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Startup Beep, de saúde domiciliar, recebe aporte de R$ 110 milhões

A rodada série B da healthtech carioca foi liderada pelo fundo norte-americano Valor Capital Group, que investe também nos unicórnios Loft e Gympass

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14 de abril de 2021 às 00:00

A startup brasileira Beep Saúde anuncia nesta quarta-feira, 14, a captação de uma rodada série B de 110 milhões de reais liderada pelo fundo norte-americano Valor Capital Group, investidor de empresas como Loft e Gympass no Brasil. Participaram da rodada também a Endeavor Catalyst, o fundador do Nubank David Velez e os investidores institucionais anteriores da startup, DNA Capital e Bradesco. Na transação, a Beep foi avaliada em 670 milhões de reais.

Fundada em 2016 pelo médico Vander Corteze e os engenheiros Iuri Menescal e Rodrigo Ferrer, a empresa oferece um serviço de vacinação em domicílio para 100 cidades nos estados do Rio de Janeiro, São Paulo, Paraná e Distrito Federal. Só em março, a healthtech realizou procedimentos em mais de 20.000 casas pelo país.

“A gente não inventou o atendimento domiciliar, isso sempre existiu como um serviço VIP no Brasil. O que a gente conseguiu fazer, inspirados na Amazon, foi usar tecnologia e eficiência logística para trazer um preço igual ou mais barato do que o da clínica tradicional”, diz Corteze, que preside a companhia.

Desde outubro do ano passado, a Beep também oferece a coleta de exames laboratoriais em casa para os clientes do Rio de Janeiro. A princípio, por causa da pandemia, foram disponibilizados somente testes de covid-19, mas agora o mix já abrange desde exames de sangue de rotina até o teste do pezinho para recém-nascidos. 

Com o aporte, a Beep leva a nova frente de exames clínicos para São Paulo e planeja a expansão para os outros estados atendidos nos próximos meses. A entrada em novos mercados, como Minas Gerais e Espírito Santo, também está marcada para este ano. 

“Estamos focados em acelerar a expansão da frente de vacinação e em ganhar uma posição de destaque no mercado de diagnósticos. Sabemos que é uma estratégia ousada, há grandes players no mercado, mas acreditamos que temos vantagens por sermos nativos digitais”, diz o fundador. 

"Amazon da saúde"

A Beep não é o primeiro negócio de Corteze na área da saúde. Em 2008, depois de se formar em medicina, o empreendedor fez um curso de gestão de negócios e fundou uma rede de clínicas de medicina do trabalho, a BR Med. O negócio, de modelo tradicional, segue ativo, empregando mais de 400 pessoas e faturando cerca de 80 milhões de reais por ano.

O empreendedor comandou a rede de clínicas até 2016, quando percebeu uma oportunidade no mercado: ainda não havia no país um aplicativo que resolvesse todas as questões de saúde da vida dos brasileiros, como o Netflix era para filmes e o Spotify para músicas. A partir dessa inquietação, nasceu a Beep.

O modelo de atendimento em domicílio da startup foi inspirado na gigante americana Amazon, que conquistou o mercado com sua proposta de entregar os livros em casa em vez de investir em livrarias. Na visão de Corteze, com tecnologia resolvendo os processos internos e facilitando a logística, seria possível replicar o modelo da varejista para a área da saúde, levando serviços de qualidade para a casa das pessoas a um custo baixo.

A vacinação em casa, primeira grande aposta da Beep, conquistou espaço entre as famílias com crianças pequenas. Segundo a startup, alguns pais trocam as vacinas oferecidas gratuitamente na rede pública pela comodidade de ter os filhos vacinados em domicílio. Outros buscam a empresa para poder comprar imunizantes que não estão na lista obrigatória do programa nacional de imunização.

A expectativa dos sócios é que, com o lançamento de novos serviços, a atuação da Beep se expanda para outros grupos de pessoas e o tempo de relacionamento com os clientes aumente. A ideia é que pais que usaram a Beep para vacinação de seus filhos na primeira infância, por exemplo, sigam usando a startup ao longo da vida.

O modelo de negócio da Beep foi impulsionado com a pandemia de coronavírus, que fez muitas famílias se fecharem em casa. No ano passado, a startup faturou 55 milhões de reais, mais que o dobro dos 20 milhões registrados no ano anterior. Para 2021, os sócios projetam uma taxa de crescimento similar, totalizando 140 milhões de reais de faturamento e 300.000 casas atendidas.

O desafio, segundo o presidente, é conseguir escalar a operação sem perder a qualidade do atendimento feito pelos enfermeiros. “Estamos com 500 funcionários e devemos chegar a quase 1.200 até o final do ano. Minha preocupação número um é como dar conta da demanda sem encurtar nosso tempo de treinamento das equipes de saúde.”

 

 

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