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Educação

Trybe: um cheque de R$ 145 milhões para a 'escola de tecnologia do futuro'

Na série B, coliderada pela Base Partners e pela Untitled Investments, a edtech foi avaliada em R$ 1,3 bilhão

Matheus Goyas, fundador da Trybe: empresa tem 2.200 alunos matriculados e já recebeu mais de 190.000 candidatos para o seu curso de programação 
 (Leandro Fonseca/Exame)
Matheus Goyas, fundador da Trybe: empresa tem 2.200 alunos matriculados e já recebeu mais de 190.000 candidatos para o seu curso de programação (Leandro Fonseca/Exame)

Publicado em 6 de outubro de 2021 às 05:00.

Última atualização em 7 de outubro de 2021 às 11:41.

Quando a Trybe foi fundada em 2019 ela rapidamente chamou a atenção dos investidores. Em seis meses, captou R$ 57 milhões em aportes para apoiar a criação de um curso de desenvolvimento de software. A euforia em torno do negócio não era sem motivo: a edtech propunha um novo modelo de financiamento de estudantes em um dos mercados mais aquecidos da economia. Além disso, ela tinha como fundadores Claudio Lensing, João Daniel Duarte, Marcos Moura, Matheus Goyas e Rafael Torres, que anteriormente criaram o AppProva, ferramenta gratuita de preparação para exames como Enem e OAB, vendida para a Somos Educação em 2017.

Hoje, dois anos após o início das operações, a edtech continua impressionando os investidores de venture capital. Mesmo com boa parte do dinheiro da última rodada na conta, os fundadores escolheram fazer uma nova captação para aumentar o porfólio de produtos, o que requer investimentos maiores nas áreas de educação, tecnologia e dados.

Na sua série B, finalizada nas últimas semanas, a escola levantou R$ 145 milhões (US$ 27 milhões) e foi avaliada em R$ 1,3 bilhão (US$ 252 milhões). O investimento foi coliderado pelos fundos Base Partners e Untitled Investments e contou com a participação de XP Inc., Global Founders Capital, Endeavor Scale Up Ventures, Verde, Luxor e de Hans Tung (managing partner da GGV). 

Nas rodadas anteriores, a edtech havia recebido US$ 21 milhões de investidores como Atlantico, Canary, Igah, Global Founders Capital e Maya Capital, além de investidores-anjo renomados como José Galló, Nizan Guanaes e Arminio Fraga.

"Em dois anos, a Trybe montou um time excepcional e apaixonado e entregou os melhores resultados da categoria. Estamos aumentando o nosso investimento, pois acreditamos que a Trybe está transformando a forma como a educação é oferecida na região, diminuindo a distância entre estudantes e empregadores no setor de tecnologia", afirma Eduardo Latache, general partner da Base Partners.

Ao longo de 2021, a Trybe teve um crescimento próximo de 500% no número de estudantes matriculados na comparação com o ano anterior. Hoje, chegando à sua 20ª turma, a edtech acumula cerca de 2.200 estudantes matriculados e têm 94% dos seus ex-alunos trabalhando na área de tecnologia. Para dar conta da demanda, e equipe da startup, que era composta por 135 pessoas no final do ano passado, triplicou de tamanho e deve chegar à marca de 480 pessoas até o Natal.

O número de alunos poderia ainda ser maior, não fosse a preocupação dos sócios em não prejudicar o aprendizado e a futura empregabilidade dos alunos. O processo seletivo para ingressar nas novas turmas da escola, abertas mensalmente, já soma mais de 190.000 inscritos; a taxa de aprovação está ao redor de 2%. "É excepcional ver que a Trybe se preocupa em crescer sem comprometer a qualidade de ensino, garantindo bons índices de empregabilidade e de conclusão dos cursos”, disse ao EXAME IN Arjun Shastri, analista da Untitled Investments.

Parte da atratividade do programa se deve ao modelo de sucesso compartilhado proposto pela Trybe: em um dos planos, os estudantes podem optar por pagar as mensalidades só depois que estiverem empregados na área de tecnologia com um salário acima de R$ 3.000. O curso de um ano, que forma pessoas de qualquer área em desenvolvedores de software web júnior, custa R$ 36.000.

A formação da Trybe foi construída ouvindo mais de 130 empresas parceiras do mercado de tecnologia, entre elas Localiza, Méliuz e ThoughtWorks. Fora a parte técnica, a escola também ajuda os alunos a desenvolver habilidades socioemocionais e os ajuda a se preparar para processos seletivos. Gratuitamente, a edtech também conecta os estudantes com as empresas que estão com vagas abertas na área.

A visão de longo prazo da empresa é ser a primeira escolha de qualquer pessoa latino-americana que queira se formar em profissões digitais. Então, a partir de 2022, a edtech irá abrir o leque e lançar outros cursos nas áreas de engenharia de dados, desenvolvimento mobile e cibersegurança. Segundo o fundador e presidente Matheus Goyas, as primeiras turmas dos novos cursos devem começar entre o segundo e o terceiro trimestre do ano que vem. Cursos para áreas relacionadas, como design e experiência do usuário, devem ficar para 2023.

Demanda para Trybe não vai ser um problema. Com o desemprego na casa dos 14% no Brasil, o mercado de tecnologia parece um oásis. Semana após semana startups e empresas tradicionais abrem centenas de vagas de emprego que jamais serão preenchidas nas áreas de desenvolvimento de software e gestão de produtos. Segundo a Associação Brasileira das Empresas de Tecnologia da Informação e Comunicação (Brasscom), o país terá uma demanda de 420.000 profissionais de tecnologia até 2024, mas só irá formar 46.000 pessoas por ano com esse perfil — o que deve deixar 190.000 vagas em aberto.

"A demanda é grande, mas não formamos no Brasil um número suficiente de profissionais e ainda perdemos muitos para empresas de outros países. No curto prazo, a perspectiva é desafiadora. Se a Trybe fizer um bom trabalho, conseguimos resolver parte do problema", diz Goyas.

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