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Com balanço mais leve e controle de despesas, Espaçolaser reduz prejuízo em mais de 90%

Em bases ajustadas, companhia inclusive já chegou ao azul, com lucro líquido de R$ 815 mil no trimestre

Espaçolaser: foco em rentabilidade colabora para melhora da companhia em 2023 (Apex Studios/Divulgação)
Espaçolaser: foco em rentabilidade colabora para melhora da companhia em 2023 (Apex Studios/Divulgação)
Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Publicado em 14 de novembro de 2023 às 09:56.

Última atualização em 11 de dezembro de 2023 às 17:25.

Com uma estratégia mais asset light, focada em expansão via franquias, e um processo de controle de custos e despesas, a Espaçolaser mostrou mais um trimestre de recuperação do negócio. Pela terceira vez neste ano, a companhia de depilação a laser reverteu o prejuízo de 2022 em lucro: nos três meses encerrados em setembro, a última linha do balanço ficou no azul em R$ 815 mil, considerando ajustes.

No detalhe, o dado considera o impacto do IFRS 16, que trouxe um benefício de R$ 2,1 milhões para o indicador, bem como custos e despesas não recorrentes, que contribuíram para a última linha do balanço também de forma positiva, ainda que em menor grau (R$ 172 mil). Tirando esses dois efeitos da conta, a companhia teve um prejuízo de R$ 1,4 milhão no ano, 92,3% menor do que o registrado no mesmo período do ano passado -- reforçando a mensagem de turnaround dita pelo CEO Paulo Camargo desde o início do ano.

Voltando à base ajustada, apesar de a companhia ter ficado no azul, a cifra final é menor do que a registrada no trimestre imediatamente anterior, em que a companhia teve lucro líquido de R$ 2,2 milhões. A variação acontece principalmente porque a empresa reconhece 90% do total pago pelos clientes em seis meses a partir do fechamento do contrato -- o que beneficia o segundo trimestre e traz uma receita menor no terceiro, segundo a companhia.

O retrato da empresa para os meses de junho a setembro reflete, na prática, a continuidade da estratégia adotada pelo CEO Paulo Camargo desde que chegou à empresa, em junho do ano passado. Desde então, ele enxugou a estrutura organizacional, procurou eficiências e freou a estratégia de expansão via unidades próprias, num momento em que a Selic alta pesou sobre o custo de capital.

No terceiro trimestre, a receita ficou 2,9% maior, para R$ 234,2 milhões, refletindo tanto o parcelamento alongado em 14 vezes (uma estratégia para a qual a companhia voltou depois de testes com prazo mais curto que não foram bem-sucedidos) e o aumento do tíquete médio em relação ao trimestre imediatamente anterior. O indicador de vendas mesmas lojas (SSS) aumentou 3,5 pontos percentuais, para 5,3%.

Na frente do faturamento, a companhia está conduzindo outras iniciativas, como os testes de novos procedimentos estéticos em lojas Espaçolaser e o investimento contínuo em digitalização. "Temos um aplicativo passando por reformulação e que agora usa inteligência artificial generativa para ajudar a marcar as sessões. Como resultado, já dobramos a quantidade de usuários em relação ao mesmo período do ano passado, com 60% da base usando o app", diz Camargo.

O Ebitda cresceu 15% em relação ao mesmo período de 2022, somando R$ 48,3 milhões. Houve também um avanço de 2,2 pontos percentuais em margem Ebitda, que fechou o trimestre em 20,6%.

"Agora, estamos 'competindo contra nós mesmos', o que trouxe as variações para patamares menores. Mas, o mais importante nisso tudo é que conseguimos mostrar consistência, foco no cliente e eficiência nos nossos resultados", diz o executivo.

No detalhe, as despesas operacionais no trimestre ficaram 7,1% menores, para R$ 46 milhões, refletindo principalmente a redução de despesas gerais e administrativas, que encolheram 20% na comparação anual, para R$ 14,3 milhões -- refletindo os ajustes feitos em otimização de headcount no back-office no período. Além disso, contou positivamente para a linha de despesas a reversão de provisões de devedores duvidosos, que somou R$ 446 mil ao resultado, ante uma despesa de R$ 3 milhões no mesmo período do ano anterior.

O controle na ponta do lápis chega também aos investimentos, com a continuidade da decisão de investir em franquias. No período, a companhia deixou de consumir caixa pelas atividades de investimento e passou a gerá-lo. O saldo, no trimestre, foi de R$ 140 mil -- enquanto no ano passado ficou negativo em R$ 23,6 milhões. No acumulado do ano, o volume de investimentos ficou 74,2% menor, somando um gasto de R$ 33,7 milhões.

Nos três meses encerrados em setembro, a companhia inaugurou 13 lojas -- todas franquias --, mantendo o ritmo mostrado desde o início do ano. Hoje, são 783 lojas no Brasil. O foco de inaugurações, segundo o CEO, permanece sendo em cidades nas quais não há uma unidade da Espaçolaser.

O resultado financeiro, gargalo de muitas companhias desde a escalada da Selic, ficou 29% menor na comparação anual, com uma despesa de R$ 30,1 milhões. A alavancagem, que chegou a 3,4 vezes no mesmo período do ano passado, foi reduzida para 2,5 vezes dívida líquida/Ebitda.

A melhora vem tanto da geração de caixa, impulsionada pelo follow-on feito pela companhia no ano passado, quanto pela renegociação de dívidas com bancos credores.

Hoje, a dívida líquida da companhia soma R$ 593,1 milhões. A dívida total é de R$ 838 milhões, dos quais R$ 374 milhões para vencer nos próximos doze meses.

Segundo o CEO, as negociações com os bancos credores para alongar a dívida continuam em andamento. "Estamos avançando bem na negociação. Em breve, vamos anunciar novidades", afirma Camargo, sem dizer mais detalhes sobre o processo.

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Karina Souza

Karina Souza

Repórter Exame IN

Formada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.

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