Threads alcança 30 milhões de usuários em 24 horas — mas investidores ainda querem ‘ver para crer’
Ações da Meta operaram em estabilidade nesta quinta-feira, mesmo depois da divulgação do número de adesões à nova plataforma de Mark Zuckerberg
Karina Souza
Repórter Exame IN
Publicado em 6 de julho de 2023 às 19:10.
Última atualização em 6 de julho de 2023 às 19:15.
O Threads, novo aplicativo da Meta que veio para rivalizar com o Twitter, alcançou 30 milhões de usuários em 24 horas. O lançamento já veio com olhares atentos de todos os lados, com memes nas redes sociais, provocações entre Zuckerberg e Musk e, é claro, notícias a respeito do futuro da plataforma. Na contramão de todo o burburinho desta quinta-feira, está a reação dos investidores sobre o novo fato: as ações da Meta operaram em estabilidade, com os papéis cotados a R$ 294,32 na Nasdaq. Se considerado o índice Nasdaq100, que operou em queda de 0,7%, as ações fecharam em uma leve alta, mas ainda bastante sutil.
Investidores ainda esperam um posicionamento mais sólido a respeito do desempenho da nova rede social. O veredito de um gestor que acompanha o papel, ouvido pelo EXAME IN, é de que em um mês será possível ter as primeiras impressões sobre o Threads e, em um trimestre, com todas as métricas consolidadas no balanço, ficará mais fácil chegar a uma conclusão mais precisa.
Não é sem razão. Especialmente da pandemia para cá, fica fácil lembrar de redes que fizeram um 'voo de galinha'. Talvez o exemplo mais emblemático seja o do Clubhouse, plataforma criada para salas de conversas em áudio. Como o Financial Times mostra, no início de 2021, o app explodiu em razão de seu rápido crescimento, sendo avaliado em US$ 4 bilhões. Em junho daquele ano, o app somava 9 milhões de downloads, segundo dados do App Annie, número que caiu para 920 mil em novembro do mesmo ano.
De olho em dados mais recentes, o The Verge apontou que o aplicativo foi baixado 4,2 milhões de vezes entre janeiro e julho de 2022, ante 29,4 milhões no mesmo período do ano anterior. E teve, curiosamente, boa parte de seu espaço tomado pela funcionalidade Spaces, do Twitter, nesse meio tempo.
Muito aconteceu desde então, é verdade. Elon Musk comprou a rede social do passarinho no ano passado e veio em uma agenda de mudanças estruturais por ali desde então: fechou o capital da empresa, demitiu milhares de funcionários e impôs pagamentos para diferentes recursos. Ações que foram questionadas repetidamente por usuários da plataforma.
Diante da concorrência acirrada pela nova plataforma lançada pela Meta, o Twitter já se movimentou para processar a empresa de Zuckerberg, como aponta o site especializado em tecnologia Semafor. De acordo com as informações divulgadas pelo veículo, uma carta de Alex Spiro, advogado do Twitter, teria sido enviada ao CEO da Meta.
“O Twitter pretende fazer cumprir rigorosamente seus direitos de propriedade intelectual e exige que a Meta tome medidas imediatas para parar de usar quaisquer informações comerciais do Twitter ou outras informações confidenciais”, afirmou o advogado no documento, obtido pelo site.
A reação vem em resposta à concorrência diferenciada que o Threads conseguiu trazer. Outras plataformas, como Mastodon e Bluesky, já haviam tentado anteriormente tomar o espaço do Twitter, mas nenhuma, até o momento, tinha uma semelhança tão grande em termos de usabilidade como a novidade lançada nesta semana.
Entender o comportamento de usuários tão apegados a uma rede social que se consolidou como 'outsider' ao longo dos últimos anos ainda é um desafio. Por enquanto, uma coisa é certa: a disputa entre os bilionários no Vale do Silício está só começando.
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Karina Souza
Repórter Exame INFormada pela Universidade Anhembi Morumbi e pós-graduada pela Saint Paul, é repórter do Exame IN desde abril de 2022 e está na Exame desde 2020. Antes disso, passou por grandes agências de comunicação.