Último cético, Goldman Sachs se une ao consenso e dá compra para Hapvida
Banco vê melhora operacional e ambiente mais racional de preços, especialmente com enfraquecimento das operações regionais da Unimed
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 22 de maio de 2024 às 09:09.
Última atualização em 22 de maio de 2024 às 09:17.
O Goldman Sachs elevou ontem à noite sua recomendação para a Hapvida de ‘neutro’ para ‘compra’, elevando seu preço-alvo de R$ 4,90 para R$ 5,70 para os próximos 12 meses – um potencial de alta de 27% em relação à cotação de tela.
O banco era o único que cobre as ações da operadora de planos de saúde que ainda não tinha elevado a sua recomendação neste começo de ano.
Os resultados do quarto trimestre já tinham mostrado um ponto de inflexão no balanço, que se consolidou no balanço do primeiro trimestre. No último mês, os papéis subiram cerca de 23%.
Na visão da Goldman, os números do começo do ano mostraram finalmente a combinação de melhora em três indicadores relevantes: lucratividade, geração de caixa e mais usuários entrando na base.
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“À medida que a empresa continua a mostrar uma execução bem-sucedida de sua estratégia de turnaround, acreditamos que os investidores gradualmente se concentrarão em suas vantagens competitivas de médio prazo, em vez de no momento dos lucros de curto prazo, o que esperamos que ajude a reduzir a volatilidade das ações”, escreveram os analistas Gustavo Miele e Emerson Vieira.
Além de um maior controle de custos e despesas, o Goldman espera que o ambiente mais racional na concorrência, com o planos de saúde implementando aumentos de preços mais relevantes, seja um bom vento de cauda para a Hapvida, que opera com menor tíquete médio, dada sua estrutura mais verticalizada.
O momento de fragilidade no sistema Unimed, um concorrente importante para a companhia, reforça a percepção de maior adição líquida de vidas para a Hapvida.
Os dados do balanço patrimonial da ANS para operadoras de saúde mostram uma ligeira deterioração anual na posição de caixa ajustada das Unimeds (excluindo a Unimed-RJ) em 2023, que ocorreu apesar da aceleração dos aumentos de preços.
O quadro é ainda mais sensível para as operações menores da Unimed. “Isso poderia beneficiar o posicionamento competitivo regional da Hapvida, à medida que seu perfil forte de geração de fluxo de caixa e melhora de margens poderiam permitir que ela se tornasse mais competitiva comercialmente em algumas regiões”, pondera o Goldman.
Na mesma linha, a desaceleração no crescimento da Amil, especialmente em São Paulo, é positiva para a Notre Dame Intermédica, que tem forte atuação na região.
Nesse cenário, o Goldman ajustou aumentou em 9% sua previsão de lucro da Hapvida para 2024 e em 8% para 2025, para R$ 1,46 bilhão e R$ 2,15 bilhões, respectivamente.
A melhora vem principalmente da redução da sinistralidade e maior diluição de despesas gerais e administrativas, levaram a uma revisão positiva na expectativa de margem EBITDA.
Um alívio no capital de giro também deve se traduzir em menor alavancagem e, consequentemente, menos despesas financeiras, afirma o banco.
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado