Lucro do Grupo Mateus cresce 25% no 4º tri e bate estimativas
Setor sofreu com pressão de demanda e deflação de alimentos, mas empresa maranhense provou sucesso de modelo de atacarejo com muito serviço e gestão afiada de caixa
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 6 de março de 2024 às 20:56.
Última atualização em 6 de março de 2024 às 21:04.
Mesmo com um ano de poder de compra ainda comprimido e inflação de alimentos em queda segurando a demanda nos atacarejos, 2023 foi um ano de ganhos para o Grupo Mateus, especialmente no último trimestre.
O lucro líquido do grupo dono de atacarejos, supermecados e hipermercados cresceu 25% no quarto trimestre, para R$ 388 milhões. Se desconsiderados ganhos não recorrentes de créditos fiscais, especialmente relevantes no quarto trimestre de 2022, o lucro ajustado saltou 61%, para R$ 332 milhões. No ano, a última linha do balanço chegou a R$ 1,2 bilhão, 20% mais do que em 2022.
Os principais números superaram as expectativas de mercado. O consenso era de lucro de R$ 312 milhões, com R$ 7,3 bilhões de receita e R$ 512 milhões de Ebitda. De outubro a dezembro, além do lucro 25% maior, a receita cresceu 24%, para R$ 7,54 bilhões, e o Ebitda chegou a R$ 607 milhões, 19% a mais do que um ano antes – se considerados ajustes, o Ebitda foi de R$ 561 milhões (+48%).
A principal agenda, diz o CFO, Túlio Queiroz, foi consolidar duas vertentes de melhoria: rentabilidade e capital de giro. Ciclo de conversão de caixa foi de 77 dias ao final do quarto trimestre, uma melhora de 3 dias ante o mesmo período do ano anterior e de 9 dias comparado ao terceiro trimestre de 2023.
Capital de giro sempre foi ponto de atenção dos investidores desde a chegada da empresa à Bolsa, em 2020. O ciclo de caixa naquele ano, por exemplo, terminou em 95 dias.
Em 2023, o crescimento veio também da expansão da empresa para mais Estados do Nordeste. Original do Maranhão, o Grupo Mateus reforçou recentemente sua presença em Pernambuco, chegando na capital Recife e em Olinda. Agora, a empresa opera em 7 de 9 Estados do Nordeste e te apetite para crescer mais na região. Chamado de regional Nordeste esse grupo de lojas reportou 6,8% de margem Ebitda para as unidades com 13 meses ou mais de operação, 1,2 ponto percentual a mais do que um ano antes.
“À medida que as lojas vêm abrindo, temos tido sucesso com nosso modelo de bastante serviço. O faturamento está ficando bem acima da expectativa”, conta o fundador e presidente do conselho Ilson Mateus. Em 2023, foram 28 lojas abertas, sendo 22 de atacarejo – modalidade que tem atraído mais investimentos em todo o varejo alimentar, mas também é a porta de entrada do Grupo Mateus em áreas em que ainda não atua.
“A intensidade da expansão em 2024 vai ser muito parecida com a de 2023”, diz Queiróz, acrescentando haver espaço para crescimento no próprio Maranhão e no Pará. Na agenda, a empresa já tem inaugurações até junho, incluindo mais uma loja em Recife, prevista para junho.
No ano, o crescimento em mesmas lojas do Mateus foi de fazer inveja nos concorrentes de capital aberto, Carrefour e Assaí: foi de 8,5% no consolidade de 2023 e de 8,8% só no quarto trimestre. Para comparação, no Carrefour, o Atacadão reportou queda de 1,8% nas vendas comparáveis do quarto trimestre e o varejo, 5,5%. O Assaí conseguiu crescimento nas vendas em mesmas lojas, mas de 2,9%.
Com a preocupação de manter uma gestão importante de caixa, a expansão vem em conjunto com preocupações de ganho de eficiência, garante Ilson. A alavancagem, em meio ao ritmo de expansão passou de zero para 0,3x -- patamar bastante inferior ao registrado no setor.
Com uma valorização de 56% em 12 meses, o papel bate os concorrentes Assaí e Carrefour Brasil, que acumulam perdas de 19% e 6,32%, respectivamente, no mesmo período. Queiróz, Mateus e o CEO, Jesuino Martins, têm intensificado a comunicação com o mercado. Toda divulgação vem seguida de viagens para São Paulo e Rio de Janeiro. A empresa também começou a fazer sua agenda internacional.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado