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Oncoclínicas: Com otimização tributária e receita recorde, lucro mais que triplica

Ganhos de escala ajudam companhia a diluir despesas e impulsionam resultado operacional

Oncoclínicas: receita recorde e quinto trimestre seguido de lucro líquido (Oncoclínicas/Reprodução)
Oncoclínicas: receita recorde e quinto trimestre seguido de lucro líquido (Oncoclínicas/Reprodução)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

11 de dezembro de 2023 às 18:07

A Oncoclínicas registrou lucro de R$ 149 milhões no terceiro trimestre deste ano, com alta de 2,6 vezes em relação ao mesmo período do ano passado -- numa combinação de expansão operacional (com receita recorde) e de progresso na solução das ineficiências tributárias que ainda deixam parte do mercado afastado do papel.

Do terceiro trimestre em diante, a empresa passa a operar com alíquotas de imposto de renda mais adequadas para o negócio, garante o CFO, Cristiano Camargo. Essas ineficiências se davam porque ativos adquiridos não eram incorporados à holding, aumentando a carga tributária final da companhia.

“Basicamente estávamos devolvendo em forma de ineficiência tributária quase todo nosso resultado operacional”, argumenta. Ainda há alguns ativos para a “otimização tributária”, mas a maior parte do trabalho já foi feita, de acordo com Camargo – e as novas aquisições já vem dentro do novo desenho societário.

Com a incorporação de subsidiárias, a companhia vem conseguindo aproveitar prejuízos fiscais, o que rendeu uma “alíquota invertida” de Imposto de Renda no trimestre, com crédito de R$ 111,4 milhões. No terceiro trimestre, a empresa pagou uma alíquota próxima de 50% de Imposto de Renda e a expectativa é levá-la a 34% até o fim do ano.

Se o trabalho tributário avançou, o operacional também não ficou para trás. A receita bruta somou R$ 1,5 bilhão, um avanço de 23%. O desempenho é, majoritariamente, resultado do aumento no número de tratamentos prestados aos pacientes, que cresceu 14,4%.

Ao longo dos últimos 12 meses a companhia integrou várias das aquisições, que trazem sinergias. “Ganho de escala com fornecedores também foi um fator, mas a expansão da margem Ebitda [resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização] no período veio muito mais de redução de despesa operacional do que de expansão da margem bruta, embora ela tenha acontecido também.”

No período, a margem bruta chegou a 35,4% e as despesas operacionais recuaram 5,9%. A margem Ebitda alcançou 19,2%, 2,6 pontos percentuais acima da observada no mesmo trimestre do ano anterior.

Se ano passado a empresa vinha numa dinâmica de muita pressão no capital de giro, neste as coisas mudaram. No segundo trimestre, a empresa já tinha conseguido reduzir o prazo médio de recebíveis, mas foi além nos três meses seguintes, passando de 103 dias para 101.

“Na conta de prazo médio de pagamento a fornecedores alongamos de 73 para 80 dias. O resultado é que reduzimos nossos dias líquidos de capital de giro de 43 para 35”, diz Camargo. Com isso, a companhia encerrou o trimestre com fluxo de caixa de R$ 322 milhões.

A alavancagem, medida pela relação entre dívida líquida e EBITDA ficou em 3,1x, mas seria de 2,9x não fosse a joint-venture com a Unimed Recife.

Agora, Camargo diz que a companhia está focada em finalizar seus processos de integração das aquisições feitas nos últimos dois anos, mas não descarta aquisições futuras, financiadas via geração de caixa. “Nosso pipeline de expansão é crescente, até por sermos os maiores dedicados à área de oncologia, mas determos só 6,5% de market share.”

No ano, as ações da Oncoclínicas acumulam alta de 78% e são negociadas a R$ 10,29.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado