Na Eneva, agora sim um Feliz Ano Novo
Ministério volta atrás em regras de leilão de reserva e abre espaço para renovação de Parnaíba 1 e 3; ação sobe quase 5%
Natalia Viri
Editora do EXAME IN
Publicado em 6 de janeiro de 2025 às 11:02.
Última atualização em 6 de janeiro de 2025 às 11:58.
Depois de um presente de Ano Novo amargo para a Eneva, o Ministério de Minas e Energia (MME) voltou atrás e alterou as regras para o leilão de capacidade para usinas térmicas.
A nova redação permite que as usinas de Parnaíba 1 e 3, que estão próximas do fim do contrato, participem do certame – e, na prática, corrige em partes um erro que prometia encarecer o custo da energia, ao valorizar a construção de plantas novas em detrimento daquelas já existentes no parque energético brasileiro.
Os papéis da Eneva abrem o pregão em alta e, por volta das 10h30, avançavam 4,2%, retomando o patamar de R$ 10,53 do fim do ano passado.
Recapitulando: Na quinta-feira, 2, o governo lançou uma portaria que permitia a contratação de térmicas existentes para os anos de 2025 a 2027. Para os três anos seguintes, a regra dizia que apenas as térmicas novas poderiam se habilitar.
Ninguém entendeu bem a regra, que deixava de fora ativos já construídos e com capacidade para atender a demanda.
As usinas de Parnaíba 1 e 3 têm PPAs para abastecimento até o fim de 2027 e pelas regras iniciais, o abastecimento para aquele ano começaria em junho, o que não permitia que os ativos participassem do certame.
A renovação dos contratos é um dos grandes calls para os comprados em Eneva – e o leilão de capacidade, crucial para atender a demanda nos horários de pico, é aguardado desde agosto.
Como as duas usinas têm abastecimento de gás na boca do poço e os ativos já estão praticamente amortizados, em tese, a companhia tem condições de ser competitiva no leilão, estendendo a vida útil de seus principais ativos.
Com a frustração das expectativas, no dia do anúncio da portaria, os papéis fecharam em queda de quase 10%, devolvendo parte da queda na sexta-feira, 3, com alta de 5,44%.
Na nova redação publicada hoje, o MME estendeu a participação das usinas existentes até 2030 – o que coloca de volta Parnaíba 1 e 3 no jogo. Outra mudança relevante foi a extensão dos contratos das térmicas existentes, de sete anos na redação inicial, para dez anos.
Além das usinas de Parnaíba 1 e 3, o leilão representa a oportunidade para a Eneva recontratar uma planta menor, a de Linhares (ES), além de adicionar nova capacidade com a planta de Celse II, no litoral do Sergipe.
Nas contas de Antonio Junqueira, do BTG Pactual, recontratar Parnaíba 1 e 3 aos mesmos valores do último leilão de reserva, feito em 2021, por 10 anos, adicionaria R$ 2,2 por ação a Eneva. É um upside de mais de 20% em relação aos R$ 10,07 de fechamento do último pregão.
Por outro lado, a nova portaria parece manter duas modalidades para o leilão: uma para energia existente e outra para energia nova – o que, na prática, pode encarecer o custo de energia para o sistema.
A construção de novas usinas tem riscos de execução e é, naturalmente, mais cara. Num cenário em que há capacidade existente suficiente para suprir a demanda, colocar ambas as modalidades para competir favoreceria as usinas já existentes – com custos já amortizados e sem risco no timing de entrada em operação.
Pela portaria, os contratos para as usinas novas também são mais extensos, de 15 anos. Ainda que os custos de construção já estejam em grande parte amortizados, as usinas existentes precisam garantir o suprimento de combustível, especialmente o de gás – e contratos mais longos permitiram, em alguns casos, condições mais atrativas para terminais de regaseificação do produto liquefeito (GNL).
O texto agora vai para consulta pública. Ainda há vários detalhes relevantes para definir a atratividade do leilão, incluindo a regulamentação da Aneel e o estabelecimento dos preços-teto.
Um programa de recompra de até 2,5% do capital em circulação, anunciado ontem pela companhia, ajuda também a dar suporte para os papéis no pregão de hoje.
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Natalia Viri
Editora do EXAME INJornalista com mais de 15 anos de experiência na cobertura de negócios e finanças. Passou pelas redações de Valor, Veja e Brazil Journal e foi cofundadora do Reset, um portal dedicado a ESG e à nova economia.