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Citi rebaixa Renner e vê 2024 ‘desafiador’ para margens

Ação da varejista de moda lidera perdas no Ibovespa; banco vê cenário difícil para crédito e aponta que vendas devem crescer mais por volume que por preço

Renner: Reforma tributária também deve pesar sobre o papel, aponta Citi (Paulo Fridman/Getty Images)
Renner: Reforma tributária também deve pesar sobre o papel, aponta Citi (Paulo Fridman/Getty Images)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

22 de janeiro de 2024 às 13:45

Historicamente uma das ações mais queridas do varejo, a Renner teve um 2023 difícil, com queda de quase 20% nos papéis. E para o Citi, o cenário 'desafiador' deve continuar. O banco rebaixou a recomendação das ações de compra para neutra e vê pouco espaço para valorização, com preço-alvo de R$ 18,50 para o fim de 2024.  

As ações da varejista de moda estão entre as maiores baixas do Ibovespa desde a manhã de hoje, com perda de 3,29%, para R$ 16,17 por volta das 13h20.

Na avaliação do analista João Pedro Soares, do lado mais positivo, as vendas mesmas lojas devem acelerar no quarto trimestre e a inadimplência da Realize, divisão de serviços financeiros, deve apresentar uma melhora.

Mas a estratégia da companhia ainda depende muito de volume e pouco de preços, com rentabilidade pressionada. “Entendemos que a empresa não está ainda ‘investindo’ em pricing e sendo mais agressiva em descontos e promoções”, diz. Ele vê ainda outros dois fatores que podem pressionar o negócio.

O primeiro deles é que a Realize está mais conservadora na concessão crédito, o que limita a oferta desse serviço e favorece apenas os clientes de melhor renda e menor risco. Essa limitação de crédito pressiona o aumento do tíquete médio de vendas, dado que os usuários de ferramentas de crédito têm um consumo com tíquete médio 40% maior do que a média.  

A reforma tributária é outra preocupação, com o fim de incentivos tributários. Considerando os números de 2022, a estimativa do Citi é de que esses benefícios representam cerca de 9% do lucro da empresa antes de impostos. A companhia teria de pagar 9% de PIS/Cofins e perderia a dedutibilidade de 34% de imposto de renda.   

Ainda assim, o analista diz que a companhia não deve perder a dedução do IOF e ainda ser menos impactada, no geral, do que Soma e Arezzo. O banco estima uma alíquota efetiva para a Renner de 26,9% para este ano e de 27,5% em 2025. A estimativa dos analistas é de essa alíquota tenha ficado em 24,6% em 2023.   

Entre os fatores que podem puxar as projeções do banco para cima estão alívios de custos que podem vir principalmente da entrada em operação do centro de distribuição de Cabreúva (SP), totalmente automatizado.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado