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Assaí surpreende com alta de 15% nas vendas no 4º tri — e amplia vantagem sobre Carrefour

Companhia ganhou participação de mercado e ganho operacional acelerou ritmo de desalavancagem

Assaí: vendas em mesmas lojas avançaram 3% no 4º trimestre, mesmo com aumento de 10% um ano antes e recuos ao longo de 2023 (Paulo Whitaker/Reuters)
Assaí: vendas em mesmas lojas avançaram 3% no 4º trimestre, mesmo com aumento de 10% um ano antes e recuos ao longo de 2023 (Paulo Whitaker/Reuters)
Raquel Brandão

Raquel Brandão

21 de fevereiro de 2024 às 19:35

Depois de trimestres de impacto negativo pelo ambiente de deflação de alimentos e bolso apertado do consumidor, os números do quarto trimestre trouxeram surpresas positivas para o Assaí. No período, as vendas em mesmas lojas cresceram 2,9%, um número relevante considerando uma base de comparação forte — um ano antes, as vendas em mesmas lojas tinham crescido 10%. Ainda refletindo o peso da expansão física no resultado financeiro do grupo, o lucro líquido ficou 27% menor, a R$ 297 milhões.

Pela primeira vez desde o início do cenário deflacionário para alimentos, as vendas cresceram em volume, avançando 1,2%. Com isso, a receita liquida do Assaí cresceu 15% no quarto trimestre, chegando a R$ 18,4 bilhões e fez a empresa acelerar o ganho de participação de mercado, num momento em que o principal concorrente, o Carrefour Brasil tem dificuldades para azeitar a operação após a compra do BIG. O Atacadão, bandeira de atacarejo dos franceses, reportou queda de 1,8% em mesmas lojas e aumento de apenas 2,4% em receita.

O desempenho acima do esperado no último trimestre animou a administração da companhia para 2024. De acordo com a CFO Daniela Sabbag, os preços dos alimentos se estabilizaram, fator que ajuda nas vendas tanto para os clientes comerciais quanto para o consumidor final. “A perspectiva para a frente com o juro em queda é de ter uma alavancagem operacional melhor em função do poder de compra dos clientes”, diz ela, acreditando que as lojas novas vão continuar maturando.

O trimestre marcou, também, o fim das conversões das lojas de hipermercados Extra compradas do GPA — o último pagamento foi feito em janeiro deste ano, trazendo alívio adicional. Considerando as 47 lojas convertidas em 2022 e que possuem, em média, mais de 12 meses de operação, a venda média mensal por loja chegou a R$ 28 milhões, com uma margem EBITDA de 5,6%. Além disso, as lojas alcançaram um múltiplo de 3x o que vendiam como hipermercado, atingindo a projeção do Assaí à época da aquisição.

“Fizemos um forte controle de despesas e conseguimos acelerar a maturação das lojas”, diz Sabbag. Foi assim que o Assaí chegou à melhor rentabilidade do ano, com a margem Ebitda chegando a 6,1%. Um dos esforços foi na gestão de estoques e melhora do capital de giro. “Tivemos uma normalização dos níveis de estoques, porque tínhamos uma um estoque maior nas novas lojas do Extra. Isso teve efeito positivo no capital de giro como um todo, a necessidade capital de giro diminuiu”, diz. O indicador ficou menor em 6 dias.

A melhora operacional também ajudou a colocar em ritmo mais pronunciado a queda da alavancagem. Hoje, a relação dívida líquida/ Ebitda está em 3,8x, abaixo da estimativa do mercado que esperava um número acima de 4x. Para a executiva, até o fim de 2025 essa relação deve chegar ao patamar mais confortável, em torno de 2x. “Já não terá mais pagamentos do Extra e o capex vai ser menos que os R$ 2,5 bilhões. No investor day falamos entre R$ 1,5 bilhão e R$ 2 bilhões”. Em 2023, o Assaí abriu 27 novas lojas, chegando a 288 unidades em operação. Para 2024, a empresa está projetando 15 novas lojas.

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Raquel Brandão

Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Jornalista há mais de uma década, foi do Estadão, passando pela coluna do comentarista Celso Ming. Também foi repórter de empresas e bens de consumo no Valor Econômico. Na Exame desde 2022, cobre companhias abertas e bastidores do mercado