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Lucro da Oncoclínicas cai no trimestre, mas supera expectativas

Alongamento de prazos de pagamento dos planos de saúde pesa na última linha do balanço, mas reorganização societária se traduz em mais eficiência tributária

Oncoclínicas: alíquota prevista era de 34%, mas ficou menor, em 26% 

(Foto: Divulgação) (Oncoclínicas/Divulgação)
Oncoclínicas: alíquota prevista era de 34%, mas ficou menor, em 26% (Foto: Divulgação) (Oncoclínicas/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

27 de março de 2024 às 18:24

O ganho de escala e o plano de reorganização societária iniciado há dois anos surtiram efeito nos números da Oncoclínicas em 2023, quando a empresa de saúde especializada em diagnóstico e tratamento oncológico quase triplicou seu lucro líquido para R$ 312 milhões (ou R$ 359 milhões se excluído o efeito não caixa do plano de incentivo de longo prazo).

No quarto trimestre, o lucro líquido recuou 10% em comparação ao mesmo período de 2022, somando R$ 87 milhões, mas ainda superando as expectativas de mercado e representando o sexto trimestre consecutivo de resultado positivo.

A projeção de muitos bancos de investimento – e da própria direção da Oncoclínicas – era de que a alíquota efetiva da companhia ficaria em 34% ao fim de 2023 depois do processo de incorporação das subsidiárias à holding, ganhando eficiência tributária.

O avanço, porém, foi maior e a alíquota terminou o ano em 26,9%. “Com a alíquota normalizada, nós perdemos esse ofensor para a última linha do balanço”, diz o CFO Cristiano Camargo.

Há ainda outra razão para que o número seja melhor do que o consenso de mercado: a companhia conseguiu avançar o bastante na reorganização societária, que, até então, pesava sobre o lucro.

Do resultado, cerca de 54% ficava com sócios da Oncoclínicas em joint ventures ou empresas adquiridas. Incorporada grande parte das sociedades, incluindo a JV criada com a Unimed-Rio, a fatia de minoritários no lucro líquido caiu para algo em torno de 11%.

Uma das vantagens, por exemplo, está na capacidade de distribuição de dividendos. “Viemos falando em ganhar eficiência tributária e das participações para entregar mais valor aos acionistas. Esse foco deve se refletir na valorização das ações”, afirma Bruno Ferrari, CEO e fundador da empresa de saúde. Negociadas a R$ 10,15, em 2024 as ações acumulam perda de cerca de 20%.

No operacional, os números vieram mais em linha com as projeções. A receita líquida da companhia somou R$ 1,44 bilhão – um avanço de 19%.

Esse crescimento tem a ver com a aquisições incorporadas pela companhia ao longo do ano, explica Camargo, o que permitiu ganhar volume no serviço. “É um crescimento bastante forte e que vai destoar do setor de saúde em crescimento orgânico”, diz o CFO.

Prestadora de serviço para os planos de saúde, a Oncoclínicas ainda sentiu o efeito da pressão da sinistralidade médica nos balanços dos planos de saúde.

Segundo Ferrari, mesmo com melhorias, há um arrasto para a operação ao longo do tempo, que só deve ser completamente anulado a partir deste ano, após o repasse de reajustes tarifários dos planos de saúde.

A sinistralidade nos maiores patamares históricos pressionou o fluxo de caixa das administradoras de planos de saúde e alongou o prazo de pagamento, por exemplo. Isso exigiu um capital de giro mais intensivo da empresa, com os recebíveis passando de 101 para 106 dias.

Ainda assim, a Oncoclínicas conseguiu ganhar mais eficiência, o que veio justamente com a alavancagem operacional. O Ebitda no ano foi de R$ 1,07 bilhão, 63,4% mais do que em 2022. Na esteira do avanço da margem em 3,5 pontos percentuais, para 19,6%.

“Sobretudo porque reduzimos muito as despesas operacionais, que passaram a ser cerca de 16% da receita líquida. Modelo altamente escalável, nossa receita cresce muito mais enquanto a despesa acompanha apenas a inflação”, afirma o CFO.

Depois de ir fortemente às compras (foram mais de 40 aquisições em cinco anos) e expandir parcerias, o foco da empresa agora é em absorver os ganhos de sinergias das incorporações.

“Já temos um crescimento contratado”, reforçam os dois executivos. “Estarmos no segmento da oncologia nos permite crescer nos próximos anos sem necessariamente precisar fazer aquisições que sejam expressivas”, diz o CFO.

“As parcerias com as fontes pagadoras para trazer uma oncologia custo-efetivo para o mercado vão continuar sendo o drive de crescimento da companhia”, acrescenta o CEO.

Uma das metas da companhia em 2024 é reduzir a alavancagem financeira, que saltou de 2,7x ao fim de 2022 para 3,4x no quarto trimestre de 2023.

Esse indicador inclui na dívida líquida a provisão de pagar R$ 324 milhões de earn-out aos vendedores de ativos comprados recentemente. Sem eles, a relação dívida líquida/Ebitda vai para 3,1x.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado