pode obter até R$ 250 milhões agora. O valor mínimo é de R$ 90 milhões porque os Goldfarb garantiram essa quantia. Mas esse montante indica que a família aceitou ser diluída. Para manter sua fatia intacta, teria que colocar mais de R$ 140 milhões somente neste momento.

O recado está dado: os controladores até aceitam reduzir sua fatia em nome do futuro da operação, mas nada de vender o controle barato.

Os acionistas que comprarem os novos papéis, pelo preço já definido de R$ 3,08, ganharão o direito de comprar mais ações em 2022 (entre 15 de setembro e 15 de novembro). Cada ação nova de agora dará direito a 0,85 de uma outra, em 2022, a um preço de R$ 3,62. É como se a companhia estivesse dizendo que até lá cada ação negociada na bolsa terá de valer no mínimo R$ 4,26. Para conseguir atrair dinheiro no ano que vem, o papel precisa valer daí para cima. Do contrário, não fará sentido para o investidor.

A diluição para os acionistas pode variar entre aproximadamente 36% e 10%, a depender das subscrições tanto de agora, como do ano que vem. O direito de participar da operação será dado a quem tiver ações em 10 de dezembro. Na prática, considerando a liquidação financeira, quem comprar até quarta-feira leva o direito de subscrição, de agora e do futuro.

O dinheiro novo, além de permitir a continuidade do plano de investimentos, vai ajudar a ampliar a liquidez. A companhia terminou setembro com R$ 275 milhões aplicados, ante a R$ 320 milhões, um ano antes. A dívida líquida subiu de R$ 431 milhões para R$ 552 milhões, sem considerar os recebíveis do cartão.

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