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"China vai continuar exportando deflação", diz Rogério Xavier, da SPX

Gestor vê incentivo à oferta como plano para país ganhar mercados no exterior, principalmente o de bens de consumo

Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX: "Eles falaram o seguinte: o mundo vai precisar consumir tudo o que a gente produz e vamos vender tudo com preço mais baixo e com melhor qualidade (SPX/Divulgação)
Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX: "Eles falaram o seguinte: o mundo vai precisar consumir tudo o que a gente produz e vamos vender tudo com preço mais baixo e com melhor qualidade (SPX/Divulgação)

Publicado em 20 de agosto de 2024 às 19:52.

Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 20:58.

Se a desaceleração da China tem impedido o país de atuar como motor do crescimento global, papel que desempenhou na última década, o gigante asiático deve, ao menos, contribuir para o controle de preços. Essa é a expectativa de Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX, que acredita que o país continuará exportando deflação por meio de produtos mais baratos.

"Estive na China em abril e conversei com vários conselheiros do presidente Xi Jinping. Há, claramente, uma ideia de que é preciso continuar incentivando a oferta em detrimento da demanda", afirmou Xavier no Macro Day, evento organizado pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME). "Eles disseram o seguinte: 'o mundo vai precisar consumir tudo o que a gente produz, e vamos vender tudo a preços mais baixos e com melhor qualidade'."

O plano da China, segundo Xavier, é "dominar" o mercado internacional, especialmente o de bens.

Um dos conselheiros, conforme relatado por Xavier, ainda alertou que eventuais aumentos de tarifas sobre produtos chineses seriam respondidos com tarifas sobre as importações da China. "A Europa tem superávit comercial contra nós. Então, quem vai perder são eles. Eles não vão impor tarifas.' Ideologicamente, a China não pretende estimular o consumo."

Xavier, por outro lado, não acredita que a China alcançará a meta de crescimento de 5% projetada para este ano. O problema, segundo ele, é a falta de uma solução para a crise imobiliária. "Eles vacilaram nesse aspecto, não adotaram nenhuma medida estrutural que realmente contivesse o sentimento negativo entre os compradores chineses."

No entanto, o gestor também não vê espaço para uma "crise" na China. "Uma das coisas que me disseram, e pode ser que não seja verdade, é que eles vão salvar os seis principais bancos, não importa o que aconteça. Existem seis grandes bancos lá que absorverão todo o prejuízo do sistema, como se fosse um grande Proer, e não permitirão uma crise bancária à la Lehman Brothers."

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Guilherme Guilherme

Formado pela Universidade Metodista de São Paulo. Cobre mercado financeiro na Exame desde 2019. Também trabalhou na revista Investidor Institucional e participou do 9º Focas de Jornalismo Econômico do Estadão.

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