Fleury entra em SC com aquisição pequena — mas estratégica
Rede paga R$ 70 milhões por Grupo São Lucas; penetração de clientes particulares é diferencial do ativo, diz a CEO do Fleury, Jeane Tsutsui
Raquel Brandão
Repórter Exame IN
Publicado em 22 de abril de 2024 às 21:21.
Última atualização em 22 de abril de 2024 às 22:08.
O Fleury acaba de anunciar a compra do grupo de medicina diagnóstica São Lucas, de Itajaí, num movimento que inaugura a presença da empresa com unidades de atendimento em Santa Catarina.
O grupo tem cinco centros de atendimento em Itajaí e Balneário Camburiú e faturou R$ 47 milhões em 12 meses encerrados em março de 2024, algo em torno de 0,6% da receita do Fleury no período.
Uma das vantagens competitivas do ativo observada pelo Fleury foi a penetração de 32% de clientes particulares na receita. O restante é distribuído em diferentes fontes pagadores, com nenhuma operadora de plano de saúde superando 12% da receita total.
A aquisição saiu a R$ 69,8 milhões, com um múltiplo de implícito de 5,4 vezes o valor de empresa sobre o Ebitda. A título de comparação, o múltiplo EV/ Ebitda do Fleury nesse período foi de aproximadamente 6 vezes.
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“É uma aquisição dentro da nossa estratégia de crescimento em análise e diagnóstico e expansão geográfica, em locais com crescimento econômico adequado, e mantendo nossa disciplina financeira”, afirma Jeane Tsutsui, CEO do Fleury em entrevista ao INSIGHT.
O múltiplo é parecido ao pago no IRN (Instituto de Radiologia de Natal), do Rio Grande do Norte, em 2018 e ficou abaixo do múltiplo de 7,5 vezes negociado em 2021 na compra do Laboratório Marcelo Magalhães, de Pernambuco, em 2021.
O Fleury já atuava no interior de Santa Catarina desde o ano passado como responsável técnico de análises clínicas em um hospital em Joinville e, após a combinação de negócios com o Pardini em 2023, passou a administrar também um Núcleo Técnico Operacional em Itajaí, dedicado ao mercado B2B.
Além de entrar em uma nova praça com o atendimento ao paciente, a integração com a área técnica do Pardini deve impulsionar a redução de custos. “Com a aquisição também temos a possibilidade de usar esse núcleo técnico para expandir. Vemos a possibilidade de nos destacarmos nessa região”, diz a CEO. A maior parte da competição na região é de operadores locais.
Desde 2017, o Fleury fez 17 aquisições e a combinação de negócios com o Grupo Pardini. Nos últimos anos, contudo, tem sinalizado uma postura mais conservadora em M&As.
Na contramão de outras empresas do setor, o Fleury tem uma alavancagem controlada, de 1,2 vezes o EBITDA no fim do quarto trimestre, mas adotou uma abordagem mais cautelosa em meio ao custo de capital elevado. Com um posicionamento mais premium, a empresa tem sofrido menos com o alongamento de prazos e glosas dos planos de saúde.
“Temos uma alavancagem boa, mas vínhamos falando que embora seguíssemos olhando ativos, as aquisições precisavam ser num preço adequado”, reforça a CEO.
Na avaliação do Itaú BBA, os múltiplos da transação são atraentes. “Embora pequena para impactar significativamente uma empresa como o Fleury, essa é uma aquisição positiva do ponto de vista estratégico, pois mostra que a empresa pode se alavancar com o balanço sólido e o forte fluxo de geração de caixa”, escreveram os analistas do banco, que tem recomendação de compra para ação.
A aquisição anunciada hoje não depende de aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
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Raquel Brandão
Repórter Exame INJornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado