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Empreendedores

Give back: Bossanova cria grupo para empreendedores investirem em startups

Iniciativa reúne fundadores de empresas que foram adquiridas recentemente. O objetivo é aportar R$ 5 milhões em até 15 novos negócios

João Kepler, presidente da Bossanova: “Acreditamos que é uma maneira de reinvestir o ganho da saída e devolver o dinheiro para o ecossistema e para a sociedade”
 (Bossanova/Divulgação)
João Kepler, presidente da Bossanova: “Acreditamos que é uma maneira de reinvestir o ganho da saída e devolver o dinheiro para o ecossistema e para a sociedade” (Bossanova/Divulgação)

Publicado em 22 de junho de 2021 às 16:57.

Última atualização em 23 de junho de 2021 às 11:27.

Trazer capital de empreendedores para empreendedores. Esse é o objetivo de João Kepler, presidente da Bossanova Investimentos, com o novo comitê que a empresa de venture capital acaba de estruturar. O grupo, que reúne fundadores de startups que foram adquiridas por outras companhias recentemente, vai aportar em conjunto R$ 5 milhões, divididos em cheques de cerca de R$ 200.000, em até 15 negócios iniciantes brasileiros. 

Nessa primeira iniciativa de trazer os empreendedores para dentro do mundo de investimento, Kepler reuniu presidentes e diretores de startups investidas pela Bossanova, como SmartHint (comprada pelo Magazine Luiza); Smarket (adquirida pela Neogrid); Pedala (vendida para Ame); Agenda Edu (comprada pela Eleva Educação); dLieve (adquirida pela Vtex); e Totalvoice (vendida para Zenvia).

“Esses fundadores sabem as dores de lançar uma startup, então terão como missão acompanhar de perto a jornada de captação e dar orientações mais precisas aos novos empreendedores”, diz o investidor ao EXAME IN. 

A prática, comum em mercados como o europeu e o americano, é conhecida como "give back". Nada mais é do que a maneira que fundadores de negócios de sucesso encontraram para retribuir à sociedade um pouco de seus ganhos. Mais do que capital, a ideia é que esses empresários ajudem empreendedores iniciantes a enfrentar os desafios de construir uma startup do zero e façam pontes com potenciais fornecedores e investidores.

“Para o investidor, a vantagem de fazer isso em um comitê é a possibilidade de dividir o risco do investimento e aumentar as chances de ganho, já que com o mesmo capital é possível fazer aportes em várias startups”, diz Kepler. 

A estruturação do grupo de investimentos de ex-fundadores acontece em um momento em que há mais liquidez no universo de startups brasileiras. Com a pandemia de coronavírus, o número de aquisições de startups disparou: segundo dados do Distrito, que monitora o mercado, em 2020 foram 174 fusões e aquisições no Brasil, uma alta de 160% na comparação com 2019. Essas transações criam um círculo de investimentos. Anjos, fundos e empreendedores saem dos negócios capitalizados e prontos para investir em novas startups.

As empresas também estão conseguindo atrair mais capital, o que estimula os investidores especializados em fases mais iniciais, como a Bossanova, a seguir investindo, já que a tendência é que haja mais possibilidades de saída em uma rodada futura. De janeiro até o dia 8 de junho, as startups brasileiras receberam mais investimento que em 2020 inteiro. Já são mais de US$ 3,9 bilhões captados em aportes em 2021, ante US$ 3,5 bilhões no ano passado.

Na Bossanova, o plano é investir em pelo menos mais 150 startups em 2021, alcançando a marca de 1.000 investidas até o final do ano que vem. A meta parte da visão da empresa de que uma carteira maior e mais diversificada traz os melhores retornos. Como brinca Kepler, com 1.000 empresas é mais fácil descobrir o próximo unicórnio brasileiro. Por isso, a estratégia é investir em negócios iniciantes, em fase de captação pré-seed, e com cheques entre R$ 100.000 e R$ 500.000.

“Percebemos que precisaríamos criar veículos de menor porte para conseguir chegar ao volume de aportes que desejávamos. Então, criamos os grupos de investimentos especializados em algumas categorias de mercado, como fintech e agro, e trouxemos especialistas para gerir cada vertical. Hoje, são 25 grupos funcionando e cada um tem, em média, 25% ao ano de performance”, diz Kepler.

Fundada em 2015 da junção da carteira de investimentos-anjo de João Kepler e Pierre Schurmann, a Bossanova já fez mais de 500 investimentos e soma 30 exits no seu portfólio. Além da dupla de investidores, a empresa tem como sócios hoje o Grupo BMG; o empresário Thiago Oliveira; o Grupo Primo, liderado por Thiago Nigro; e Janguiê Diniz, fundador do Grupo Ser Educacional.

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