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Origin: startup fundada por brasileiro nos EUA capta R$ 290 milhões

Avaliada em mais de R$ 2 bilhões, a Origin oferece uma plataforma para que companhias ajudem seus funcionários a gerir a saúde financeira

João de Paula, diretor de tecnologia e cofundador da Origin: a rodada foi liderada pelos fundos 01 Advisors e General Catalyst e pelo investidor-anjo Lachy Groom (ex-Stripe) (Origin/Divulgação)
João de Paula, diretor de tecnologia e cofundador da Origin: a rodada foi liderada pelos fundos 01 Advisors e General Catalyst e pelo investidor-anjo Lachy Groom (ex-Stripe) (Origin/Divulgação)
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Carolina Ingizza

20 de setembro de 2021 às 08:10

O pacote de benefícios corporativos aumentou: com a corrida por atração e retenção de talentos, as grandes companhias estão indo além dos vale-alimentação e transporte para chamar a atenção de bons profissionais. Na esteira desse movimento, surgem empresas prontas para amparar o RH nessa nova fase. Uma delas é a startup americana Origin, fundada pelo brasileiro João de Paula e o americano Matthew Watson, especializada em ajudar funcionários de grandes companhias a gerir melhor sua vida financeira. O negócio, fundado em 2018, acaba de concluir a captação de uma rodada série B de R$ 290 milhões liderada pelos fundos 01 Advisors e General Catalyst e pelo investidor-anjo Lachy Groom (ex-diretor da Stripe).

A última captação da empresa havia sido em 2020, quando levantou R$ 63 milhões em uma rodada liderada pela Felicis Ventures para lançar o produto no mercado americano. Um ano depois, a Origin já atende mais de 100.000 funcionários de empresas como DocuSing, Udemy e Nextdoor nos Estados Unidos, Reino Unido, Irlanda, Canadá e Israel. Agora, com mais capital em caixa, a companhia tem como foco a expansão global e a criação de novos produtos. "Chegou a hora de chegarmos no próximo estágio como empresa, mas para dar esse salto precisamos de capital para investir em produto e atingir empresas maiores e em outros mercados", diz João de Paula ao EXAME IN.

O produto da startup é como um "Gympass da saúde financeira": com uma mensalidade de US$ 6 por funcionário, as companhias clientes garantem a seus empregados assistência nas decisões financeiras e no controle do orçamento doméstico. Em um modelo que mistura inteligência artificial com especialistas em investimentos parceiros, a Origin aprende sobre os hábitos e as metas de cada usuário para dar sugestões de como eles deveriam investir e economizar para atingir seus objetivos de longo prazo.

A empresa parte do princípio de que os problemas financeiros são uma fonte constante de estresse que acaba se refletindo na capacidade dos funcionários de focar no trabalho e tomar melhores decisões. O cenário, que já não era dos melhores antes da pandemia, piorou com a chegada dela. Pesquisa de 2021 da consultoria PwC sobre saúde financeira mostrou que 63% dos funcionários americanos está mais estressado financeiramente que antes da crise da covid-19. “As companhias estão entendendo que a saúde mental e a vida financeira estão umbilicalmente conectadas”, afirma de Paula.

Apesar de ser fundada por um brasileiro e ter cerca de 60% da equipe de 70 funcionários no Brasil, a Origin ainda não oferece seu produto no país. Por conta das diferenças entre os problemas financeiros dos Estados Unidos e do Brasil, a startup decidiu focar nos seus primeiros dois anos de operação em atender o mercado norte-americano. A partir de 2022, a empresa planeja começar a atender funcionários de empresas americanas que estejam no Brasil. Enquanto isso, startups como Quansa, Leve e Onze tentam ganhar espaço nesse nicho por aqui.

O desafio da companhia hoje, segundo o cofundador, é conseguir expandir a equipe sem que o produto caia de qualidade — das mais de 100 empresas clientes conquistadas desde o lançamento em 2020, nenhuma cancelou o serviço. Até o final do ano, a companhia deve contratar mais 100 pessoas para as áreas de produto e tecnologia, sendo 60 só no Brasil. A meta em doze meses é cruzar a marca de 1 milhão de usuários finais usando o serviço.

Do direito ao Vale do Silício

A Origin não é a primeira empreitada de João de Paula. O empreendedor, que é formado em direito pela universidade federal do Rio de Janeiro, percebeu que não queria seguir na carreira assim que deixou a universidade em 2011. No mesmo ano, com o amigo Roberto Riccio, criou a Glio, uma rede social em que os usuários poderiam dar críticas para restaurantes, bares e lojas — uma espécie de Yelp tupiniquim. Em 2013, ela foi a primeira empresa da América Latina selecionada para o programa de aceleração do Y Combinator, uma das maiores aceleradoras dos Estados Unidos. Em 2015, a operação migrou para um modelo de marketplace de cosméticos, sendo encerrada em 2018 pelos sócios.

Enquanto decidia qual era seu próximo projeto, de Paula foi procurado pelo amigo americano Watson, que conheceu em uma de suas viagens ao Vale do Silício. O colega, mesmo trabalhando no Citi Bank, enfrentava dificuldades nas suas finanças pessoais. Inspirado pela crise pessoal, teve a ideia de lançar um produto para ajudar as pessoas a gerir melhor suas finanças e convidou de Paula para a empreitada. Juntos, foram buscar um investimento inicial para criar o primeiro protótipo do produto. Com uma equipe de seis funcionários e US$ 3 milhões dos investidores, os sócios começaram a desenvolver a plataforma em 2019. Os primeiros clientes assinaram os contratos no final do ano e a operação foi lançada no começo de 2020.

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