Logo Exame.com
Breaking NewsVarejo

Grupo Boticário investe R$ 1,8 bi em nova fábrica em Minas Gerais

Em entrevista exclusiva ao INSIGHT, o vice-presidente do conselho Artur Grynbaum detalha os planos para a unidade que vai aumentar a capacidade de produção em 50%

Grynbaum: nova fábrica deixa o grupo mais perto de grandes mercados consumidores (Marcelo Almeida/Exame)
Grynbaum: nova fábrica deixa o grupo mais perto de grandes mercados consumidores (Marcelo Almeida/Exame)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 8 de agosto de 2024 às 09:00.

De tempos em tempos, o Grupo Boticário faz cheques gordos de investimento, daqueles que vão além dos milhões anuais para marketing ou compra de algum maquinário. Mas os anúncios de 2024 superam o histórico.

No total, são R$ 3,4 bilhões de novos aportes. Se juntam aos R$ 800 milhões investidos em 2021 para ampliar e automatizar a fábrica em Camaçari, na Bahia. Somados, os investimentos anunciados no período de 2021 a 2024 chegam a R$ 4,1 bilhões. Mas também já tinha investido cerca de R$ 500 milhões nos centros distribuição espalhados pelo país.

SAIBA ANTES: Receba as notícias do INSIGHT no Whatsapp

Nesta quinta-feira, 8, a companhia está anunciando sua quarta fábrica. Será em Pouso Alegre, cidade do sul de Minas Gerais e vai atender a todas as marcas do portfólio, como O Boticário, Vult!, Quem dissse, Berenice? e Eudora. Na nova planta, o investimento será de R$ 1,8 bilhão.

A escolha, conta Artur Grynbaum ao INSIGHT, tem a ver com proximidade com seus maiores mercados no território nacional. "Ela vai dar conta dos planos futuros, mas principalmente nos deixar num ponto central e ainda mais perto dos consumidores", diz o vice-presidente do conselho do grupo, do qual foi CEO até 2021.

A projeção é de que, em 2028, quando passa a funcionar, amplie em 50% a capacidade de produção de todo o grupo. A projeção também é de que crie 800 empregos diretos.

Hoje a empresa tem uma fábrica em Camaçari, na Bahia, e outra em São José dos Pinhais, no Paraná. Também levou no pacote a fábrica da Truss, no inteiror de São Paulo, quando fez a aquisição da marca de produtos para tratamento capilar profissional, até então uma área na qual não atuava.

Além da nova fábrica, vai investir R$ 700 milhões em expansão da malha logística em todo o país e outros R$ 840 milhões vão para a unidade paranaense, com ampliação de até 40% da capacidade das linhas de produção e melhoria da estrutura admnistrativa.

O apetite do grupo paranaense não é à toa. Depois de um impacto inicial das vendas na pandemia (devido à maior exposição da principal marca, O Boticário, ao varejo físico), o grupo entrou em ritmo intenso de crescimento. Em dois anos, de 2021 a 2023, cresceu 70%, chegando a um total de vendas de R$ 30,8 bilhões sendo 30,5% de crescimento apenas no ano passado.

O objetivo principal da nova fábrica e das expansões nas plantas baiana e paranaense é atender ao mercado interno, responsável pela a parte mais relevante das vendas do grupo.

O mercado externo vem crescendo, mas ainda é pouco representativo no total do negócio, embora a marca O Boticário já seja uma das principais em Portugal, por exemplo. Com a Truss no portfólio, o grupo pode, nos próximos 24 meses, incluir de 15 a 20 novos parceiros internacionais. A marca de produtos capilares já é distribuída em mais de 50 países.

"Queremos fazer tudo com o pé no chão. Bem ou mal, já conhecemos muito bem o mercado brasileiro. Nossa agenda hoje tem oportunidades mais palpáveis internamente. Mas somos ambidestros."

Ainda assim, ele reconhece que o mercado é muito competitivo, o que faz com que tenha um olhar mais de longo prazo, com investimentos estruturais que sustendem a atividade. "Estamos há 47 anos aqui e queremos estar pelo menos mais 100 anos", defende Grynbaum, sublinhando a força do mercado de beleza brasileiro, o quarto maior do mundo.

O olhar num horizonte mais distante, no entanto, leva a companhia a fazer a aposta de investimento mesmo com "ventos não tão favoráveis", nas palavras do executivo. Esses ventos são especialmente o ambiente fiscal, em um momento em que as incertezas deixam nebulosa a perspectiva de corte de juros básicos para apenas um dígito, e a confiança do consumidor ainda é instável.

Os investimentos de agora, conta o executivo, vão ser financiados com uma combinação de fontes de recursos. Parte vem do caixa próprio da empresa, mas alternativas de mercado também vão ser estudadas para composição.

Bolso de M&A

O bolso para esses investimentos, no entanto, não é o mesmo que o de aquisições, uma alavanca de crescimento que a companhia passou a ativar com mais frequência desde 2008, quando comprou o e-commerce Beleza na Web. De lá para cá, vieram Vult, a masculina Dr. Jones e a Truss.

"O espírito empreendedor sempre existiu e continua vivo. O negócio é enxergar as oportunidades, mas elas têm que fazer sentido", diz Grynbaum. Em 2020, a companhia chegou a estudar a compra da Coty no Brasil, dona, à época, da Wella, e de marcas nacionais como Cenoura&Bronze e Risqué, mas as negociações nunca avançaram.

A empresa não descarta também os investimentos no desenvolvimento de novas marcas, como fez com Quem Disse, Berenice?, Eudora e a O.U.I.

"Estamos com as antenas ligadas nas duas pontas. Se acharmos que tem coisas interessantes a desenvolver dentro de casa, vamos fazê-las, porque temos uma das áreas de P&D [pesquisa e desenvolvimento] mais modernas do mundo", diz. Mas a ida às compras não está descartada.

Essa visão estratégica, argumenta Grynbaum, é relevante pelas características do setor. O consumidor do setor de beleza é multimarca.

"Numa necessaire o consumidor não tem produtos apenas de uma só marca. Nós montamos uma empresa capaz de servir em mais frentes, seja com mais marcas ou mais canais."

Para quem decide. Por quem decide.

Saiba antes. Receba o Insight no seu email

Li e concordo com os Termos de Uso e Política de Privacidade

Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

Continua após a publicidade
No GPA, pressão da dívida cai e foco é rentabilidade. Resta convencer o mercado

No GPA, pressão da dívida cai e foco é rentabilidade. Resta convencer o mercado

Em primeira incursão internacional, Oncoclínicas anuncia entrada na Arábia Saudita

Em primeira incursão internacional, Oncoclínicas anuncia entrada na Arábia Saudita