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Pernambucanas faz nova troca de CEO, agora com foco em reestruturação

Marcelo Labuto, ex-BB ficou dez meses no cargo e será substituído por Ricardo Doebeli, ex-McKinsey e Galeazzi

Pernambucanas: varejista precisa crescer mais em vendas e ganhar eficiência, voltando ao azul (Pernambucanas/Divulgação)
Pernambucanas: varejista precisa crescer mais em vendas e ganhar eficiência, voltando ao azul (Pernambucanas/Divulgação)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 1 de agosto de 2024 às 08:00.

Última atualização em 1 de agosto de 2024 às 08:38.

A Pernambucanas está mudando novamente de CEO, depois de apenas 10 meses. A varejista está contratando Ricardo Doebeli para o comando.

Ex-sócio da McKinsey e CEO da Lupatech, o executivo tem experiência em reestruturação e chega em um momento em que o setor de varejo passa por reacomodação, com a concorrência do e-commerce e suas grandes plataformas marketplace.

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Além da Lupatech, fabricante de peças para a indústria de petróleo e gás que ficou cerca de 8 anos em recuperação judicial, Debeoli trabalhou por 13 anos na Galeazzi & Associados, especializada em corte de custos e processos de turnaround em consumo e varejo. A lista inclui o Pão de Açúcar e a BRF, por exemplo.

Marcelo Labuto, que chegou em outubro passado com a missão de dar gás à Pefisa, braço financeiro da Pernambucanas, pediu para sair por “razões pessoais”.

Trazia na bagagem a experiência de ter sido CEO do Banco do Brasil, do BB Seguridade e, mais recentemente, liderar as operações de varejo do Santander.

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Para a direção financeira foi escolhido Mauricio Hasson, que foi CFO da Vero Internet (controlada pela Vinci Partners e a Warburg Pincus) e da 3Tentos, onde liderou o IPO.

Também foi diretor financeiro da Vigor, Oncoclínicas e Vicunha Textil, além de ter passagens pela Merrill Lynch, o Bear Stearns e o Rothschild & Co.

Os dois chegam com o desafio de fazer a Pernambucanas crescer mais em vendas e ganhar eficiência, voltando ao azul. Em 2023, a receita da empresa chegou a R$5,13 bilhões, um avanço de 8%. Mas a última linha do balanço passou de um lucro de R$142 milhões em 2022 para um prejuízo de R$275 milhões, pressionada principalmente pelo endividamento.

Além disso, os números da Pernambucanas foram afetados pelas vendas de imóveis. Embora tenham fortalecido a posição financeira, as alienações foram realizadas a valores abaixo do balanço. Em junho deste ano, a varejista vendeu mais 23 lojas a um Fundo de Investimento Imobiliário do Pátria por R$223 milhões.

A experiência de Doebeli em desenvolvimento de projetos de transformação e melhoria estratégica deve ser essencial para mudar os negócios da Pernambucanas em meio a um momento de ambiente competitivo mais complexo com o avanço das plataformas cross border na cesta de consumo da classe média.

Os números de 2024 ainda não são públicos, mas pessoas familiarizadas com o negócio afirmam que as vendas do varejo de vestuário já indicam melhora, com crescimento de 10% na comparação anual. Mais recentemente, a empresa abandonou o negócio de aparelhos celulares, deixando seu portfólio mais enxuto.

“Doebeli tem experiência em processos de ganho de eficiência operacional, o que é essencial para a maturação das 200 lojas abertas de 2018 para cá”, diz uma fonte.

Atualmente, a Pernambucanas tem 500 lojas abertas e planejava ampliar sua penetração no Norte e Nordeste, mas desistiu de intensificar a expansão física.

Já Hasson terá como foco a gestão financeira da companhia e seu relacionamento com instituições financeiras. Também terá de olhar para a evolução dos resultados na operação da Pefisa, cuja receita total avançou 28,5% em 2023, puxada especialmente pela estratégia de cartão bandeirado, mas que também pressionou a linha de custos da companhia consolidada. A carteira da fintech chegou a R$4,3 bilhões.

Nos últimos meses, a Pefisa abriu 8 lojas em centros de alto fluxo e tem funcionado cada vez mais como bank as a service. No total, são 16 lojas atualmente.

Melhora da governança

Um dos processos relevantes que Labuto acompanhou foi o acordo de acionistas. Na primeira metade de julho, os seis blocos familiares que controlam a companhia concordaram em todos terem o mesmo poder de voto, a fim de melhorar a governança da companhia e dar agilidade às decisões estratégicas.

“Os acionistas já não tinham uma interferência relevante no negócio, mas, sem dúvida nenhuma, brigas societárias chamam atenção e não ajudam”, diz uma pessoa próxima ao negócio.

Com o acordo, o entendimento é de que a questão fica pacificada e sem ruídos societários interferindo no dia a dia da companhia.

O acordo estabeleceu, também, a implementação de um conselho de administração para a Pernambucanas.

Antes disso, a varejista contava apenas com um conselho consultivo. Como chairman foi escolhido Martin Mitteldorf, sócio da MOV Investimentos, uma gestora de investimentos de impacto. Atuando como consultor, Mitteldorf acompanha a Pernambucanas desde 2013 e já integrava o conselho consultivo da varejista.

O movimento é importante para dar agilidade na tomada de decisões e abre caminho para “parcerias operacionais e mais estratégicas”, de acordo com fontes ouvidas pelo INSIGHT.

Uma das possibilidades estudadas há tempos por parte dos acionistas é atrair um investidor de private equity e mesmo uma eventual abertura de capital não é descartada.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado

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