Logo Exame.com
ExclusivoEnergia

Exclusivo: AES Brasil vira moeda de troca em acordo entre Eletrobras e Votorantim

Em acordo referente a empréstimo compulsório, Eletrobras transferiu participação de 4% na AES – hoje em processo de venda – para o grupo dono da Auren

Parque eólico da AES Brasil, na Bahia: Empresa foi colocada à venda pela controladora americana neste ano  (AES Brasil/Divulgação)
Parque eólico da AES Brasil, na Bahia: Empresa foi colocada à venda pela controladora americana neste ano (AES Brasil/Divulgação)
Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 20 de março de 2024 às 11:31.

Última atualização em 20 de março de 2024 às 14:02.

Discretamente, a Votorantim se tornou acionista da AES Brasil: desde o fim do ano passado, o grupo tem uma fatia de 4% na geradora de energia renovável.

A participação – equivalente a pouco mais de R$ 300 milhões a valores da época – foi transferida pela Eletrobras, como parte de um acordo envolvendo o chamado “empréstimo compulsório”, uma dívida que a estatal tem com as grandes consumidoras de energia no país envolvendo encargos pagos entre as décadas de 70 e 90.

Dados das demonstrações financeiras mostram que a fatia da Eletrobras na AES caiu de 4,6% para 0,53% do capital entre o fim do terceiro e do quarto trimestre.

Além de ações da AES Brasil, a Votorantim recebeu também cerca de R$ 100 milhões em ações da Auren, equivalentes a uma participação de 1% que a Eletrobras herdou na companhia desde quando ela era ainda a antiga Cesp.

A Votorantim é uma das controladoras da Auren, com uma fatia de 38,7%, ao lado do fundo de pensão canadense CPP, que tem outros 32%.

O acordo sugere que o grupo Votorantim vê valor na AES Brasil, dona de parques eólicos e usinas hidrelétricas.

A negociação com a Eletrobras aconteceu ao longo do ano passado, antes de a AES Brasil ser colocada à venda pela controladora americana. Informalmente, a companhia já vinha sondando o mercado desde meados de 2023, quando contratou o Itaú BBA para sondar alternativas estratégicas para o ativo,  mas o processo oficial teve início deste ano.

A Auren é uma das principais interessadas. Segundo fontes ouvidas pelo INSIGHT, a geradora de energia controlada pela Votorantim foi a única até o momento a apresentar uma proposta vinculante – com um valor que não agradou aos americanos. A expectativa é que outros players que mostraram interesse ao longo das negociações, como a CTG e a Brookfield, apresentem ofertas melhores.

O acordo com a Votorantim se assemelha a outro fechado com a CSN no fim de 2022, quando a Eletrobras transferiu para a siderúrgica uma fatia de 32,6% na geradora de energia gaúcha CEEE, equivalente a R$ 367 milhões, para quitar dívida referentes ao empréstimo compulsório. A CSN tinha arrematado a CEEE num leilão realizado em julho daquele ano.

As dívidas referentes aos encargos cobrados dos grandes consumidores entre 1977 e 1993 são hoje um dos principais passivos da Eletrobras.

Diversas ações na Justiça questionam a atualização monetária sobre os valores devidos e a companhia vem num esforço ativo nos últimos anos para quitar os valores por meio de acordos.

Ao fim de 2023, a Eletrobras tinha R$ 17 bilhões provisionados referentes aos empréstimos compulsórios – R$ 6 bilhões a menos do que no mesmo período de 2022, por conta da quitação de passivos e de acordos que resultaram em perdas menores que o esperado para a companhia.

Procuradas, Votorantim e Eletrobras não retornaram até o momento. A AES Brasil disse que não iria comentar.

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Natalia Viri

Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Jornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.

Continua após a publicidade
Rio Tinto oferece US$ 7 bi por Arcadium e faz aposta alta no mercado de lítio

Rio Tinto oferece US$ 7 bi por Arcadium e faz aposta alta no mercado de lítio

Na corrida da moda esportiva, Fila vai atrás de sua herança italiana

Na corrida da moda esportiva, Fila vai atrás de sua herança italiana